O BRASIL TEM IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA NA PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE E PODE AUMENTAR AS ÁREAS PROTEGIDAS.

A Organização das Nações Unidas, por meio da Convenção da Diversidade Biológica, firmou compromisso com mais de 190 países, inclusive o Brasil, para que até 2020 consigamos atingir a meta de preservação de 17% das áreas terrestres e 10% dos mares. 


A posição do entomólogo Edward O. Wilson, professor emérito da Universidade de Harvard e um dos nomes mais importantes da conservação mundial, é de que 50% das áreas do planeta devem ser protegidas para que 85% das espécies fiquem fora do risco de extinção. Essa proposta, defendida por ele no seu livro “Half Earth” (Metade do Planeta, em tradução livre), de 2016, inspirou-o a liderar um projeto de mesmo nome.
                                                                         
Resultado de imagem para convenção da ONU sobre a biodiversidade

Numa conversa sobre questões ambientais com o E.O. Wilson, considerado o pai da biodiversidade, ele reconhece o valor brasileiro em escala global: “O Brasil possui a maior quantidade mundial de diversidade biológica e tem um recurso inestimável, que estamos apenas começando a imaginar como pode ser utilizado para a saúde da humanidade e para avanços futuros em ciência e tecnologia.” Ele aponta o nosso descaso: “O Brasil não está cuidando adequadamente dessa riqueza herdada. A Amazônia, maior floresta tropical do mundo em extensão e em biodiversidade, ainda está sendo cortada rápido demais. E grande parte do Cerrado, uma área singular e um dos principais habitats do mundo, foi substituída muito rapidamente por campos de agricultura”.

No caso do Brasil a expansão do agronegócio, por meio de pastagens e monoculturas, como a de soja, é a principal causa da redução de habitats naturais. Dados do Ministério do Meio Ambiente e da Funai (Fundação Nacional do Índio) indicam que em 2018, apesar de cerca de 52% da Amazônia estar dentro de áreas protegidas, nenhum dos demais biomas (Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal) chega a 15% de proteção. “Minha esperança é de que o Brasil, como se fosse alguém muito rico que herdou uma grande fortuna, consiga manter sua condição não só para sua prosperidade e sua influência no mundo, mas também pelo seu importante protagonismo que será revelado somente em séculos futuros”.

Por que temos que preservar tudo isso, não podemos salvar apenas uma parte? Por que é um problema terrível ter muitas espécies sendo extintas ou removidas pela destruição de habitats?”. E ele continua: “A resposta é que essas espécies, presentes em grande número na Amazônia, Cerrado e outros ambientes incluindo a grande Mata Atlântica brasileira, são resultado de milhões de anos de evolução, durante os quais atingiu-se um equilíbrio. Esse sistema poderia continuar funcionando sozinho por muitos milhões de anos. Porém, se retirarmos muitos desses elementos que garantem a estabilidade e autossustentabilidade do ambiente, o ecossistema estará em risco ou entrará em colapso, e a natureza perderá a estabilidade para manter o planeta sem ajuda da humanidade”. 

Comentários