OS RESERVATÓRIOS DE ÁGUA PARA ABASTECER SÃO PAULO DEMONSTRA QUE O ESTADO NÃO APRENDEU COM A CRISE DE 2015.
O Sistema Cantareira entrou novamente em estado de alerta em 29 de julho de 2018, quando chegou a 39,9% de sua capacidade. A quantidade de água armazenada é a mais baixa para o mês de julho desde 2015, quando o Estado enfrentava a crise hídrica.
Segundo as novas regras da operação, em vigor desde 2017, o sistema entra automaticamente na “faixa 3” de estado de alerta, quando o sistema fica abaixo de 40%. Para ser considerado normal, precisa chegar a 60%. Na crise hídrica, que atingiu principalmente a Região Metropolitana de São Paulo, o Sistema Cantareira chegou ao volume morto, reservatório de emergência situado abaixo das comportas das represas, cuja água nunca havia sido utilizada para atender a população.
Também houve redução de pressão nas tubulações pela Sabesp, medida que deixou sem água moradores de municípios do interior e bairros mais afastados da capital. Economista, Bruno Peregrina Puga investigou, em sua tese de doutorado pela Unicamp, como atores da governança dos recursos hídricos do estado de São Paulo lidaram com a crise.
“Com a possibilidade de maior ocorrência de eventos climáticos extremos, devido a intensificação das mudanças climáticas, temos que avaliar se temos capacidade adaptativa frente a tais eventos e quais são os gargalos que impedem que se atinja a segurança hídrica”
A água é usada de maneira “burra” no Brasil, pois a versão potável do líquido acaba servindo para todo tipo de propósito, inclusive os menos nobres, como a irrigação urbana ou descarga de vasos sanitários.
Deveriamos aumentar a utilização de “água inferior”, ou seja, de reúso, para esses fins. “No Brasil, falta legislação que regule o uso ‘direto’ da água de reúso em empresas”, declarou Zuffo. Ele explica que empresas têm de realizar processos mais complexos e custosos, que envolvem lançar o líquido usado no curso d’água para, em seguida, recapturá-lo.
Foi o que fez, por exemplo, a companhia de abastecimento Sanasa, que serve a região de Campinas, no Aeroporto de Viracopos.
“Qualquer planta de reúso requer um licenciamento ambiental e esses licenciamentos são muito difíceis de serem conseguidos porque não temos clareza sobre limites e sobre parâmetros da qualidade que essa água, que vai ser feita de reúso, deve ter para aplicação”, explicou o coordenador de Implementação de Projetos Indutores da Agência Nacional de Águas (ANA), Devanir Garcia dos Santos.
As principais fontes de degradação da água no Brasil são: poluição por esgotos domésticos e toda a sorte de poluição gerada nas cidades; contaminação por fertilizantes e agrotóxicos; superexploração e poluição resultante de processos de mineração - sem contar o alto risco da atividade, como ficou provado pelo ainda impune rompimento de barragens em Mariana (MG).
Associado a todos esses processos, está o desmatamento em escala local, regional e nacional, comprometendo as condições naturais de renovação de água e a capacidade de resistir às variações do clima. O Sistema Cantareira, em São Paulo, é um excelente exemplo.
Com 80% da vegetação no entorno de suas represas e nascentes desmatada, o Sistema não resistiu à forte estiagem que assolou a região entre 2013 e 2015.
Segundo as novas regras da operação, em vigor desde 2017, o sistema entra automaticamente na “faixa 3” de estado de alerta, quando o sistema fica abaixo de 40%. Para ser considerado normal, precisa chegar a 60%. Na crise hídrica, que atingiu principalmente a Região Metropolitana de São Paulo, o Sistema Cantareira chegou ao volume morto, reservatório de emergência situado abaixo das comportas das represas, cuja água nunca havia sido utilizada para atender a população.
Também houve redução de pressão nas tubulações pela Sabesp, medida que deixou sem água moradores de municípios do interior e bairros mais afastados da capital. Economista, Bruno Peregrina Puga investigou, em sua tese de doutorado pela Unicamp, como atores da governança dos recursos hídricos do estado de São Paulo lidaram com a crise.
“Com a possibilidade de maior ocorrência de eventos climáticos extremos, devido a intensificação das mudanças climáticas, temos que avaliar se temos capacidade adaptativa frente a tais eventos e quais são os gargalos que impedem que se atinja a segurança hídrica”
A água é usada de maneira “burra” no Brasil, pois a versão potável do líquido acaba servindo para todo tipo de propósito, inclusive os menos nobres, como a irrigação urbana ou descarga de vasos sanitários.
Deveriamos aumentar a utilização de “água inferior”, ou seja, de reúso, para esses fins. “No Brasil, falta legislação que regule o uso ‘direto’ da água de reúso em empresas”, declarou Zuffo. Ele explica que empresas têm de realizar processos mais complexos e custosos, que envolvem lançar o líquido usado no curso d’água para, em seguida, recapturá-lo.
Foi o que fez, por exemplo, a companhia de abastecimento Sanasa, que serve a região de Campinas, no Aeroporto de Viracopos.
“Qualquer planta de reúso requer um licenciamento ambiental e esses licenciamentos são muito difíceis de serem conseguidos porque não temos clareza sobre limites e sobre parâmetros da qualidade que essa água, que vai ser feita de reúso, deve ter para aplicação”, explicou o coordenador de Implementação de Projetos Indutores da Agência Nacional de Águas (ANA), Devanir Garcia dos Santos.
As principais fontes de degradação da água no Brasil são: poluição por esgotos domésticos e toda a sorte de poluição gerada nas cidades; contaminação por fertilizantes e agrotóxicos; superexploração e poluição resultante de processos de mineração - sem contar o alto risco da atividade, como ficou provado pelo ainda impune rompimento de barragens em Mariana (MG).
Associado a todos esses processos, está o desmatamento em escala local, regional e nacional, comprometendo as condições naturais de renovação de água e a capacidade de resistir às variações do clima. O Sistema Cantareira, em São Paulo, é um excelente exemplo.
Com 80% da vegetação no entorno de suas represas e nascentes desmatada, o Sistema não resistiu à forte estiagem que assolou a região entre 2013 e 2015.
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