O Fórum Econômico Mundial destacou uma prática da Índia para lidar com o lixo plástico: empregar o material na construção de estradas.
A técnica que utiliza plástico reciclado em estradas foi criada em 2001, e passou a ser adotada como uma política pública do governo federal indiano em 2015. Hoje, há cerca de 100 mil km de estradas com o material no país.
O lixo plástico é um problema desde que o plástico sintético começou a ser produzido industrialmente, na década de 1950, mas ele tem se tornado uma questão maior com o tempo. Como poucos fungos e bactérias têm a capacidade de biodegradá-lo, no decorrer das décadas a maior parte do plástico se acumulou na natureza, e em um ritmo cada vez maior conforme o consumo aumenta.
Apenas em 2015, 380 milhões de toneladas de plástico foram produzidas. Parte desse material é despejada no oceano, onde se quebra em partículas menores que se concentram flutuando sobre porções continentais de água.
A estratégia da Índia para lidar com o plástico- De acordo com um trabalho publicado em 2014 na revista científica European Polymer Journal, a adição de polímeros sintéticos, que são um tipo de plástico, aos materiais usados na construção de estradas ganhou força na década de 1970 na Europa e nos Estados Unidos.
O objetivo da mistura não era proteger o meio ambiente, já que ela utilizava plásticos novos, e não reciclados.
A meta era fortalecer estradas, que, com o plástico, se tornam mais resistentes ao peso, ao calor e a variações de temperatura, além de diminuir o barulho produzido pelo tráfego. Segundo uma reportagem de 2016 do jornal britânico The Guardian esse tipo de tecnologia com plástico não reciclado aumenta entre 30% e 50% os custos das estradas.
A técnica utilizada na Índia, que aproveita o plástico reciclado e corta custos, foi criada em 2001 por Rajagopalan Vasudevan, um professor de química do Thiagarajar College of Engineering, no sul do país. A técnica mistura o material ao betume, usado na construção de estradas.
Tanto o plástico quanto o betume são derivados de combustíveis fósseis, como o petróleo, normalmente, 10 toneladas de betume são utilizadas para construir 1 km de estradas. Com sua técnica, 1 tonelada de plástico é adicionada a 9 toneladas de betume. Isso significa que para cada quilômetro de estrada construído o equivalente a 1 milhão de sacolas plásticas é utilizado.
O pesquisador patenteou sua técnica em 2006, e a compartilhou gratuitamente com o governo indiano. Ao todo, 11 dos 29 estados indianos implementaram essa tecnologia até o momento. Com sua invenção, Vasudevan se tornou uma figura conhecida. Ele ministrou em 2015 uma palestra para a organização de mídia TED (Technology Enterntainment Design), entidade que afirma que promove "ideias que valem a pena ser propagadas”.
Em uma reportagem de setembro de 2017, o jornal indiano Financial Express explica uma das formas de produzir a mistura -a fórmula pode ter variações de acordo com o tipo de uso que se planeja para a estrada. Primeiro, o lixo plástico é coletado e triturado. Areia e pedriscos são aquecidos a 165ºC, e betume, a 160ºC, misturados entre si e em seguida adicionados ao plástico triturado. Depois, mais betume é adicionado.
Nos anos 2000, a Junta Central de Controle de Poluição da Índia elaborou um estudo em parceria com o Thiagarajar College of Engineering Madurai para avaliar a qualidade das estradas com plástico implementadas entre 2002 e 2006 em diferentes cidades da Índia.
De acordo com a entidade, mesmo estradas com quatro anos de idade “não desenvolveram buracos, sulcos, desmembramento ou falhas nas bordas”. Em 2015, o governo central determinou que cidades com mais de 500 mil habitantes deveriam passar a adotar a tecnologia na construção de quaisquer estradas em seu entorno. Um plano de investimentos nacional anunciado no início de 2016 previa gastos de R$ 110 bilhões na construção de estradas até o final de 2017.
É possível que estradas liberem 'microplásticos' - Mesmo essa aplicação pode não ser, no entanto, uma solução definitiva para o lixo plástico. Como não é biodegradado, no decorrer dos anos, o material tende a se quebrar em partículas menores do que 5 micrômetros, medida que representa um metro dividido por um milhão. Essas partículas são chamadas de microplásticos.
A reportagem do Guardian ressalta que é possível que as estradas com plásticos em sua composição também liberem essas partículas conforme são utilizadas e expostas ao sol.
Nos últimos anos, estudos científicos têm descoberto que o microplástico está presente em moluscos e peixes consumidos por humanos, no sal de cozinha vendido nos mercados, na cerveja, no mel, no ar e mesmo na água de torneira. Apesar disso, a ciência ainda sabe pouco a respeito de seu impacto sobre a saúde humana.
