NOVAS ENERGIAS, A APOSTA DO BRASIL CONTRA O BLECAUTE.

Toda vez que acontece um corte de energia, a população das grandes cidades brasileiras indaga: apagão de novo? A preocupação faz sentido. No começo de 2005, ocorreram oito blecautes em diferentes regiões. No maior deles, 13 milhões de pessoas no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo ficaram às escuras. Embora o Ministério das Minas e Energia tivesse logo vindo a público para atribuir o incidente a uma falha humana, a população e as empresas não esquecem a crise energética de 2001, quando a estiagem secou as barragens das hidrelétricas e todos foram obrigados a economizar e racionar eletricidade, sob pena de pagar multas. Dúvidas pairam no ar porque, desde o racionamento de quatro anos atrás, ainda não ocorreram grandes investimentos na geração de energia. E a população relaxou na economia de eletricidade, fazendo os níveis de consumo retornarem aos altos índices anteriores ao racionamento, segundo estudos da Agência Nacional de Energia Elétrica. As notícias podiam ser piores. Não são, porque em 2004 choveu bastante nas várias regiões brasileiras, os reservatórios estão cheios e as hidrelétricas voltaram a funcionar a plena carga. Mas fica a pergunta: até quando a economia precisará apelar para São Pedro?

                                                  



A dependência das chuvas acontece porque 76% da eletricidade produzida no Brasil é de origem hídrica, gerada pelas grandes e pequenas usinas hidrelétricas. Nada estranho, tendo em vista o grande potencial das bacias hidrográficas brasileiras. Se, de um lado, o atual modelo brasileiro é dependente do regime pluviométrico, por outro, a alta participação das hidrelétricas faz o Brasil ocupar posição de destaque no mundo quando o assunto é energia renovável, aquela produzida sem esgotar os recursos naturais. Contando todos os tipos de fontes, das hidrelétricas ao petróleo, quase a metade da oferta brasileira é de energia renovável, mais que o triplo do percentual médio no mundo. 

O Brasil, exemplo mundial no uso do álcool extraído da cana-de-açúcar como combustível mais limpo que a gasolina, está investindo em fontes não poluentes. Uma das que despontam é o gás natural. Este combustível, extraído de rochas no subsolo, abastece número crescente de indústrias e veículos. Ainda no primeiro semestre de 2005, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, a frota nacional movida a gás natural deverá chegar a 1 milhão dos 30 milhões de veículos que rodam no país. 

As empresas e as residências brasileiras consomem atualmente 86 mil megawatts e o sistema tem capacidade para ofertar 98 mil megawatts de eletricidade. Existe uma folga, que começará a ficar apertada conforme o ritmo de crescimento econômico do país – e também dos planos de levar luz para 100% dos brasileiros. No Programa Luz para Todos, o governo federal tem o objetivo de acabar com a exclusão elétrica, levando energia para mais de 12 milhões de pessoas até 2008.

Embora continue apostando nas hidrelétricas, o país está abrindo as portas para outras fontes renováveis, como a eólica e a solar, usadas hoje em maior escala, após o surgimento de tecnologias que reduziram custos, tornando-as economicamente viáveis para muitas aplicações. Além dessas, uma das fontes mais promissoras é a biomassa, como o bagaço de cana e o lixo urbano, capazes de substituir fontes não-renováveis, como o petróleo.

Em 2005, o destaque é o biodiesel, que chega até o fim do primeiro semestre aos postos de combustível. A produção do novo óleo, extraído de vegetais como a mamona, deverá crescer rapidamente, a reboque do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa), do governo federal. Fazem parte do programa as pequenas usinas hidrelétricas que, em comparação às grandes, exigem investimentos muito inferiores e causam menor impacto ambiental e social.

Trata-se de alternativas de pequeno porte ainda não presentes nas estatísticas de produção energética no Brasil. No entanto, têm grande importância para diversificar e expandir a oferta de energia para lugares distantes das linhas de transmissão da eletricidade convencional, ajudando a criar empregos nas zonas rurais.

Economizar para preservar 

O que se pode fazer para economizar energia e ao mesmo tempo contribuir para a manutenção do meio ambiente do planeta

Quando você deixa o chuveiro elétrico na posição “inverno”, mesmo durante o verão, e, para contrabalançar a temperatura alta da água, abre excessivamente a torneira, não está somente jogando fora muita água e energia elétrica. Você também estará prejudicando o meio ambiente. 

