A REALIDADE DO SOFRIMENTO POR CONTA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS CHEGA AO BRASIL E ESTÁ NAS TELAS DE CINEMA.
As mudanças climáticas já são uma realidade, presente na vida de brasileiros da cidade e do campo em diferentes regiões do país.
Seis histórias ilustram o documentário “Amanhã é Hoje - O Drama de Brasileiros Impactados pelas Mudanças Climáticas”, lançado nesta quinta-feira (6/12) no Espaço Brasil da COP-24, a Conferência do Clima da ONU, que está sendo realizada em Katowice, na Polônia.
São relatos como o da agricultora Maria José Pereira da Rocha, de São José do Egito, em Pernambuco, que conviveu com uma seca que durou seis anos. “Foi a pior seca que eu já vivi. Por mais que no sertão a aridez seja comum, conseguimos aguentar por um ano. Outra, bem diferente, é uma estiagem que dure seis anos”, disse.
“Não temos nenhuma condição de nos preparar para isso. Não morremos porque minha casa tem cisterna, abastecida a cada dois dias por carros pipas”, continuou a agricultora de 37 anos. “Aqui na minha terra as plantas não resistiram. Não tinha o que dar para alimentar os animais e ninguém queria os bichos nem de graça. Vi muitas ovelhas morrerem.”
Já para Celiana Cypcwyk Krikati, moradora e chefe brigadista de incêndio da Terra Indígena Krikati, no Maranhão, o fogo é o problema. “Um incêndio queimou 60% da nossa terra. Como as chuvas diminuíram e o calor aumentou, a chama se espalhou rápido. As lideranças decidiram criar uma brigada indígena voluntária para proteger a comunidade e o território. Fui a única mulher escolhida e me tornei a chefe da brigada.”
“Sem recursos, chegamos a combater o fogo de chinelos”, conta Krikati, que tem 21 anos. “Para alcançar alguns focos de incêndio, às vezes caminhamos dentro do território por dias porque não temos viaturas. Fico com medo — tenho uma filha pequena — , mas tenho mais medo ainda de ela não ter uma terra protegida para crescer.”
Em Santos, a microempresária Patrícia Amado observava a mudança no clima pela janela de sua casa. “Moro na beira da praia há 20 anos. Nesse tempo, vi as ressacas chegarem cada vez mais fortes e frequentes. Lembro que em 2005 a água entrou na garagem do prédio e tentei salvar meu carro. As luzes foram cortadas, só conseguia sentir o cheiro e o barulho da água invadindo tudo.”
“Dez anos depois, veio outra ressaca, mais forte ainda. A água inundou a garagem toda de novo e alcançou a portaria do prédio, quebrando vários vidros. Das duas vezes, perdi um carro. Depois da última ressaca, decidi que não teria mais automóvel enquanto vivesse aqui.”
Esses são apenas alguns exemplos abordados no documentário, que ainda lembra da comunidade caiçara centenária do litoral paulista obrigada a mudar de lugar em razão erosão causada pelo avanço do mar; do comerciante fluminense que testemunhou seu negócio ser destruído pelas chuvas e deslizamentos que deixou centenas de mortos em Friburgo (RJ), em 2011; e do produtor de ostras catarinense penalizado pelo aumento da temperatura do mar.
O documentário, dirigido por Thais Lazzeri, é uma realização coletiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Artigo 19, Conectas Direitos Humanos, Engajamundo, Greenpeace, Instituto Alana e Instituto Socioambiental (ISA).
A pedido das organizações, o professor de Economia da USP Ricardo Abramovay, do pesquisador Carlos Souza, do Imazon, e do climatologista José Marengo, do INPE, além de contribuírem com depoimentos para o documentário, prepararam dois trabalhos inéditos.
Em "A Amazônia precisa de uma economia do conhecimento da natureza", de Ricardo Abramovay, do Instituto de Energia e Ambiente da USP., e "Mudanças Climáticas: impactos e cenários para a Amazônia", de José Marengo, do INPE e Carlos Souza Jr., do Imazon, os especialistas revelam como o desmatamento, em especial da Amazônia, agrava os impactos do clima na produção agropecuária, no fornecimento de água do país, na emissão de gases de efeito estufa, nos incêndios florestais, entre outros, afetando ainda mais brasileiros.
