MANEJO DO PIRARUCÚ ABOLIU A PESCA PREDATÓRIA E OBTEVE A SUSTENTABILIDADE DE LAGOA AO SUL DA AMAZÔNIA.

O Pirarucú, gigante das águas doces, é a base da alimentação na região Amazônica e fonte de renda
para o povo indígena Paumari. A técnica de manejo pesqueiro desenvolvido pelos índios, virou
referência por conta dos benefícios econômicos e ecológicos alcançados.

Os Paumaris, um povo das águas, estavam um bom tempo sem pescar, arrendavam suas terras para
a pesca predatória e o pirarucú estava listado como ameaçado de extinção. Agora, os índios se
uniram e as três aldeias se organizaram para fortalecer a atividade pesqueira evoltaram a capturar
o pirarucu nos lagos da reserva indígena Paumari ( compreende os lagos Manissuã, Pancá, Caniuá)
ao sul do Estado do Amazônas. Essa atividade se consolidou com o apoio da Organização Amazonia
Nativa ( OPAM) e da Petrobrás, melhorando a qualidade de vida das aldeias e a proteção do seu
território.
                                                                     
Os Paumaris vivem em contato com as águas em uma área de várzea formada por 196 lagos, igarapés
e praias, na bacia do rio Tapauá . Moram em casas flutuantes feitas com toras de madeira da floresta
e sua alimentação é a base de peixe e caça. No entorno vivem os ribeirinhos da foz do rio Tapauá
e do rio Camaruã, comerciantes e pesqueiros de várias cidades do Amazônas.


Com o manejo, o povo indígena consegue gerenciar os recursos naturais em suas terras e controlam
a população de outros peixes , como o Acará-disco, Matrinxã, Jaraqui, Tucunaré, etc. mesmo
quando a captura é para subsistência.

Quando recomeçaram com a pesca em 2014, dos 39 lagos reservados pelos índios para a recuperação dos estoques pesqueiros, três lagos foram autorizados pelos órgãos ambientais para pesca de 99
peixes e foram pescados 89, dos quais 85 pirarucus para venda, 3 para doação e 1 para o almoço
do povo da aldeia.

Nos lagos, o manejo, pescadores em silêncio se concentram em abrir as redes e aprisionar os
peixes à medida que pescavam iam separando os peixes jovens dos adultos para devolvê-los à
cabeceira do lago.

A base de apoio foi montada nos flutuantes de vigilância, onde os peixes eram pesados, medidos,
eviscerados e limpos. Na última etapa desse processo, o peixe recebe o lacre e é resfriado no
barco geleiro contratado pela cooperativa mista Agroextrativista sardinhas ( Coopmas) do
município de Lábreas, compradora do pescado Paumari.

O zêlo dos Paumaris com a manutenção do peixe é grande, desde o momento em que ele é
tirado do lago até chegar ao gêlo, para manter sua qualidade e sabor.

No Pará o Pirarucú foi vendido por ter a melhor estrutura de recebimento e beneficiamento do
pescado. Em 2014, a pesca rendeu 4.950 Kg, a média de 58 Kg/peixe a R$ 7,50 o quilo. Os
85 exemplares renderam R$ 37.125,00.

Os Paumaris mudaram hábitos e costumes por conta do plano de manejo, que escolheu as
áreas de defeso, a natureza respondeu com o aumento do estoque do pescado e ainda teve
aumento das populações de quelônios e de caça. Aboliram definitivamente a pesca predatória
de suas terras e conseguiram a sustentabilidade de seu lagos.

O povo Paumari do rio Tapauá, acredita que o manejo do Pirarucú já faz parte de suas práticas
diárias e deve se estender para as futuras gerações. O reconhecimento veio com a premiação
do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e Banco do Brasil (BB) na categoria : Prêmio
Nacional de Biodiversidade. No evento, a ministra do Meio Ambiente salientou que ¨é possivel
oferecer proteína animal sem degradar a natureza e tirar da listagem, animais ameaçados de
extinção¨, referindo-se ao Pirarucú.
                                                                   



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