O maior consumo de energia implica na necessidade de se aumentar a oferta de eletricidade. No Brasil, a solução mais utilizada para garantir o abastecimento das indústrias e das cidades tem sido construir novas hidrelétricas. Essas obras, contudo, bloqueiam rios e inundam cidades, causando graves danos ecológicos e sociais.

Além de reduzir a temperatura do chuveiro, você tem outras formas de contribuir para evitar os efeitos negativos das barragens. Uma delas é separar o lixo para reciclagem. A reutilização desses materiais pelas indústrias ajuda a poupar energia elétrica – e também a reduzir o volume de água captado por muitas delas no processo de produção. A economia energética chega a 95% no caso da reciclagem das latinhas de alumínio. 
É importante aprender a economizar energia para reduzir a pressão sobre nossos mananciais de água. Refletir sobre as fontes de energia é também refletir sobre o meio ambiente.




Águas turbulentas

Hidrelétricas geram energia sem poluir, mas podem prejudicar rios e comunidades

Há muitos anos não se via uma cena como aquela: a inauguração de uma grande hidrelétrica, ao estilo dos velhos tempos do “Brasil grande”, na década de 70. Ao romper a fita na solenidade que colocou em operação a Usina Hidrelétrica de Monte Claro, no Rio Grande do Sul, em janeiro de 2005, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a retomada dos investimentos no setor. E revelou que mais 17 usinas 
começarão a ser construídas nos próximos meses, aumentando em 4.742 megawatts a potência energética do país – um investimento de R$ 2,5 bilhões, como qual serão gerados 28 mil novos empregos diretos e indiretos. Objetivo: sustentar o crescimento econômico e fazer frente ao aumento do consumo de energia.

A Eletrobrás, responsável por 60% da geração hidrelétrica e 72% das linhas de transmissão da energia, planeja investir em 2005 cerca de R$ 4,6 bilhões, quase 40% acima da média dos cinco anos anteriores. Especialistas do setor energético estimam que o país precisa investir R$ 20 bilhões por ano na geração de eletricidade. A tarefa não é fácil: das 41 hidrelétricas que estão hoje em construção, 29 estão com os cronogramas atrasados, principalmente devido à dificuldade para obter licenças ambientais.

De todas as fontes renováveis de energia, as grandes hidreléricas vivram alvo de críticas de vários segmentos da sociedade. Explica-se: embora produzam energia de maneira limpa, sem poluir o ambiente, essas usinas de grande porte causam graves impactos ambientais e sociais. Ao represar rios, interferem no curso das águas e no equilíbrio ecológico da fauna e da flora. Não raro, prejudicam a pesca – tradicional meio de sustento das populações ribeirinhas. Além disso, o enchimento das represas das hidrelétricas inunda extensas áreas, desalojando populações. De acordo com o Movimento dos Atingidos por Barragens, cerca de 1 milhão de pessoas foram compulsoriamente removidas para o enchimento de represas de hidrelétricas até hoje, no Brasil. Só na usina de Sobradinho, foram 70 mil desalojados, na beira do Rio São Francisco, na Bahia. Em Tucuruí (PA), o lago afogou a floresta e, atualmente, os troncos das árvores mortas poluem as águas com excesso de matéria-orgânica submersa.
Dono de um dos mais ricos complexos hidrográficos do planeta, o Brasil tem alto potencial de geração hidrelétrica – mas somente 23% desse potencial é efetivamente explorado. A maior parte dessas áreas propícias para represas fica na Amazônia, onde os impactos causados à floresta tropical podem ser desastrosos. Por isso, instituições financeiras internacionais, como o Banco Mundial, aumentaram as exigências para financiar obras deste tipo. Hoje em dia, erguer uma barragem requer uma série de regras e cuidados ecológicos e sociais, além de um longo processo de licenças ambientais e debates em audiências públicas, com a participação da sociedade civil. 

