VACINEM-SE, A FEBRE AMARELA VAI CHEGAR ÀS CIDADES.

A Fundação Oswaldo Cruz (RJ) está com a  produção de vacinas no seu limite máximo para tentar
imunizar à população do maior surto de Febre Amarela, desde a década de 80.


O Brasil está em um surto de febre amarela. Até segunda-feira (13), o Ministério da Saúde confirmou 234 casos da doença - no total, são 1.214 suspeitos. Já são 79 mortes confirmadas em decorrência da doença - outras 877 estão sendo investigadas. Os Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo têm casos registrados. A incidência da doença em 2017 está muito maior do que em anos anteriores. O número de mortos só em janeiro de 2017 já se iguala ao total de 2016. Em 2015, foram nove mortes.




   Especialistas dizem que há duas causas para o aumento incomum: a degradação ambiental, que torna os macacos mais suscetíveis à doenças, e à baixa cobertura vacinal. Até o momento, entretanto, o surto de febre amarela é visto como preocupante, mas não urgente: todos os casos registrados são de febre amarela silvestre, transmitida pelos mosquitos Hemagogos e Sabethes. Mosquitos fêmeas que picam esses macacos se infectam com o vírus e podem transmiti-lo para humanos quando os picam. 


Por ser restrita ao ambiente rural, a doença ainda não é tão preocupante quanto sua variação urbana. Essa variação matou 4.000 pessoas na primeira metade do século 20 só no Rio de Janeiro. Em Salvador, foram 2.800. Desde 1942, no entanto, não há registro da doença urbana, transmitida pelo Aedes aegypti - o mesmo responsável pela dengue, zika e chikungunya. O Aedes é um problema grave de saúde pública e está relacionado com a urbanização. Se por acaso o vírus voltar a circular nas cidades - e isso poderia acontecer se um Aedes picasse alguém infectado -, as consequências podem ser bastante graves.


 "Se a febre amarela for reintroduzida no seu ciclo urbano, vai ser um desastre de proporções bíblicas. E isso é bem possível", declarou ao site médico Medscape Eduardo Massad, pesquisador em epidemiologia matemática da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). E isso pode acontecer. A Organização Mundial da Saúde disse que o risco de transmissão urbana não pode ser excluído. A movimentação interna de pessoas, combinada ao baixo nível de vacinação em áreas que não eram consideradas de risco para a doença, podem contribuir para que ela se espalhe. Há risco de que indivíduos infectados possam viajar para áreas, dentro ou fora do Brasil, onde os mosquitos Aedes estão presentes, e comecem um ciclo local de transmissão de humano a humano." Organização Mundial da Saúde .Em comunicado sobre a doença Hoje o Brasil oferece a vacina contra febre amarela em 19 Estados.


 Pessoas que vivem ou vão viajar para o leste de Minas Gerais, oeste do Espírito Santo e da Bahia e do Rio de Janeiro, em divisa com esses Estados, devem ser imunizadas. A vacina é dada em duas doses. Alguns médicos defendem que se mude o calendário de vacinação para garantir o bloqueio da doença. Oficialmente, não há orientação para que se mude o esquema - ou que pessoas que vivem fora das áreas de risco sejam vacinadas. “A vacina é segura e eficaz, com poucos efeitos colaterais. Já a vacinação indiscriminada aumenta o risco do desenvolvimento de febre amarela vacinal, evento raro mas que pode ocorrer, uma vez que o produto é obtido a partir do flavivírus enfraquecido”, escreveu o secretário de Saúde de São Paulo, David Uip, em artigo na Folha de S. Paulo. Para ele, o atual surto da doença “não é motivo para pânico”.

                                                           

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