COMO A AMAZÔNIA E O CERRADO INFLUENCIAM O ABASTECIMENTO DE ÁGUA COM O DESMATAMENTO.

A FLORESTA AMAZÔNICA:

“A floresta amazônica não somente mantém o ar úmido para si mesma, mas exporta rios aéreos de vapor que transportam a água para as chuvas fartas que irrigam regiões distantes no verão hemisférico”, relatou Nobre em seu estudo. 

Na década de 1970, pesquisadores liderados pelo engenheiro agrônomo Enéas Salati apontaram pela primeira vez que chuvas em diversas regiões da América do Sul podiam sofrer influência do vapor proveniente da Amazônia, produzido por seu solo e pela vegetação.

 Duas décadas depois, os pesquisadores americanos Reginald e Nicholas Newell formularam a ideia de “rios atmosféricos”, ou seja, fluxos na baixa atmosfera que carregavam quantidades de água sob a forma de vapor em volumes superiores ao que o próprio rio Amazonas leva por dia (17 bilhões de toneladas por dia).
                                                                                  



O papel do CERRADO :

 Segundo maior bioma da América do Sul, o cerrado se espalha por 12 estados do país: Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná e São Paulo.

 Sua área se sobrepõe aos três principais aquíferos da América do Sul: o Guarani, o Bambuí e o Urucuia. Além disso, abastece oito das 12 regiões hidrográficas do país. 


Em 2017, o governo federal divulgou que o bioma perdeu cerca de 9.500 quilômetros quadrados de vegetação em 2015. O volume é 52% maior do que o perdido pelo bioma da Amazônia.

                                                                             


BIOMAS BRASILEIROS:

   A redução dessa “transpiração” e seu efeito nas chuvas e estiagens de regiões como Sudeste e Centro-Oeste, seria uma das consequências do desmatamento. De acordo com o trabalho de Nobre, modelos climáticos do início da década de 90 já antecipavam esses processos.

 Além disso, desde 2005 a região enfrentou três graves secas e três fortes inundações, apontadas por muitos especialistas brasileiros e estrangeiros como consequência das mudanças climáticas na Terra. Tudo isso contribui para desequilibrar o ciclo hidrológico da região. 

O total absoluto de área desmatada a que a região pode chegar nos próximos 50 anos é motivo de preocupação.

 Um estudo dos pesquisadores Carlos Nobre e do americano Thomas Lovejoy, da Universidade George Mason, na Virgínia (EUA) alertou para esse total, em detrimento das análises anuais.


 “Acreditamos que as sinergias negativas entre desmatamento, mudanças climáticas e uso indiscriminado de incêndios florestais indicam um ponto de virada para transformar as partes sul, leste e central da Amazônia em um ecossistema não florestal, se o desmatamento chegar a taxas entre 20% e 25%”, alertaram os cientistas no artigo.

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