A alternativa das pequenas usinas 

O setor privado investe em projetos que causam menos impactos ambientais

As Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) são apontadas como boas alternativas para aumentar a geração de energia, sem os riscos e os custos ambientais e sociais dos grandes empreendimentos. 
Segundo dados do Ministério das Minas e Energia, o Brasil tem um potencial de 9.800 MW em pequenos aproveitamentos hidrelétricos, mas somente 20% desse total encontram-se em operação.
No país, 59 mini-usinas foram autorizadas a funcionar dentro do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (Proinfa), do governo federal. O projeto aproveita o fluxo natural da água dos rios, sem causar os impactos típicos dos grandes empreendimentos e ainda ajuda a promover o desenvolvimento regional. 
Na China, há 45 mil pequenas hidrelétricas que geram energia para 50 milhões de habitantes. 

Rio das Antas gera eletricidade

Famoso pelos atrativos do ecoturismo, o rio das Antas, no Rio Grande do Sul, está sendo explorado para a geração de eletricidade. Só que, desta vez, tomando cuidados para não destruir a natureza. A Brascan Energética está construindo na região a usina de Passo do Meio, uma pequena hidrelétrica que impulsionará o crescimento econômico local. A obra terá capacidade de gerar 30 MW de energia. Atualmente, a empresa possui 11 usinas em funcionamento em Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul, todas construídas para gerar no máximo 300 MW de enegia. Outra hidrelétrica de pequeno porte está prevista para ser inaugurada pela empresa no primeiro semestre de 2005, em Mato Grosso. Na região, o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia aprovou a instalação de diversas centrais deste porte para fornecer energia necessária ao agronegócio. 

Reduzindo os impactos

A Usina Hidrelétrica Monte Claro, inaugurada pelo governo federal, em janeiro de 2005, no Rio Grande do Sul, mostra que uma obra desta envergadura pode ser conduzida sem causar tantos danos irreversíveis ao meio ambiente. Nos tempos em que os cuidados ambientais precisam seguir normas rígidas nas grandes obras de infraestrutura, a hidrelétrica adotou tecnologia moderna que reduz a área inundada sem prejudicar a capacidade de geração de energia. No total, 60% da mata nativa que seria retirada da região para a execução do projeto acabou sendo preservada. Para compensar os 40% desmatados, foram plantadas 15 mil árvores nativas. Durante a obra, toda a água utilizada na produção de concreto era reaproveitada. A água usada na lavagem dos equipamentos era tratada e levada de volta para o Rio das Antas, onde a hidrelétrica foi construída. A obra faz parte de um complexo, para o qual serão erguidas mais duas usinas, reduzindo em mais de 20% a energia elétrica hoje importada pelo Rio Grande do Sul, com investimento de R$ 675 milhões.

Biodiesel chega às bombas

Combustível extraído de vegetais será misturado ao diesel, gerando menos poluição


Até o fim do primeiro semestre de 2005, além da gasolina, do álcool, do diesel e também do gás natural, os postos de combustível estarão oferecendo um novo produto: o biodiesel. Ao autorizar o uso comercial do combustível, o Programa Nacional de Biodiesel, lançado em dezembro de 2004 pelo governo federal, estabelece a mistura de óleos vegetais ao diesel convencional, derivado do petróleo, na proporção de até 2%. Além de abastecer automóveis e frotas de ônibus e caminhões sem necessidade de mudanças nos motores, o novo óleo também poderá ser empregado na geração de energia elétrica em comunidades isoladas.

O governo está concluindo a logística para fornecer o biocombustível em várias regiões do país. O projeto, no momento, é abastecer uma frota total de 2,1 milhões de veículos, usando como matéria-prima mamona, soja, palma e dendê. Há três grandes vantagens. A primeira delas, econômica, é a substituição anual de 742 milhões de litros de diesel, o que significa uma economia de R$ 1 bilhão. A adição dos óleos vegetais permitirá reduzir em cerca de 13% as importações de diesel, tornando o país menos dependente do petróleo estrangeiro. A segunda vantagem é ecológica: menos poluente que o combustível tradicional, o biodiesel reduzirá em cerca de 16% os gases emitidos pelos veículos. O produto pode também ser usado na forma pura nos veículos com motores a diesel, como acontece na Europa – neste caso, é capaz de diminuir as emissões de monóxido de carbono em 48% e as de óxido de enxofre, causadoras da chuva ácida, em 100%, além de reduzir a fuligem. 

