A UMIDADE DA FLORESTA AMAZÔNICA REVELOU EM ÁREAS ALAGADAS MAIS ESPÉCIES DE ÁRVORES.

Áreas úmidas possuem períodos de cheia que se diferenciam muito de um ano para o outro. Este período incerto das cheias é o que, provavelmente, influencia na diversidade das árvores da Amazônia.
“Conforme a inundação fica mais curta, menos intensa, a composição das espécies de árvores tende a se aproximar da encontrada em terra firme. No entanto, uma vez que essas espécies desenvolvem tolerância ao período de cheia, mesmo que seja inicialmente uma tolerância baixa, isso abre caminho para que as espécies colonizem novos ambientes inundados. Isso eventualmente pode levar a uma especialização dos indivíduos de área úmida, que se tornam diferentes dos indivíduos de terra firme”, disse Freire Silva.
A América do Sul é considerada a região com maior quantidade de áreas úmidas, ecossistema fundamental para o balanço de água doce no planeta.
 Na Amazônia existem florestas que passam quase metade do ano alagadas. Elas estão nos igapós, pântanos, campinas, mangues e várzeas. Um novo estudo aponta que a diversidade de árvores da Amazônia úmida é três vezes maior do que se acreditava.
                                                                              
Realizado pelo Programa BIOTA, o novo estudo reúne 3.615 espécies de árvores nestes habitats da Amazônia, o que configura a maior diversidade em áreas úmidas do mundo. O considerável aumento das espécies é resultado da ampliação das áreas de investigação e dos tipos de habitats.
Estudos anteriores focavam apenas nas florestas alagáveis das várzeas dos rios de água branca e nas planícies de inundação. Incluímos dados de igapós, de campinas alagadas e de mangues, por exemplo. Conseguimos também acrescentar dados, além da calha do Solimões-Amazonas, de afluentes importantes a partir de raros inventários florestais nos rios Purus, Juruá, Madeira e vários outros”, explica um dos autores, Bruno Garcia Luize.
Para os pesquisadores, a alta quantidade de espécies arbóreas é indicador de que as áreas úmidas têm papel importante no mecanismo de manutenção e geração de diversidade na Amazônia. “Tradicionalmente, esse papel é atribuído aos Andes, com seu gradiente climático. Mas o fato de encontrarmos quase todas as famílias e gêneros bem distribuídos, com espécies capazes de colonizar áreas úmidas, sugere que esse ecossistema esteja envolvido no processo de diversificação há bastante tempo”, explica Thiago Sanna Freire Silva, coordenador do estudo.

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