ALDEIAS INDÍGENAS- Na rota do Antropólogo Lévi-Strauss.

Em sua obra ¨tristes trópicos ¨, Lévi não consegue disfarçar o entusiasmo com as belezas naturais
brasileiras, ao desembarcar pela primeira vez no Brasil, em 1935.

Advogado de formação, lecionou Filosofia durante dois anos em Paris, viveu cinco anos em São
Paulo onde lecionou Sociologia na recém criada USP. Nas férias universitárias, Lévi e sua mulher
também professora da USP, faziam juntos suas viagens de campo. ¨A vocação de Antropólogo
começava a nascer e se consolidava a cada viagem ¨.

Entre 1935 e 1939, eles percorreram grandes distâncias, relatou encontros indígenas no Pantanal,
serra da Bodoquena, interior do Paraná e algumas partes do planalto Central em Góias e mato
Grosso do Sul.

Em sua primeira expedição, visitou os índios Kadiwéus entre Mato Grosso do Sul e o Paraguai.
Conhecidos como ¨índios cavaleiros¨ por sua destreza na montaria, o povo kadiwéu retrata com
zêlo a sua Mitologia na pintura corporal e em seus rituais. A reserva indígena ocupa 538 hectares
no município de Porto Martinho-MS, com um total de 1.650 atualmente, todos acostumados ao
estilo de vida do homem branco, apesar de se comunicarem por meio do seu idioma Guaicuru.

No passado, suas índias só tinham filhos de 6 em 6 anos, por causa da tradição guerreira desses
povos, que não permitia carregar mais de um filho na mão em cima do cavalo. Deixar para ter
um curumim, apenas quando o primeiro já possuía capacidade de montar sozinho sempre foi uma
determinante.

A genética dos índios que compõem as aldeias hoje é fruto de sequestros de mulheres e adoção
de crianças de etnias como Guanás, Guaranis, Guayaqui e mulheres e crianças Paraguaias e
brasileiras.
A visita às aldeias Kadiwéus rendeu ao professor francês, reconhecimento e logo ele conseguiu
patrocínio para a sua segunda expedição.


Na segunda viagem, o antropólogo se impressionou com a hospitalidade dos índios Nanbiguaras,
cuja aldeia era próximo a Campo dos Parecis no Mato Grosso, entre as paisagens do Cerrado e
a Amazônia. Eles viviam de caça e coleta, praticamente isolados até 1965, quando viram suas
terras invadidas por garimpeiros e pelo movimento de extração de madeira ilegal.

Hoje, esse povo está reduzido, com apenas 1400 habitantes em pequenas aldeias, nas altas cabeceiras
dos rios Juruena, Guaporé e Madeira, em contraste com os 10 mil indivíduos estimados por Lévi-
Strauss em sua visita, quando ocupavam uma vasta área e o ritmo de vida dos indígenas era
seminômade.

Embarcado em sua última e mais longa e distante investida, Lévi viajou no sinuoso Rio Machado
que hoje corta a cidade de Ji-Paraná, na porção central de Rondônia. A pé, alcançou aldeias no
coração de um trecho denso da floresta Amazônica , habitada pelo povo uruewaw-waw, os membros
dessa etnia até hoje falam pouco português, mas são fluentes kawahib, idioma da família Tupi-
Guarani. Em suas festividades, o cacique e seus homens tocam flauta no meio da roda, enquanto
marcam o ritmo da dança com os pés, os guerreiros pintados simulam o movimento de suas flechas
enquanto os mais jovens tocam percussão.  As mulheres, acompanham separadas, dançando
agarradas entre si pelos braços.

A população da reserva Uruewaw-waw está distribuída em seis aldeias de uma área enorme de
1.867.117 hectares, índios isolados, como os Parakuara e os Jururéis, se encontram próximo ao
rio Cautário.

Após o contato, no início dos anos 80, um preocupante decréscimo populacional foi registrado,
70% dos índios morreram, eliminados em conflitos de terra ou de doenças infectorespiratórias
que assolavam as aldeias. Após nova demarcação de terra, com fiscalização e vigilância da
reserva, em 1993, houve uma pequena retomada e a população passou de 114 índios para
168 índios em 2002. As condições socioeconômicas da aldeia melhoraram com a produção
agrícola nos últimos anos.

Estima-se que havia 5 milhões de indígenas e mais de mil povos na época do descobrimento.
Hoje são 227 povos e a população total não chega a 400 mil. Epidemias e a violência usada
pelos colonizadores foi o maior motivo da redução, mas as doenças do homem branco seguem
afetando as comunidades no Amazonas.

Claude Lévi-Strauss morreu em 2009, antes de completar 101 anos, quatro anos antes, deixou
essa mensagem em um dos seus livros: ¨ MEU ÚNICO DESEJO É QUE HAJA UM POUCO
MAIS DE RESPEITO DO HOMEM PARA COM O MUNDO, QUE COMEÇOU SEM O
O SER HUMANO E VAI TERMINAR SEM ELE- ISSO É ALGO QUE DEVEMOS TER
SEMPRE EM MENTE ¨.  



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