DO ESTUDO DOS CHIMPANZÉS AO ATIVISMO AMBIENTAL, JANE GOODALL MUDOU O MODO COMO VEMOS A HUMANIDADE.

Valerie Jane Morris-Goodall, tem 84 anos, primatologista britânica que fez importantes descobertas sobre o comportamento dos primatas e revolucionou a compreensão do homem sobre os animais.
Para comemorar as contribuições de Jane para ciência, selecionamos 8 fatos sobre sua vida e carreira.
1. Nunca desistiu de seus sonhos
Jane sempre sonhou em conhecer a África. Desde os 8 anos, era fascinada pelas histórias de “Tarzan”, e sabia que era naquele continente que deveria trabalhar. Porém, nem Jane nem sua família tinham dinheiro suficiente para pagar uma universidade, o que, na época, era fundamental para que a britânica começasse a desenvolver pesquisas. Então, Jane se matriculou em um curso de secretariado que lhe garantiu vários empregos. Economizando seu salário, ela conseguir comprar uma passagem para o Quênia.
2. Foi orientada pelo mesmo professor que trabalhou com Dian Fossey
No dia 14 de julho de 1960, Jane chegou ao seu destino. No Quênia, foi contratada para ser secretária de Louis Leakey, famoso paleontólogo que se dedicava a desvandar os mistérios da origem do Homo sapiens. Desde o início, Jane mostrou que tinha interesse em desenvolver pesquisas na área de Leakey, que, então, a enviou para uma expedição no Gombe Stream  National Park, Tanzânia.
Leakey foi mentor de Jane por muitos anos, assim como também orientou as primatologistas Dian Fossey e Birutė Galdikas. Juntas, eram conhecidas como os Anjos de Leakey ou as Trimatas.
3.  Seu estudo sobre chimpanzés mudou a forma como vemos a humanidade
Ainda em 1960, Jane fez importantes descobertas sobre os chimpanzés do Parque Nacional de Gombe. Primeiro, ela observou que eles também se alimentavam de carne. Na época, pensava-se que os chimpanzés eram vegetarianos, mas Jane os flagrou se alimentando de um porco-do-mato-africano e, mais tarde, testemunhou a caça de um macaco do gênero Piliocolobus, que também serviu de alimento para o grupo de chimpanzés.
Depois disso, Jane descobriu que eles também eram capazes de fabricar e usar ferramentas, características que, até então, ajudavam a definir os seres humanos. Essa observação surpreendeu os cientistas e mudou a forma como vemos a humanidade e os primatas.


O que Jane observou foram dois macacos, chamados por ela de David Greybeard e Goliath, usando um galho para coletar cupins de um cupinzeiro e se alimentar deles. Ao contar a descoberta para Leakey, o cientista respondeu: "Agora precisamos redefinir o que significa ferramenta e o que significa ser humano, ou aceitar os chimpanzés como seres humanos," gracejou o mentor.

Outra importante descoberta veio mais tarde, em 1975, quando Jane observou os chimpanzés de Gombe cometerem canibalismo. Na ocasião, as primatas Passion e Pom, mãe e filha, roubaram e mataram filhotes de sua própria comunidade para se alimentar.

4. Foi aceita em Cambridge ser ter diploma
Após suas impactantes descobertas, e com a ajuda da influência de Leakey, Jane foi aceita no programa de doutorado da Universidade de Cambridge. Em meados da década de 1960, se tornou PhD em etologia, ciência que estuda o comportamento animal, e é, até hoje, uma das poucas pessoas a cursar pós-graduação em Cambridge sem ter um diploma universitário.

5. Foi pesquisadora da National Geographic (fato que tinha seus pontos positivos e negativos)
Por muito tempo, as pesquisas de Jane foram financiadas pela National Geographic, o que significava que a primatologista teria que também divulgar seus resultados para os veículos da marca. Jane sempre soube da importância da divulgação do seu trabalho, mas, mesmo assim, nem sempre concordava ou gostava de toda a exposição que isso envolvia.

Durante sua estada no parque nacional de Gombe, a cientista demorou a aceitar que os produtores enviassem um fotógrafo para acompanhá-la. No final, acabou cedendo, porque suas fotos e as fotos de sua irmã (que fora convocada para a tarefa a pedido de Jane) não haviam lhes agradado. Mas Jane não via sentido em gravar tantas imagens de cobertura para o documentário que estava sendo feito sobre sua pesquisa. A primatologista percebia que toda aquela produção também se tratava de criar uma imagem pública dela — que nem sempre a agradava.

Em 1963, a National Geographic publicou a primeira reportagem de capa sobre seus estudos. Em 1965, foi lançado o documentário “Miss Goodall and the Wild Chimpanzees” que divulgou o trabalho de Jane internacionalmente.
                                                                                     

6. Enfrentou a comunidade acadêmica
Por ser jovem e ser mulher, Jane não foi bem aceita pela comunidade científica e foi bastante romantizada pela mídia. Em uma matéria da Associated Press sobre suas pesquisas, por exemplo, foi retratada como “Loura esguia com mais tempo para macacos do que para homens”.
Além disso, Jane não era muito fã dos rigorosos métodos científicos. Ela, por exemplo, dava nome aos primatas que encontrava, quando, na verdade, era recomendado que os macacos fossem identificados por números.

7. Das pesquisas ao ativismo
Mais amadurecida e com a carreira científica consolidada, Jane Goodall passou a dedicar boa parte de seus esforços ao ativismo ambiental.

Tudo começou em 1977, quando a primatologista fundou o Jane Goodall Institute, onde conseguiu dar continuidade à sua pesquisa sobre populações de chimpanzés e estendeu a bandeira da proteção animal e conservação ambiental.
A participação de Jane na conferência Understanding Chimpanzees, em Chicago, 1986, também influenciou bastante a pesquisadora, que passou a se declarar abertamente uma ativista.

Cinco anos mais tarde, Jane inaugurou a Roots & Shoots is Founded, uma instituição que encoraja a juventude na Tanzânia a criar suas próprias soluções para os problemas ambientais enfrentados no país. Em 2004, Jane Goodall foi nomeada Mensageira da Paz pelas Nações Unidas.

8. Vida pessoal
Apesar de ter se oposto à presença de fotógrafos em sua estada em Gombe, Jane se deu muito bem com Hugo van Lawick, fotógrafo holandês que foi escalado para cobrir as pesquisas em Gombe. Após algum tempo de convivência, ele a pediu em casamento e, em 1967, tiveram um filho. 

Em 1974, Jane e Hugo se divorciaram e, em 1975, a cientista se casou com o ativista Derek Bryceson, que morreu em 1980 por causa de um câncer.













Comentários