AJUDEM O IÊMEN; SUDÃO DO SUL; SOMÁLIA E NIGÉRIA- LÁ A FOME BATEU FUNDO.

A crise do Iêmen-  O Iêmen é o caso mais grave, de acordo com Stephen O’Brien, diretor de assuntos humanitários da ONU. Considerado o mais pobre país do mundo árabe, o Iêmen viu a crise de fome crescer rápido em 2017. Segundo O’Brien, desde janeiro, aumentou em 3 milhões o número de pessoas que não sabe de onde virá sua próxima refeição. No total, estima-se que 17,1 milhões de iemenitas, ou dois terços de sua população, precisam de alguma forma de ajuda. Desse total, ao menos 7,3 milhões encontram-se em estado de emergência na classificação de risco de segurança alimentar.


A fome é produto direto da guerra civil que há dois anos acomete o país. Em 2015, as forças que apoiam o governo de Abd Rabbo Mansur Hadi, apoiadas pela Arábia Saudita, lançaram ofensiva contra os insurgentes Houthi, xiitas apoiados pelo Irã, que haviam conquistado importantes partes do território do Iêmen. O complexo conflito ainda é agravado pela presença da Al-Qaeda e do Estado Islâmico, que também travam batalhas na região. Até o começo de 2017, a guerra já havia produzido 10 mil mortos e mais de 40 mil feridos. Segundo relatório da Fews Net, além do impacto real da guerra no dia a dia, com dificuldade de acesso de ajuda humanitária, “a deterioração da situação macroeconômica afeta a capacidade do setor privado de importar comida”.
                                                                 



A crise do Sudão do Sul-  O mais novo país do mundo (tornado independente em 2011) vive também uma crise aguda. Segundo a ONU, 4,9 milhões de pessoas, ou 42% da população, têm sua segurança alimentar ameaçada (estão nos níveis 2,3 e 4 de risco). Duas regiões do país que somam 100 mil habitantes já estão no nível 5 de risco, ou seja: ali, cerca de 20 pessoas morrem por dia por causa da fome.
                                                                




Assim como no Iêmen, o país vive em guerra civil. Desde dezembro de 2013, estima-se que 50 mil pessoas morreram nos conflitos e 1,3 milhão tornaram-se refugiados. A guerra é produto de uma disputa interna entre forças do governo, representadas pelo presidente Salva Kiir, e a oposição, liderada por Riek Machar, que era vice-presidente e foi deposto.   
O que começou como uma disputa nos altos escalões do poder logo se desenvolveu como uma disputa entre as duas maiores etnias do país. De um lado, os Dinka apoiaram o presidente Kiir; de outro, os Nuer, deram respaldo a Machar. Desde a eclosão do conflito, grupos armados realizaram ataques contra civis -  há relatos de estupro e violência sexual, além de saques de aldeias e recrutamento de crianças para a luta.

O caos institucional tornou ainda mais intenso o risco de segurança alimentar. Agentes da ONU relatam que o presidente Kiir teria bloqueado a distribuição de alimentos em determinadas áreas do Sudão do Sul. Tanto forças do governo como da oposição seriam responsáveis por frequentes ataques a missões humanitárias. Segundo a rede Fews Net, o prognóstico para 2017 é preocupante: espera-se que com a seca, que dura de fevereiro a julho no país, a segurança alimentar do Sudão do Sul seja ainda mais comprometida.


A crise da Somália-  Ao lado do Iêmen, a Somália é o país que mais inspira preocupação nas organizações que monitoram a segurança alimentar no mundo. Isso porque, hoje, metade da população, ou 6,2 milhões de pessoas,  luta contra a perspectiva de passar fome. Em 2017, no começo de março, em apenas dois dias 110 pessoas morreram de inanição. O surto de fome em 2017 na Somália, que fica na região conhecida como o “chifre da África”, foi agravado pela seca que atingiu regiões responsáveis pelo abastecimento do país. 
Ainda assim, umas das principais causas para a crise de fome na Somália é o persistente conflito interno. Desde 1991, o país vive turbulência interna, com disputas entre facções pelo poder. Forças da ONU e de países vizinhos por diversas vezes intervieram nos conflitos, mas, até hoje, a instabilidade política é a regra. O intrincado histórico de confrontos dentro da Somália fez o país ser considerado, por especialistas, um Estado falido.
                                                                           

Nos anos mais recentes, o caos institucional permitiu o aparecimento de milícias fortemente armadas como o terrorista Al-Shabab, de inspiração islâmica e uma ramificação da Al-Qaeda na África (embora o Estado Islâmico dispute sua afiliação).  O grupo realiza constantes saques e assaltos a missões humanitárias e ataques a civis, o que torna mais difícil a ajuda em momentos de crise aguda de abastecimento e fome.



A crise da Nigéria-  Na Nigéria, a crise de fome ocorre especificamente no nordeste do país. Ali, 1,4 milhões de pessoas vivem grave risco de segurança alimentar. Não por acaso, é esta mesma região onde atua o grupo extremista Boko Haram. Os radicais islâmicos já mataram ao menos 1,5 mil pessoas no país e provocaram a migração de mais de 2 milhões de pessoas do país.
                                                                                 


O governo vem combatendo o grupo terrorista, mas ainda há áreas em que os insurgentes dominam - e onde os esforços humanitários não chegam. Em dezembro de 2016, a ONU indicou que cerca de 75 mil crianças corriam o risco de morrer de fome. 
 A crise na Nigéria motivou o encontro de líderes mundiais  na Noruega para a arrecadação de recursos. Há, no entanto, suspeitas de que o roubo de doações seja prática constante no país; o Senado nigeriano investiga denúncias.

Como ajudar os países em crise - Diante da grave crise humanitária atual, pessoas de diversas partes do mundo se perguntam como podem fazer alguma coisa para ajudar. A BBC de Londres publicou um breve guia em que enumera uma série de ações possíveis.  A doação de dinheiro para organizações é a considerada a mais eficiente. São listadas as entidades mais atuantes. Há também o voluntariado: a ONU tem uma agência que recruta pessoas com mais de 25 anos que falem inglês, espanhol ou  francês, tenham diploma universitário ou curso técnico e experiência relevante na área.


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