AS ARIRANHAS QUASE EXTINTAS-ESTÃO POVOANDO NOVAMENTE OS RIOS DA AMAZÔNIA.

Praticamente desaparecida por conta da caça. Agora, timidamente, a ariranha voltou a aparecer nos rios da Amazônia, povoando a região pouco a pouco e animando especialistas.

A ariranha é o maior carnívoro semiaquático da América do Sul, ela é associada ao equilíbrio e a saúde das águas.                                                        


Recentemente a revista científica Biological Conservation publicou uma pesquisa que indica a recuperação da espécie em diversas regiões. A pesquisa analisou sinais da presença de ariranhas na bacia do rio Içana, no noroeste do Amazonas, onde ela havia sido considerada extinta.

O estudo na bacia começou após alertas do povo baniwa, onde indicavam terem vistos ariranhas em seu território, dentro da Terra Indígena Alto Rio Negro. Segundo o Presidente da Associação Indígena da Bacia do Içana, André Baniwa, sinais dessa volta já aparecem timidamente há alguns anos. Novos caçadores estavam encontrando carcaças de peixes com mordidas que não reconheciam ao encontrar carcaças de peixes com mordidas de um bicho que não reconheciam.
A ação humana foi e continua sendo a principal ameaça aos animais. De acordo com a pesquisa, entre 1904 e 1969, cerca de 23 milhões de ariranhas foram vítimas de caça predatória, em busca de sua pele. Seu couro era uma matéria-prima extremamente requisitada, para virar chapéus, bolsas e casacos nos Estados Unidos e Europa.
Em 1946, uma loja de Manaus tinha a o couro de ariranha em seu catálogo por 180 cruzeiros, valor maior do que o da onça, por exemplo, que custava 150 cruzeiros. Segundo Baniwa, os próprios membros da comunidade caçavam os animais para trocar as peles por armas e outros bens.
Com novas leis e a demarcação dos territórios indígenas a caça do couro das ariranhas diminuiu, mas um novo problema surgiu. Elas são exímias pescadoras silenciosas e delicadas conseguem quaisquer peixes que querem e chegam a consumir 4 quilos de peixe por dia. Essa habilidade acabou se transformando em ameaça aos que vivem da pesca na região, que acabavam sacrificando as ariranhas, para não perder sua mercadoria.

Encontro com as ariranhas

Hoje tornou-se muito mais comum para os baniwa encontrar ariranhas, elas estão nos rios e até mesmo passam, vez ou outra, por dentro do povoado. “As ariranhas estão voltando, mas é só o início de um processo de recuperação”, afirma a bióloga Natália Pimenta, que chefiou a pesquisa sobre a volta da espécie ao Içana, à BBC Brasil.
A densidade da população das ariranhas ainda é baixa. Segundo Pimenta, para que a recuperação se consolide, é necessário que haja diversidade genética entre os grupos remanescentes.
Nos últimos anos, conforme a espécie começou a se recuperar no Brasil,  países vizinhos – como a Bolívia, a Colômbia e as Guianas – também viram as ariranhas ressurgirem.


Comentários