ROVERTA, O ROBÔ SUBMARINO, VAI INVESTIGAR COM MERGULHADORES OS CORAIS DA AMAZÔNIA.

O navio Esperanza da ONG Greenpeace já está em alto-mar próximo do extremo norte do estado do Amapá onde estão localizados os magníficos corais da Amazônia que serão estudados por pesquisadores brasileiros.

Descoberto em 2016, o bioma tem características únicas em todo o planeta. Localizado na foz do rio Amazonas, Oceano Atlântico adentro, os corais chamam a atenção por sobreviverem em águas extremamente profundas, indo de 30 a 120 metros abaixo do nível do mar, e turvas, graças à influência da pluma de sedimentos que é carregada pelo rio, o que limita a penetração da luz.

Em uma primeira expedição, no início de 2017, pela primeira vez os corais foram filmados por meio de um submarino, comprovando sua existência e abundância de vida. Até o momento, foi confirmada a existência do bioma em uma faixa contínua de 9,5 mil km², além de 73 espécies de peixes e outros seres marinhos. Os pesquisadores, no entanto, acreditam haver muito, muito mais. A estimativa é que seu tamanho total chegue a 50 mil km², uma cadeia contínua que chega até o Caribe.
                                                                                   

A tarefa de conhecê-lo, porém, não é fácil. Somente chegar ao navio já foi um desafio e tanto. Partindo de Macapá, capital do Amapá, foram oito horas de viagem de carro até a cidade de Oiapoque, um dos extremos do Brasil, sendo 110 km em estrada de terra. Depois, mais quatro horas de viagem de lancha, pelo rio Oiapoque, até chegar em alto-mar. Parte do problema é enfrentar as náuseas, comuns para marinheiros de primeira viagem, reforçadas por ondas que chegam a quatro metros de altura.

O navio já navega desde o dia 4 de abril, quando partiu de Belém. Com o TowFish, um sonar utilizado para mapear o leito do oceano, os cientistas já observaram formações que muito provavelmente se tratam de uma cadeia de corais, mas ainda é pouco.

O próximo passo seria descer com a Roverta, como foi carinhosamente batizado o ROV (remotely operated underwater vehicle, uma espécie de robô-submarino controlado a distância). Mas a turbidez da água impossibilitou. Ela é maior na região norte que nas áreas mais ao sul, onde as imagens foram captadas no ano passado. O fato de três correntes marinhas se intercruzarem sob o navio deixa tudo mais difícil.
                                                                                

Neste momento, estamos a alguns quilômetros dos corais. A equipe está preparando armadilhas para capturar espécies de peixes e outros animais marinhos, a serem lançadas amanhã, quando chegarmos aos recifes. Também pretendem lançar uma draga para coletar sedimentos do fundo do oceano. São atividades úteis enquanto as condições do mar não estiverem boas o suficiente para levar a Roverta de volta para o fundo do oceano.

Estaremos acompanhando a pesquisa durante os próximos 13 dias. Até lá, traremos informações em primeira mão sobre o trabalho dos cientistas, os bastidores da pesquisa, enjoos, desafios e sucessos da expedição, além de detalhes sobre mais essa maravilha natural brasileira e os perigos que já a ameaçam. É só acompanhar com a gente. Informou o serviço de reportagem a bordo, da revista Galileu.
                                                                               

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