INSUSTENTABILIDADE SOCIAL E INJUSTIÇA.

O crescimento econômico só está beneficiando os mais ricos. Esta é a conclusão do relatório divulgado pela ONG Oxfam, em 16 de janeiro, véspera da abertura do Fórum Econômico Mundial, que aconteceu na cidade suíça de Davos. 

A superconcentração da riqueza piorou em 2016, ameaçando a estabilidade e o crescimento global. Oito pessoas concentram em suas mãos a riqueza equivalente de outros 3,6 bilhões, a metade mais pobre da população mundial. No relatório “Uma economia a serviço dos 99%”, divulgado no site de notícias El País Brasil (16/1), a organização qualifica a situação como “extrema, insustentável e injusta”, e diz que o atual modelo econômico está a serviço do 1% mais rico da população. O panorama é igualmente sombrio em todas as regiões do planeta, segundo o documento. No Vietnã, por exemplo, o homem mais rico ganha em um dia mais do que a pessoa mais pobre recebe em 10 anos. Nos Estados Unidos, a renda dos 50% mais pobres da população foi congelada nos últimos 30 anos, enquanto a do 1% mais rico aumentou em 300%. 
                                                                   

 
A Oxfam responsabilizou especialmente as grandes empresas pelo desequilíbrio, por se guiarem por um único objetivo: maximizar a rentabilidade de acionistas e investidores. Em 2015, as 10 maiores empresas do mundo obtiveram um faturamento superior à receita total dos governos de 180 países. No entanto, esse crescimento não foi distribuído entre todas as camadas da sociedade.

 
O salário do trabalhador ou do produtor médio quase não aumentou nos últimos anos ou até decresceu. Para diminuir custos, algumas empresas recorrem ao trabalho forçado ou em condições de escravidão. As mulheres e as meninas são exploradas nas condições mais precárias e são a categoria pior remunerada. A ONG também analisou a riqueza de 1.810 bilionários incluídos na lista Forbes 2016, 89% dos quais são homens. Em seu conjunto, eles possuem a mesma riqueza que 70% da população mais pobre da humanidade.
                                                               
 
Esse modelo econômico, de acordo com o relatório, é baseado numa série de falsas premissas, entre as quais está a ideia de que a riqueza individual extrema não é prejudicial, mas um sintoma de sucesso, ou que o crescimento do PIB deve ser o principal objetivo da elaboração das políticas. A organização adverte que, se tais pressupostos não forem revistos, será impossível reverter a situação e defende a construção de uma “economia mais humana” que beneficie o conjunto da população. Esse novo sistema deveria se basear na cooperação entre os governos, privilegiar a utilização de energias renováveis, acabar com a extrema concentração da riqueza e apoiar homens e mulheres.

                                                                      
 

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