EXPANSÃO AGRÍCOLA E MADEIREIRAS SÃO AS CAUSAS DA EXTINÇÃO DE AVES.

A lista de aves em perigo relaciona 1.469 espécies, segundo dados da IUCN (sigla em inglês para União Internacional para a Conservação da Natureza). Desse total, o estudo estima que 74% estão ameaçadas de desaparecer por completo por conta da intensificação de atividades agrícolas em seu habitat. Nos últimos 300 anos, áreas destinadas à agricultura passaram a ocupar uma área da superfície terrestre 6 vezes maior.

Uma em cada oito espécies de pássaros estão em risco de extinção, e 40% das quase 11 mil variedades que existem por todo o mundo, ainda que de forma moderada, tiveram suas populações diminuídas nos últimos anos. 

A indústria madeireira é a segunda maior vilã: as ações causadas por atividades desse tipo colocam em risco 50% das espécies ameaçadas. A caça predatória aparece em quarto lugar, deixando vulneráveis 35% das espécies. 
                                                                       


Outras atividades que contam com participação humana pelo menos indireta, como mudanças climáticas (33%), desenvolvimento de áreas habitacionais e comerciais (28%), produção de energia/mineração e poluição, também aparecem no top 10 de principais ameaças.

Além das atividades urbanas e industriais, o estudo destaca a ação de animais exóticos, terceira maior ameaça a espécies em risco nos últimos 500 anos e principal fator para extinções mais recentes. 39% da lista das aves ameaçadas sofre de alguma forma com predadores que não deveriam viver em seu habitat.

 Estima-se que a presença de animais invasores contribuiu para o desaparecimento de 122 espécies de pássaros. Entre as causas dessa participação estão o aumento da mortalidade, redução do sucesso reprodutivo de espécies nativas, degradação do ambiente e competição por recursos. 

Os animais que mais ameaçam espécies de pássaros são ratos e outros roedores (250), gatos (202) e cães domésticos (79). 

A situação das aves brasileiras - O estudo estima que, nos últimos 500 anos, pelo menos 183 espécies de aves silvestres deixaram de existir. As três mais recentes desapareceram por completo desde os anos 2000.

Duas delas, o corvo-do-havaí (Corvus hawaiiensis), visto pela última vez em 2002, e o Melamprosops phaeosoma, cujos últimos exemplares morreram em 2004, eram naturais da ilha americana do Havaí. O terceiro grupo extinto é o da ararinha-azul (Cyanopsitta spixii). Relatos indicam que a espécie foi avistada pela última vez em matas brasileiras no fim de 2000. Existindo atualmente apenas em cativeiro, espera-se que a ararinha-azul volte a ser introduzida na natureza em 2019.
                                                                             

 Ao falar sobre o Brasil, a pesquisa destaca a situação de Amazonas e Pará. Os dois estados, que abrigam uma das maiores áreas de floresta tropical do mundo, além de um grande número de espécies de aves, passam por uma rápida ampliação de sua malha viária. Só em 2017, o governo paraense injetou R$ 218 milhões em obras de infraestrutura de transportes.

“Construção de estradas afetam pássaros drasticamente, ocasionando perda de habitat, aumento do número de mortes por atropelamentos, aumento da poluição [...], bem como a fragmentação de populações”, diz o relatório. 

Do Espírito Santo, porém, é destacada a ação de conservação desenvolvida na Reserva Ambiental Águia Branca, uma área privada de preservação. Ela atua como corredor de biodiversidade para três parques estaduais: Forno Grande, Castelo e Pedra Azul - todos localizados na região sul do estado. Segundo o estudo, a iniciativa garante proteção a 250 espécies de aves, como a saíra-apunhalada (Nemosia rourei). Entre elas, algumas estão ameaçadas. 

De acordo com a BirdLife, 25 espécies de pássaros teriam sido extintas por completo por todo o mundo sem a existência de esforços de conservação desse tipo.

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