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A técnica que utiliza plástico reciclado em estradas foi criada em 2001, e passou a ser adotada como uma política pública do governo federal indiano em 2015. Hoje, há cerca de 100 mil km de estradas com o material no país.
O lixo plástico é um problema desde que o plástico sintético começou a ser produzido industrialmente, na década de 1950, mas ele tem se tornado uma questão maior com o tempo. Como poucos fungos e bactérias têm a capacidade de biodegradá-lo, no decorrer das décadas a maior parte do plástico se acumulou na natureza, e em um ritmo cada vez maior conforme o consumo aumenta.
Apenas em 2015, 380 milhões de toneladas de plástico foram produzidas. Parte desse material é despejada no oceano, onde se quebra em partículas menores que se concentram flutuando sobre porções continentais de água.
A estratégia da Índia para lidar com o plástico- De acordo com um trabalho publicado em 2014 na revista científica European Polymer Journal, a adição de polímeros sintéticos, que são um tipo de plástico, aos materiais usados na construção de estradas ganhou força na década de 1970 na Europa e nos Estados Unidos.
O objetivo da mistura não era proteger o meio ambiente, já que ela utilizava plásticos novos, e não reciclados.
A meta era fortalecer estradas, que, com o plástico, se tornam mais resistentes ao peso, ao calor e a variações de temperatura, além de diminuir o barulho produzido pelo tráfego. Segundo uma reportagem de 2016 do jornal britânico The Guardian esse tipo de tecnologia com plástico não reciclado aumenta entre 30% e 50% os custos das estradas.
A técnica utilizada na Índia, que aproveita o plástico reciclado e corta custos, foi criada em 2001 por Rajagopalan Vasudevan, um professor de química do Thiagarajar College of Engineering, no sul do país. A técnica mistura o material ao betume, usado na construção de estradas.
Tanto o plástico quanto o betume são derivados de combustíveis fósseis, como o petróleo, normalmente, 10 toneladas de betume são utilizadas para construir 1 km de estradas. Com sua técnica, 1 tonelada de plástico é adicionada a 9 toneladas de betume. Isso significa que para cada quilômetro de estrada construído o equivalente a 1 milhão de sacolas plásticas é utilizado.
O pesquisador patenteou sua técnica em 2006, e a compartilhou gratuitamente com o governo indiano. Ao todo, 11 dos 29 estados indianos implementaram essa tecnologia até o momento. Com sua invenção, Vasudevan se tornou uma figura conhecida. Ele ministrou em 2015 uma palestra para a organização de mídia TED (Technology Enterntainment Design), entidade que afirma que promove "ideias que valem a pena ser propagadas”.
Em uma reportagem de setembro de 2017, o jornal indiano Financial Express explica uma das formas de produzir a mistura -a fórmula pode ter variações de acordo com o tipo de uso que se planeja para a estrada. Primeiro, o lixo plástico é coletado e triturado. Areia e pedriscos são aquecidos a 165ºC, e betume, a 160ºC, misturados entre si e em seguida adicionados ao plástico triturado. Depois, mais betume é adicionado.
Nos anos 2000, a Junta Central de Controle de Poluição da Índia elaborou um estudo em parceria com o Thiagarajar College of Engineering Madurai para avaliar a qualidade das estradas com plástico implementadas entre 2002 e 2006 em diferentes cidades da Índia.
De acordo com a entidade, mesmo estradas com quatro anos de idade “não desenvolveram buracos, sulcos, desmembramento ou falhas nas bordas”. Em 2015, o governo central determinou que cidades com mais de 500 mil habitantes deveriam passar a adotar a tecnologia na construção de quaisquer estradas em seu entorno. Um plano de investimentos nacional anunciado no início de 2016 previa gastos de R$ 110 bilhões na construção de estradas até o final de 2017.
É possível que estradas liberem 'microplásticos' - Mesmo essa aplicação pode não ser, no entanto, uma solução definitiva para o lixo plástico. Como não é biodegradado, no decorrer dos anos, o material tende a se quebrar em partículas menores do que 5 micrômetros, medida que representa um metro dividido por um milhão. Essas partículas são chamadas de microplásticos.
A reportagem do Guardian ressalta que é possível que as estradas com plásticos em sua composição também liberem essas partículas conforme são utilizadas e expostas ao sol.
Nos últimos anos, estudos científicos têm descoberto que o microplástico está presente em moluscos e peixes consumidos por humanos, no sal de cozinha vendido nos mercados, na cerveja, no mel, no ar e mesmo na água de torneira. Apesar disso, a ciência ainda sabe pouco a respeito de seu impacto sobre a saúde humana.
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