ILHA DE MARAJÓ- A maior do planeta.

No admirável mundo das águas, a ilha de Marajó quase sempre inundada com a chuva, os rios e o
mar, a maior ilha pluviomarítima do mundo fica localizada entre o Amapá e o Pará, ainda recebe de
um lado as águas que desembocam do amazonas e no sentido inverso as águas do oceano Atlântico.
                                                               
A inundação da ilha começa em Dezembro quando a chuva de todo dia se transforma em tempestade
que desaba sobre 40 mil habitantes da cidade de Afuá até meados de Maio. Nesse período, o rio
Amazonas triplica o seu volume e enche rios, furos e igarapés a ele conectados. Em Março, a chuva
e o transbordamento dos rios já inundaram tudo em Afuá construído em terra firme, o que inclui
pista de pouso, campo de futebol e o cemitério, que ficam debaixo da água.

Isso explica por que Afuá é uma cidade erguida sobre palafitas (casas suspensas) em que as ruas
são suspensas 1 metro acima do iguapó e pessoas, bicicletas e bicicletáxis circulam em passarelas
altinhas de madeira. Afuá é a prova de que viver na ilha de Marajó, mais do que renitência, é
preciso ter uma farta dose de criatividade dos seus habitantes, quem mora na costa sabe bem o
vaivém das marés que ora enchem de água doce e ora de água salgada, as praias e a boca dos rios,
dependendo do horário.

No período que lá se chama inverno (por causa do período chuvoso e não da temperatura) que
vai de Dezembro a Maio, desaba 85% de toda chuva do ano, os igarapés do oeste transbordam e
os campos do leste ficam alagados. Os únicos animais capazes de enfrentar o terreno dessa época
é o búfalo e o cavalo marajoara adaptados a ambientes hostis. Nem os pequenos aviões se
arriscam a aterrizar devido ao risco das pistas de pouso estarem submersas.

No que se conhece por ¨verão ¨ (período de estiagem) entre junho e novembro, a lama pisoteada
pelos búfalos durante a cheia resseca a a marca de suas pegadas marcam o solo. Nesse terreno
irregular, também só os búfalos e cavalos nativos se movem com destreza. Os rios secam justo
na cabeceira, revelando que estes são o resultado da combinação única do planeta, obra de um
relevo plano no mesmo nível do estuário do rio mais caudaloso do mundo, cabe ainda destacar
que a ilha de Marajó é a maior de um conjunto imenso de ilhas que se aglomeram na foz do
amazonas, nascidas do sedimento lançado pelo gigante com a ajuda dos rios pará e tocantins.
Calcula-se que sejam mais de 2.500 ilhas menores. Nas proximidades de Afuá, acontece a
pororoca, o brutal embate das marés doce e salgada (encontro das águas) assume a sua versão
mais violenta.

A maior ilha do Brasil, é na verdade um arquipélago que se faz e se desfaz segundo a vontade
da chuva, do oceano e do Amazonas. Tudo isso torna Marajó, particularmente sensível às
mudanças climáticas, em Abril, as cidades de Cachoeira de Arari e Santa Cruz de Arari, viveram
o pior inverno dos últimos anos, as chuvas invadiram casas em palafitas, alagaram as ruas de
madeira suspensas e deixaram 600 famílias desabrigadas. Este ano, as chuvas só foram parar
em Julho. Há dois anos seguidos, o verão castigou a ilha com uma seca que matou milhares de
cabeças de gado (búfalos) e comprometeu as colheitas, parece que o clima da região deu um nò.

Viver em Marajó, está ficando cada vez mais difícil, um lugar carente de tudo: transporte, educa-
ção, saneamento, sistema de saúde, tem o pior índice de analfabetismo do Brasil, metade da
população local vive sem energia elétrica e 40% abaixo da linha de pobreza. Em certos municípios
como Muaná, a taxa de mortalidade infantil é alarmante, Anajás é o campeão nacional em casos
de Malária.

Marajó vem sendo habitada há 7 mil anos, os arqueólogos suspeitam que antes da chegada dos
europeus, a ilha tenha abrigado culturas diferentes, das quais a mais avançada foi a civilização
Marajoara que faziam adornos de barro pinturas em cerâmicas, culturas que floresceu no século 5
a 14, na mesma época que a Europa mergulhava na idade Média, ou seja, quando os portugueses
apareceram por aqui, restavam apenas vestígios dessa cultura.

Com muito engenho e paciência, os marajoaras de hoje, aprenderam a sobreviver sob a ditadura
das chuvas e do rio Amazonas, é preciso compreender os humores dessa terra e continuar
vivendo sob as águas no ¨inverno¨ quente e nas secas do ¨verão¨ameno das estiagens.


                                                  www.ecocitycyro.com.br site do mesmo autor do blog.     


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