ENZIMA DESCOBERTA, SÓ DIGERE O PLÁSTICO TIPO "PET".

O plástico se tornou um material barato e abundante em economias globalizadas, o material plástico é produzido a partir de combustíveis fósseis, como petróleo, gás natural ou carvão mineral, extraídos do fundo da terra. Sob a superfície vivem poucos fungos e bactérias capazes de digeri-lo, por isso a maior parte do plástico atirado sobre os continentes e oceanos continua lá. 

Conforme a produção anual aumenta, aumenta também o ritmo de acúmulo na natureza, o que constitui um problema ambiental de difícil solução.

Em 2016, no entanto, cientistas japoneses encontraram, após vasculhar centenas de amostras de material descartado, uma espécie de bactéria capaz de digerir plásticos do tipo polietileno tereftalato, ou PET, em até seis semanas. O microorganismo tem o nome científico Ideonella sakaiensis 201-F6 e usa o material como fonte de carbono e energia.
                                                                              

 Em um novo artigo, publicado em 17 de abril de 2018 na revista acadêmica Pnas (Proceedings of the National Academy of Sciences), cientistas afirmam que foram capazes de alterar a substância produzida pela bactéria, obtendo uma outra enzima. Após testes, eles constataram que essa enzima tem capacidade de degradar plástico mais rapidamente. 

Os cientistas também descobriram que a enzima PETase, alterada ou não, é capaz de degradar um outro tipo de plástico, o polietileno-2,5-furanodicarboxilato, ou PEF. Por isso, o trabalho levanta expectativas sobre o desenvolvimento de um processo que viabilizaria a decomposição do plástico em larga escala.

O trabalho aponta, no entanto, que a enzima não é capaz de digerir determinados tipos de poliésteres. A substância começa a decompor o plástico após o período de alguns dias, mas, de acordo com os pesquisadores, é possível que novas alterações levem a uma enzima com capacidade ainda maior de decompor o plástico. 

A decomposição não significa, no entanto, que o material desaparece da superfície do planeta. Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, John McGeehan, pesquisador da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, que liderou a pesquisa, afirma que a expectativa é “usar essa enzima para transformar o plástico em seus componentes originais, de forma que possamos literalmente reciclá-lo de volta ao plástico”. 

Os métodos atuais não decompõem o material quimicamente, mas sim com métodos mecânicos. O plástico se transforma em fibras opacas, que podem ser usadas em roupas, ou tapetes, por exemplo, mas não em novas garrafas, como o PET é utilizado primariamente. De acordo com a reportagem do Guardian, um próximo passo estudado para fazer com que a enzima passe a ser usada em um processo de decomposição industrial pode ser transplantá-la em bactérias que sobrevivem a mais de 70ºC.


A partir dessa temperatura, o PET passa do estado duro para o viscoso, o que poderia contribuir para aumentar a velocidade de degradação em várias vezes. Mesmo se toda essa tecnologia fosse obtida, no entanto, a reciclagem ainda contaria com outro obstáculo: os combustíveis fósseis são matérias-primas extremamente baratas, por isso é possível que, mesmo com a possibilidade de reciclar o PET mantendo todas as suas propriedades, produzir o plástico do zero continuaria sendo mais barato. 

McGeehan afirma, no entanto, que a reciclagem vem ganhando apoio político. “Eu acredito que há um incentivo público: a percepção [sobre o plástico] está mudando tanto que as companhias estão começando a pensar em como podem reciclar o PET adequadamente.”

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