CURSOS D'ÁGUA SÃO ATERRADOS PARA ABRIR ESTRADAS AFETANDO A BIODIVERSIDADE NA AMAZÔNIA.

 A degradação da Amazônia para abrir estradas irregulares não é um fato recente.  Um estudo já havia demonstrado que 95% da floresta derrubada está a 5,5 km das estradas ou a 1 km dos rios.

Uma das áreas mais devastadas da Amazônia, nos arredores das cidades de Paragominas e Santarém, no Pará. Para chegar nos 99 igarapés, como são chamados os pequenos córregos amazônicos, uma pessoa terá que percorrer longas distâncias de carro, passando por pastos, grandes monocultivos, pequenos vilarejos, além da floresta virgem ou em recuperação.
                                                       
 

No caminho precisa cruzar por diversos rios e córregos, mas raramente encontra uma ponte. No lugar, os estreitos caminhos para cruzar os cursos d’água são feitos de terra, com um tubo de metal ligando os dois lados do córrego. A maioria, construídos de qualquer jeito, acabam impossibilitando a passagem dos peixes.
Os igarapés tem uma importância muito ampla. Abriga uma grande diversidade de peixes, com espécies que só vivem neles.” 


A Rede Amazônia Sustentável, constatou que em apenas um desses pequenos igarapés 44 tipos de peixes. É mais que em toda a Dinamarca.

A conclusão foi que essas estruturas sobre os rios agem como barreiras que impedem a movimentação dos peixes, limitando a busca por locais de alimentação reprodução e abrigo. Além de causar a erosão das margens, piora da qualidade da água e o acúmulo de sedimentos no leito.
Essas alterações acabam afetando as espécies que dependem de um habitat delicadamente balanceado. Isso pode acarretar em uma “homogeneização faunal”, com a morte das espécies aquáticas mais vulneráveis, deixando uma comunidade de peixes menos diversa.
Assim, o risco é que espécies que nem conhecemos desapareçam - além daquelas que já desapareceram. “Os igarapés são pouco conhecidos. Não tem espécies de interesse comercial e a maioria das espécie não tem nome popular. São pouco conhecidos, inclusive pela ciência”.
Pelo menos uma espécie sofre com as barreiras. É o peixe-cachorro (Esthrorhynchus falcatus). Carnívoro, ele vaga de um igarapé para o outro na caça por seu alimento. “Somado a tudo isso, tem o impacto cumulativo rio abaixo, já que os cursos d’água estão sempre conectados.”
Somente na cidade de Paragominas, uma pequena parte de um dos nove estados que compõe a Amazônia brasileira, são estimados 3 mil desse cruzamentos informais de rio. Quando observou o prejuízo à natureza dessas pontes porcamente construídas, Cecília foi buscar na legislação se havia alguma espécie de norma técnica que regesse esse tipo de obra. Não encontrou nada.
Um problema que poderia ser resolvido de forma simples, com uma mudança no desenho dessas pontes improvisadas. Mas nem mesmo as áreas protegidas, como a Floresta Nacional Tapajós, estão livre delas. Em outros países, como nos EUA, para não interromper a migração do salmão, bastou a instalação de pontes elevadas.



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