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DESCOBERTA BIODIVERSIDADE SEM PRECEDENTES NA FOZ DO RIO AMAZONAS.


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Imagine um gigantesco recife na foz do rio Amazonas no Estado do Amapá, de extensão maior do que a área metropolitana de São Paulo. Ele abriga uma diversidade sem precedentes de vida marinha para esse tipo de ecossistema: são 61 tipos de esponjas, entre elas quatro novas espécies, 73 tipos de peixes, lagostas e outros animais marinhos.
Se você não conseguiu imaginar, é porque prestou atenção nas aulas de biologia. A literatura científica julgava impossível a presença de um recife em bacias tão grandes como a do Amazonas.
Tudo mudou com uma descoberta feita no dia 25 de abril por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro e da Universidade Estadual do Norte Fluminense, coordenados pelo oceanólogo Fabiano Thompson e pelo oceanógrafo Carlos Eduardo Rezende.
Publicada na revista "Science Advance", a pesquisa revelou um recife de 9.500 km² composto por esponjas e algas, exatamente como o que foi descrito no início do texto. É a primeira vez que um sistema assim, acoplado a uma floresta tropical, é descoberto no mundo.

Recifes eram formações exclusivas de águas cristalinas

Até antes da descoberta, recifes eram considerados formações exclusivas de águas cristalinas. Biólogos marinhos acreditavam que, para que um recife se formasse, era necessária a entrada de muita luz. Só assim a fotossíntese, base energética de toda a vida marinha, poderia acontecer e dar origem a essas estruturas.
As águas do Amazonas que desembocam no Oceano Atlântico são caudalosas, escuras, cheias de sedimentos do rio. A penetração de luz acaba bloqueada por esses sedimentos, e a fotossíntese ali não é uma opção.
FOTO: AAH-YEAH/FLICKR/CREATIVE COMMONS
 AGORA, A BIOLOGIA SABE QUE RECIFES TAMBÉM SE FORMAM EM ÁGUAS COM SEDIMENTOS
O que aconteceu foi que o recife descoberto na foz do Amazonas se formou usando um outro processo energético, chamado quimiossíntese. Ele produz matéria orgânica a partir de minerais presentes na água, e não a partir da luz.
“As bactérias usam os minerais que estão na água como fonte de energia, produzem biomassa e açúcares e esse produto é consumido pelas esponjas”, explica Thompson, um dos coordenadores da pesquisa, em entrevista ao Nexo. É por isso que, mesmo sem luz e em águas turvas, um recife tão grande se desenvolveu.

Biodiversidade desconhecida é ameaçada por exploração de petróleo e gás

Um recife é uma formação importantíssima para a preservação e a criação de biodiversidade. É a “casa” para toda a vida de peixes, lagostas, invertebrados e algas. A descoberta mostra que a diversidade e a importância de espécies do ecossistema amazônico é maior do que se imaginava, e ressalta a importância de preservá-lo.
“A Amazônia compõe um terço do território brasileiro e mesmo assim pouquíssimo dessa biodiversidade é conhecida. O grande problema de não conhecermos a biodiversidade do ambiente marinho é perder essa biodiversidade e sequer saber exatamente o que perdemos”.
A região da foz do Amazonas é disputada por empresas exploradoras de petróleo e gás natural. O estudo aponta que foram oferecidos 125 blocos petrolíferos para perfuração ao longo da plataforma amazônica, 20 dos quais muito próximos ao recife de coral. Para executar esse tipo de processo, as empresas fazem perfurações e constroem dutos, o que acaba destruindo sistemas como o desse recife - e até então, a ciência sequer sabia que existia algo ali ameaçado.
De acordo com Carlos, explorar petróleo e gás naquela área é colocar em risco um sistema praticamente desconhecido. “A biodiversidade se perde e o equilíbrio do sistema é afetado”, diz.
ESTAVA ERRADO: A versão inicial deste texto afirmava que o recife encontrado na foz do Amazonas tinha 4 milhões de km². Na verdade, tem 9.500 km². A informação foi corrigida às 16h14 de 29 de abril de 2016.

Comentários

  1. Biodiversidade na foz do rio Amazonas, justamente onde será explorada reservas de petróleo e gás.

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