A POPULAÇÃO DE PAPAGAIOS-DE-CARA-ROXA SE RECUPERA E POR ENQUANTO NÃO ESTÁ MAIS AMEAÇADA.

O papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis) vive em uma estreita faixa da Mata Atlântica que se estende do litoral sul de São Paulo ao extremo norte de Santa Catarina, passando por toda a costa do Paraná. Cerca de 80% da população está no Paraná, onde foram registrados 7.366 papagaios.

Segundo o censo realizado em julho pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), existem 9.112 aves. A contagem é feita anualmente desde 2003, mas é a primeira desde que a espécie saiu da lista internacional de espécies ameaçadas, no final de 2017.
                                                     
O resultado é o segundo mais expressivo na história do projeto, atrás apenas de 2015, onde foi registrada uma população de 9.176 indivíduos. “Fiquei muito feliz com o resultado deste ano. É incrível saber que a população está saudável e crescendo”, comemora Marina Somenzari, bióloga do Parque das Aves de Foz do Iguaçu, que participou do Censo como voluntária pela segunda vez. “É de projetos de longo prazo como este que precisamos. Infelizmente, essas iniciativas ainda são raras no Brasil”.

Mesmo as notícias sendo boas, a situação preocupa especialistas. A maior concentração de papagaios-de-cara-roxa está em uma região ameaçada do litoral do Paraná. “Quase metade da população total da espécie se concentra nas ilhas em frente à planície litorânea da região de Paranaguá e Pontal do Paraná, muito próximo da área que o Governo do Estado pretende transformar em um complexo portuário privado”, alerta Elenise Sipinski, coordenadora do Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa. A equipe do projeto avalia que a construção do Porto de Pontal do Paraná afetaria pelo menos 4 mil papagaios-de-cara-roxa, além de gerar outros impactos ambientais e sociais na região, como a redução dos remanescentes de Mata Atlântica próximos à Ilha do Mel, segundo maior destino turístico do estado do Paraná.
Segundo Sipinski, a proteção das áreas de floresta nativa e a criação de novas Unidades de Conservação que conectem essas áreas são essenciais para a sobrevivência da espécie, devido ao seu comportamento. “Todos os dias, os papagaios-de-cara-roxa voam dos dormitórios coletivos situados nas ilhas para as planícies do continente em busca de alimento e voltam no fim da tarde para buscar abrigo”, explica.  “Por isso, a construção de um porto em frente à Ilha do Mel e ao lado da Ilha Rasa e da Cotinga, onde vivem milhares de indivíduos, é uma ameaça à recuperação da espécie.”

Em 2018, o Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa completa 20 anos acompanhando o desenvolvimento da espécie e contribuindo para o recente aumento da população no litoral do Paraná.
O aumento da população e o trabalho contínuo do projeto foram alguns dos motivos citados pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) para que o risco de extinção da espécie fosse alterado de “vulnerável” para “quase ameaçado” na Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas.

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