A terceira vantagem é social. A produção de biodiesel, segundo prevê o programa do governo, deve estar atrelada prioritariamente ao uso da agricultura familiar como fator de inclusão social. Até o fim de 2005, a meta é incorporar 150 mil hectares de pequenos cultivos dedicados à produção de óleos vegetais para o biodiesel, beneficiando 30 mil famílias, especialmente de agricultores assentados. No total, está prevista a criação de 153 mil novos empregos.

No final de 2007, quando a mistura desses óleos ao diesel passar a ser obrigatória, haverá uma demanda de larga escala que poderá atrair outros novos setores, como a agroindústria da soja. Atualmente, usinas de biodiesel estão sendo instaladas em vários pontos do país, como Piauí, Ceará, Mato Grosso e Rio Grande do Norte.

A idéia do biodiesel é antiga, mas somente na década de 90 os países começaram a implantar programas para usá-lo em larga escala. Na Europa, 2 milhões de veículos rodam atualmente com o chamado diesel ecológico. A Comunidade Européia estabeleceu que, em 2005, 2% de todo combustível usado no continente seja proveniente de fontes renováveis. Até 2010, a meta é atingir 5,75%, abrindo um enorme mercado de exportação para o biodiesel brasileiro.

Substituir o petróleo

O petróleo e seus derivados, como a gasolina e os óleos combustíveis, continuam reinando entre as fontes de energia mais utilizadas no Brasil – e também no mundo. Correspondem a 40% da matriz energética brasileira, gerando poluição atmosférica quando queimados pelos motores dos carros, ônibus e caminhões, e também pelos maquinários das indústrias. No mundo, representam 35% da oferta de energia. Assim, são apontados como principais vilões das possíveis mudanças no clima global, causadas pelo agravamento do efeito estufa. Mas estão com os dias contados, pois calcula-se que a produção de petróleo, que é um combustível fóssil, declinará rapidamente por volta de 2030. Por isso é importante buscar fontes alternativas renováveis e mais ecológicas, como o biodiesel, que chega em boa hora, quando a curva dos preços do petróleo é ascendente no mercado internacional.

Vida nova no Piauí

Setecentas famílias de pequenos agricultores, instaladas em 20 células de produção, na Fazenda Santa Clara, no município de Canto do Buriti (PI), tem pela frente um trabalho inovador: cultivar mamona para a produção de biodiesel. Cada terreno de plantio tem 35 casas com água encanada, rede de esgoto e energia elétrica, e os trabalhadores terão acesso a sementes, maquinário, ferramentas e suporte técnico, fornecidos pela empresa Brasil Eco-Diesel, proprietária da fazenda. Estão sendo cultivados 5 mil hectares de mamona, associada ao feijão, tradicionalmente plantado pelas famílias. A matéria-prima é processada nas usinas da empresa situadas em Crateús (CE) e Teresina (PI). Novas instalações estão sendo construídas em Floriano (PI), com investimento de R$ 11 milhões e inauguração prevista para junho. Serão produzidas ali 25 mil toneladas de biodiesel por ano. Outras usinas estão sendo planejadas para o Maranhão e o Ceará.

Tudo pronto no Centro-Oeste

Tradicional fabricante de produtos obtidos de óleos vegetais e álcool extraído da cana-de-açúcar, a Ecomat, situada em Cuiabá (MT), está se preparando para abastecer os postos de gasolina do Centro-Oeste com biodiesel, a partir do segundo semestre. O sistema de distribuição está sendo planejado. A usina da Ecomat tem capacidade para produzir 8 milhões de litros de biodiesel à base de soja, na mistura ao diesel comum. Com a expansão do uso do novo combustível, o plano é aumentar a produção quatro vezes, solidificando também as atividades econômicas da região, como o agronegócio.

De vento em popa

Novos investimentos aproveitam o enorme potencial brasileiro em energia eólica

Os ventos que balançam a palha dos coqueiros e movimentam as ondas do mar estão agora impulsionando um setor que cresce a passos largos no Brasil: a geração de energia eólica, que é limpa e renovável. Recentes medições indicam que o país, dono de um litoral de 8 mil quilômetros e de extensas áreas de brisa forte e constante no interior, tem um imenso potencial neste campo. Seria possível gerar aqui 84,6 mil megawatts de energia aproveitando a força dos ventos, quase a totalidade do que é gerado atualmente pelas hidrelétricas do país. Mas a atual capacidade brasileira instalada é de somente 20,3 megawatts, com turbinas – modernas versões dos antigos cataventos – conectadas à rede elétrica. Desse total, 17,4 megawatts (76% do total) estão no Ceará, pioneiro neste tipo de produção energética, onde existem três parques eólicos. A energia é consumida por 160 mil pessoas e as fileiras de aerogiradores fincados sobre dunas compõem um cenário que já se tornou cartão-postal.

