Para explorar madeira na Amazônia , é preciso respeitar as leis de manejo florestal. Assim, as empresas apresentariam um inventário do número de espécies e, a partir dele, é determinado o volume de madeira que pode ser extraído sem prejudicar o ciclo de regeneração sustentável da floresta.
A pesquisa foi feita com base na mais valiosa madeira florestal, do ipê amarelo, que chega a valer US$ 2,5 mil por metro cúbico depois de processado. Constatou irregularidades em cerca de 77% dos inventários florestais emitidos para exploração de ipê no Pará, no período de 2013 a 2017.
Uma pesquisa recente realizada por pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), publicada dia 15 de agosto na revista Science Advance, mostra que o problema vai muito além do ipê. Há fortes indícios de que diversas espécies valiosas de madeira amazônica vêm sendo superestimadas para gerar créditos falsos de movimentação de madeira.
Liderados por Pedro Brancalion e Edson Vidal, os pesquisadores analisaram a ocorrência e a densidade natural de onze espécies de madeira no Pará, publicadas em inventários científicos e governamentais. Eles fizeram a comparação com a ocorrência e a densidade declarada destas espécies nos pedidos de licenciamento de planos de manejo.
A surpresa foi que quanto maior o valor da madeira, maior a discrepância entre a quantidade dessa madeira declarada no inventário feito para licenciar o corte e a quantidade média encontrada nos inventários governamentais. Ou seja, as espécies mais valiosas tiverem um volume de madeira licenciado muito maior que o permitido.
As árvores das espécies morcegueira, piquiá, cupiúba, angico, sucupira-preta, itaúba, maçaranduba, jatobá, cumaru e taninbuca - todas madeiras de alto valor - são os alvos das motosserras. “Avaliações de campo confirmaram indícios de fraudes para as espécies madeireiras mais valiosas e estratégias complementares para gerar um ‘excedente’ de madeira licenciada que possa ser usada para legalizar madeira proveniente da extração ilegal”, explica o pesquisador da Esalq, Edson Vidal.
O volume das árvores indicadas nos inventários florestais é superestimado ou são “inventadas” árvores de alto valor comercial para geração de créditos falsos. Esses créditos são, então, transferidos para “esquentar” a contabilidade de serrarias, dando um lastro de legalidade à madeira roubada de florestas em terras indígenas, unidades de conservação e terras públicas não destinadas (terras ainda sem destino dado pelo governo), onde essa atividade é proibida ou destinada às populações tradicionais.
Conservar espécies vegetais de interesse das madereiras na Amazônia requer um novo modelo que inclui aplicação e modernização de licenças de exploração, bem como um envolvimento significativo de todos os grupos de partes interessadas, explica o pesquisador Edson Vidal.
“A conversão de papelada para plataformas digitais não só reduziria os numerosos problemas causados pela burocracia e pelas oportunidades de corrupção, poderia também aumentar a transparência e permitir uma melhor integração de bancos de dados existentes para orientar a tomada de decisões.
www.econews.com.br
A pesquisa foi feita com base na mais valiosa madeira florestal, do ipê amarelo, que chega a valer US$ 2,5 mil por metro cúbico depois de processado. Constatou irregularidades em cerca de 77% dos inventários florestais emitidos para exploração de ipê no Pará, no período de 2013 a 2017.
Uma pesquisa recente realizada por pesquisadores da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), publicada dia 15 de agosto na revista Science Advance, mostra que o problema vai muito além do ipê. Há fortes indícios de que diversas espécies valiosas de madeira amazônica vêm sendo superestimadas para gerar créditos falsos de movimentação de madeira.
Liderados por Pedro Brancalion e Edson Vidal, os pesquisadores analisaram a ocorrência e a densidade natural de onze espécies de madeira no Pará, publicadas em inventários científicos e governamentais. Eles fizeram a comparação com a ocorrência e a densidade declarada destas espécies nos pedidos de licenciamento de planos de manejo.
A surpresa foi que quanto maior o valor da madeira, maior a discrepância entre a quantidade dessa madeira declarada no inventário feito para licenciar o corte e a quantidade média encontrada nos inventários governamentais. Ou seja, as espécies mais valiosas tiverem um volume de madeira licenciado muito maior que o permitido.
As árvores das espécies morcegueira, piquiá, cupiúba, angico, sucupira-preta, itaúba, maçaranduba, jatobá, cumaru e taninbuca - todas madeiras de alto valor - são os alvos das motosserras. “Avaliações de campo confirmaram indícios de fraudes para as espécies madeireiras mais valiosas e estratégias complementares para gerar um ‘excedente’ de madeira licenciada que possa ser usada para legalizar madeira proveniente da extração ilegal”, explica o pesquisador da Esalq, Edson Vidal.
O volume das árvores indicadas nos inventários florestais é superestimado ou são “inventadas” árvores de alto valor comercial para geração de créditos falsos. Esses créditos são, então, transferidos para “esquentar” a contabilidade de serrarias, dando um lastro de legalidade à madeira roubada de florestas em terras indígenas, unidades de conservação e terras públicas não destinadas (terras ainda sem destino dado pelo governo), onde essa atividade é proibida ou destinada às populações tradicionais.
Conservar espécies vegetais de interesse das madereiras na Amazônia requer um novo modelo que inclui aplicação e modernização de licenças de exploração, bem como um envolvimento significativo de todos os grupos de partes interessadas, explica o pesquisador Edson Vidal.
“A conversão de papelada para plataformas digitais não só reduziria os numerosos problemas causados pela burocracia e pelas oportunidades de corrupção, poderia também aumentar a transparência e permitir uma melhor integração de bancos de dados existentes para orientar a tomada de decisões.
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