MONITORAMENTO DE GASES ESTUFA É SUSPENSO POR DECISÃO DE TRUMP.

O Satélite da Nasa que monitora a atmosfera colhendo dados que indicam se a emissão de gás metano e gás carbônico estão sendo reduzidos pelos países que comprometeram com o acordo de Paris, simplesmente parou de funcionar. Se não há mais satélite para medir esse gases, as emissões ficam sem controle e não é possível dizer se os países estão cumprindo o acordo.

O Orbiting Carbon Observatory 2 é um satélite lançado pela NASA em 2014 com a finalidade de monitorar desde o espaço as concentrações de metano e dióxido de carbono, dois principais gases do efeito estufa.
Ele faz parte de um projeto maior da agência espacial americana, o Sistema de Monitoramento de Carbono (CMS), que conta com outros satélites e aeronaves. O plano era lançar mais um, o Orbiting Carbon Observatory 3, para ajudar seu xará no trabalho.


Não vai mais. Isso porque o governo de Donald Trump decidiu matar o projeto, que custava US$ 10 milhões por ano, conforme alertou uma reportagem da revista Science. “É um grave erro”, afirmou Kelly Sims Gallagher, diretora do Centro de Meio Ambiente Internacional e Política de Recursos da Universidade de Tufts, em Medford, Massachusetts.
                                                                                     



Segundo a pesquisadora, a medida põe em risco os planos para verificar os cortes de emissões colocados como meta americana no Acordo de Paris.

A casa branca vêm mantendo repetidos cortes no orçamento da agência em ciências da Terra. A agência se recusou a fornecer uma razão para o cancelamento além de "restrições orçamentárias e prioridades maiores dentro do orçamento da ciência".

Embora o Congresso tenha evitado cortes no orçamento das missões da NASA, um acordo de gastos assinado em março não mencionou o CMS. Isso permitiu que a decisão do governo fosse efetivada, disse um porta-voz da NASA, Steve Cole. De acordo com ele, os subsídios existentes poderão ser concluídos, mas nenhuma nova pesquisa será apoiada.

Para o presidente do instituto de pesquisas sobre o meio ambiente Woods Hole, Phil Duffy, o CMS está diretamente associado aos tratados climáticos e no fornecimento de informações para que outras nações a entender suas emissões. “Ao contrário dos satélites que fornecem os dados, a linha de pesquisa não tinha um empreiteiro privado para fazer lobby por isso.”


Muitos dos 65 projetos apoiados pelo CMS desde 2010 se concentraram em entender o carbono capturado pelas florestas. Por exemplo, o Serviço Florestal dos EUA por muito tempo operou da Terra a principal avaliação global de carbono florestal, mas os inventários de solo e madeira com uso intensivo de mão-de-obra não se estenderam ao interior remoto do Alasca.

Com o financiamento do CMS, os cientistas da NASA trabalharam com o Serviço Florestal para desenvolver um imageador a laser baseado em aeronaves para calcular os estoques de carbono florestal. "Eles agora concluíram um inventário de carbono florestal no Alasca por uma fração do custo", diz George Hurtt, pesquisador do ciclo de carbono da Universidade de Maryland, que lidera a equipe de cientistas do CMS.

O programa também apoiou pesquisas para melhorar os estoques de carbono nas florestas tropicais. Muitas nações em desenvolvimento foram pagas para evitar o desmatamento através de mecanismos como o programa REDD +, das Nações Unidas, que está focado na redução de emissões por desmatamento e degradação florestal. Mas a limitação de dados e ferramentas para monitorar a mudança da floresta tropical muitas vezes significava que as reduções alegadas eram pouco confiáveis.

Stephen Hagen, cientista da empresa Applied GeoSolutions, fez parte de uma equipe que, com o Instituto Nacional de Aeronáutica e Espaço da Indonésia, desenvolveu ferramentas de mapeamento a laser para detectar automaticamente novas estradas e lacunas nas florestas tropicais. O governo indonésio solicita o financiamento de REDD +. O fim do CMS é decepcionante e "significa que seremos menos capazes de rastrear mudanças no carbono", diz Hagen.


Por sorte, é provável que esse trabalho de monitoramento climático desde o espaço seja assumido pelos países europeus, que já operam um satélite de monitoramento de carbono, com mais a caminho. Para o líder das pesquisas do CMS, Hurtt, resta torcer que a NASA restaure o programa. “Mitigação climática e monitoramento de carbono talvez não seja a maior prioridade agora nos Estados Unidos", diz ele. "Mas é em em qualquer outro lugar."




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