Dados do Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) indicam que a geração eólica cresce 25% ao ano no Brasil. A tendência é o ritmo desta expansão aumentar, tendo em vista que novas tecnologias estão contribuindo para reduzir os custos da energia eólica. Levantamento do Cepel mostra que hoje é possível produzir eletricidade a custos competitivos com centrais termoelétricas, nucleares e, em algumas situações, até mesmo com hidrelétricas.

No mundo, há mais de 30 mil turbinas eólicas de grande porte em funcionamento, a maioria delas situada na Europa, especialmente na Alemanha (foto do fundo). Para reduzir emissões de carbono no ar, o Comitê Internacional de Mudanças Climáticas planeja a instalação de mais 30 mil megawatts .em energia eólica até 2.030 no mundo.

De Sorocaba para o Brasil

A linha de produção da fábrica de turbinas eólicas da empresa alemã Wobben Windpower, situada em Sorocaba (SP), está com a agenda de encomendas apertada. De lá saem as torres de aerogiradores que transformam a força dos ventos em eletricidade, instaladas em vários pontos do país – e também da América do Sul. Tudo começou quando a empresa construiu a Usina Eólica de Taíba (foto), situada no muncípio de São Gonçalo do Amarante (CE), única do mundo com torres instaladas em dunas. Os ventos dali geram potência de 5 megawatts, produzindo energia suficiente para abastecer 50 mil pessoas. O projeto da usina, que custou US$ 6 milhões, teve o objetivo de provar que a geração eólica para levar eletricidade a centros urbanos pode dar certo. Com o sucesso da alternativa, outras usinas foram inauguradas no Brasil por diferentes empresas, utilizando os equipamentos da Wobben. No Paraná, a Usina Eólica de Palmas tem cinco torres gerando eletricidade 38 mil habitantes. 

Energia que vem do sol

Luz solar, que o Brasil tem de sobra, leva eletricidade a comunidades distantes

Os índios guató, conhecidos como “canoeiros do pantanal”, já podem praticar à noite o ofício que mais dominam: a construção de canoas. Isso, é claro, se a televisão não lhes tomar todo o tempo. Explica-se: os índios, quase dizimados pelos bandeirantes no século 17, começaram a receber energia elétrica nas aldeias onde vivem, no Mato Grosso do Sul. As 104 placas para captação de energia solar, instaladas na comunidade em fevereiro de 2005, prometem melhorar a qualidade de vida dos índios. Como eles, 10 milhões de brasileiros vivem na zona rural em localidades distantes da rede elétrica convencional, onde energias alternativas, como a solar, se apresentam como solução para tornar a vida mais fácil, com maiores chances de aumentar a renda familiar.

Os países em desenvolvimento já instalaram mais de 1 milhão de sistemas domésticos de energia solar. No mundo são gerados mais de 500 megawatts por ano a partir da radiação solar e o mercado para o uso desta alternativa energética é crescente. No Brasil, onde sol não falta, o potencial é grande.

Há várias formas de aproveitamento da energia solar. A mais simples é o uso em sistemas de aquecimento da água em indústrias e residências, onde substituem o chuveiro elétrico. A aplicação da energia solar que mais se dissemina no mundo é a fotovotaica, na qual o calor do sol é convertido diretamente em eletricidade, permitindo acender lâmpadas e abastecer o consumo de eletromésticos. 

A alternativa ainda não é economicamente viável para produzir eletricidade em larga escala, visando abastecer cidades. Mas é bastante útil, por exemplo, para bombear água em comunidades rurais ou manter alguns tipos de equipamentos, como dispositivos de satélites, sistemas de transmissão de rádio, displays e outdoors de propagandas e até sinalização nas pistas dos aeroportos e redes de telefonia celular.

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