MANGUEZAL- O BERÇO DA VIDA RESISTE.

Um dos maiores manguezais do mundo fica na cidade de Curuçá, no Pará, fonte de alimento e renda
na região, se mantém preservado às custas de muita luta do seu povo.

Os pés afundam na lama preta dos mangues, até quase os joelhos, e é preciso desviar das inúmeras raízes escoras da superfície lamacenta. Apesar disto, os caranguejeiros caminham com destreza no
mangue. No local escolhido para a ¨colheita ¨, eles vestem uma braçadeira de meia grossa preta que
cobre e protege o braço das pinçadas do animal, que são pegos na sua toca. Ao se levantarem, já
trazem na mão um enorme caranguejo.


Durante muitos anos, até 1990, foi costume pegar até 100 caranguejos por dia em Curuçá, mas essa
fartura já não existe mais. Hoje está difícil pegar 50 desses crustáceos em um dia inteiro no mangue.


O homem que vive do manguezal, sabe que a captura vem diminuindo, e procura usar técnicas menos
agressivas para pegar os caranguejos, escolhendo apenas os machos adultos para coleta, afim de
não interferir no processo de procriação da espécie. Filhotes e fêmeas, sobretudo as ovadas, não são
capturadas.


Próximo de Curuçá, em São Caetano de Odivelas, os caranguejeiros mais afoitos, enfiam os pés
nas tocas forçando a saída do animal e às vezes atingindo um ou outro caranguejo, ainda arrebentam
as raízes das plantas, destruindo os ¨mangueiros¨ árvore típica desse bioma. Alguns manguezais
estão tão destruídos que tem-se a impressão que passou um trator por ali, tem muita árvore caída
e cada vez mais, a erosão provoca o sumiço dos caranguejos.


Os manguezais surgem do encontro das águas de um rio com a do mar, em grande parte do litoral
brasileiro, graças aos sedimentos minerais e orgânicos carregados pelos rios, forma-se a lama
típica desse ecossistema, de onde erguem-se as árvores do manguezal (tinteiras, siribeiras e
mangueiros).


Os Biólogos consideram que a riqueza dos manguezais atrai uma grande quantidade de espécies
de peixes, moluscos e crustáceos no períodos reprodutivos, sendo considerados o ¨berço da
vida ¨. Muitos filhotes nascidos no mangue, permanecem em suas águas calmas por algum
tempo a mais de vida, onde se encontram protegidos dos predadores naturais.


O peixe-boi, mamífero em extinção, também procura o manguezal para se reproduzir, além das
aves migratórias que param no mangue para uma farta refeição, antes de prosseguirem viagem.
                                                     

O manguezal de Curuçá se estende da ilha de Marajó até o estado do Maranhão, ocupando uma
vasta extensão do nordeste do Pará conhecida como salgado, e segue preservado, apesar do seu
entorno, boa parte da floresta Amazônica já ter sido destruída. Para evitar que o mangue desa-
pareça, foi criada em 2002, a reserva extrativista mãe de Curuçá.

Um estudo recente feito pelo PNUMA (ORGÃO DA ONU LIGADO AO MEIO AMBIENTE),
indicou que um quinto dos manguezais do mundo foi destruído à partir de 1980, e eles continuam
a desaparecer do mapa em uma velocidade quatro vezes maior do que os outros ecossistemas,
pelo fato de estarem próximos do litoral, em regiões populosas e atingidos pela ocupação da
terra por meio das construtoras imobiliárias que aterram os manguezais.


O Brasil possui uma extensão litorânea invejável e por isso abriga também , quase a metade dos
manguezais do continente e, nos últimos 25 anos, perdeu 50 mil hectares deles, sendo que as
maiores perdas foram na região Sudeste, um triste cenário em um país que tenta defender o
ecossistema desde 1760 , época do Brasil-Colônia onde Portugal havia decretado uma série
de restrições para o corte de madeira de manguezais.

www.ecocitycyro.com.br
                                             










  

Comentários

  1. O Manguezal atrai muitas espécies de peixes, moluscos e
    crustáceos na época do acasalamento.

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