Você pode conferir gratuitamente o documentário no site do "O Amanhã é Hoje"
Seis histórias ilustram o documentário “Amanhã é Hoje - O Drama de Brasileiros Impactados pelas Mudanças Climáticas”, lançado nesta quinta-feira (6/12) no Espaço Brasil da COP-24, a Conferência do Clima da ONU, que está sendo realizada em Katowice, na Polônia.
São relatos como o da agricultora Maria José Pereira da Rocha, de São José do Egito, em Pernambuco, que conviveu com uma seca que durou seis anos. “Foi a pior seca que eu já vivi. Por mais que no sertão a aridez seja comum, conseguimos aguentar por um ano. Outra, bem diferente, é uma estiagem que dure seis anos”, disse.
“Não temos nenhuma condição de nos preparar para isso. Não morremos porque minha casa tem cisterna, abastecida a cada dois dias por carros pipas”, continuou a agricultora de 37 anos. “Aqui na minha terra as plantas não resistiram. Não tinha o que dar para alimentar os animais e ninguém queria os bichos nem de graça. Vi muitas ovelhas morrerem.”
Já para Celiana Cypcwyk Krikati, moradora e chefe brigadista de incêndio da Terra Indígena Krikati, no Maranhão, o fogo é o problema. “Um incêndio queimou 60% da nossa terra. Como as chuvas diminuíram e o calor aumentou, a chama se espalhou rápido. As lideranças decidiram criar uma brigada indígena voluntária para proteger a comunidade e o território. Fui a única mulher escolhida e me tornei a chefe da brigada.”
“Sem recursos, chegamos a combater o fogo de chinelos”, conta Krikati, que tem 21 anos. “Para alcançar alguns focos de incêndio, às vezes caminhamos dentro do território por dias porque não temos viaturas. Fico com medo — tenho uma filha pequena — , mas tenho mais medo ainda de ela não ter uma terra protegida para crescer.”
Em Santos, a microempresária Patrícia Amado observava a mudança no clima pela janela de sua casa. “Moro na beira da praia há 20 anos. Nesse tempo, vi as ressacas chegarem cada vez mais fortes e frequentes. Lembro que em 2005 a água entrou na garagem do prédio e tentei salvar meu carro. As luzes foram cortadas, só conseguia sentir o cheiro e o barulho da água invadindo tudo.”
“Dez anos depois, veio outra ressaca, mais forte ainda. A água inundou a garagem toda de novo e alcançou a portaria do prédio, quebrando vários vidros. Das duas vezes, perdi um carro. Depois da última ressaca, decidi que não teria mais automóvel enquanto vivesse aqui.”
Esses são apenas alguns exemplos abordados no documentário, que ainda lembra da comunidade caiçara centenária do litoral paulista obrigada a mudar de lugar em razão erosão causada pelo avanço do mar; do comerciante fluminense que testemunhou seu negócio ser destruído pelas chuvas e deslizamentos que deixou centenas de mortos em Friburgo (RJ), em 2011; e do produtor de ostras catarinense penalizado pelo aumento da temperatura do mar.
O documentário, dirigido por Thais Lazzeri, é uma realização coletiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Artigo 19, Conectas Direitos Humanos, Engajamundo, Greenpeace, Instituto Alana e Instituto Socioambiental (ISA).
A pedido das organizações, o professor de Economia da USP Ricardo Abramovay, do pesquisador Carlos Souza, do Imazon, e do climatologista José Marengo, do INPE, além de contribuírem com depoimentos para o documentário, prepararam dois trabalhos inéditos.
Em "A Amazônia precisa de uma economia do conhecimento da natureza", de Ricardo Abramovay, do Instituto de Energia e Ambiente da USP., e "Mudanças Climáticas: impactos e cenários para a Amazônia", de José Marengo, do INPE e Carlos Souza Jr., do Imazon, os especialistas revelam como o desmatamento, em especial da Amazônia, agrava os impactos do clima na produção agropecuária, no fornecimento de água do país, na emissão de gases de efeito estufa, nos incêndios florestais, entre outros, afetando ainda mais brasileiros.
Você pode conferir gratuitamente o documentário no site do "O Amanhã é Hoje"
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