O DEGELO DA ANTÁRTIDA É INEVITÁVEL COMO A PROVÁVEL EXTINÇÃO DOS PINGUINS.

O trabalho científico sobre mudança climática mais importante de 2018 foi publicado em meados de junho na revista “Nature”. Nele, um grupo de 84 cientistas de 44 instituições esmiuçou duas dezenas de séries de dados de satélite para produzir uma grande estimativa do estado de saúde do gelo da Antártida. As conclusões não são nada boas: o continente branco perdeu quase 3 trilhões de toneladas de gelo entre 1992 e 2017. E o ritmo de perda triplicou nos últimos cinco anos.

Igualmente forte é a ligação entre aumento de temperatura e a concentração de gases de efeito estufa. As concentrações de gás carbônico (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) são maiores hoje do que as medidas no gelo antártico nos últimos 800 mil anos. Hoje há 17 locais na Antártida de onde são extraídas amostras antigas de gelo – e todas contam a mesma história sobre a composição da atmosfera no passado.

Mas não apenas isso: um dos estudos publicados na “Nature” mostra também que a taxa de crescimento da concentração de CO2 na atmosfera hoje é 20 vezes maior do que em qualquer período­ nos últimos 800 mil anos – quando variações na órbita da Terra iniciaram e terminaram eras do gelo.

Segundo um dos estudos de junho, liderado pelo australiano Steve Rintoul, duas espécies de pinguim, o pinguim-de-adélia e o pinguim-de-barbicha, terão reduções dramáticas em suas populações em 2070 a persistirem as emissões atuais. Uma terceira espécie, o pinguim-de-papua, vai prosperar num primeiro momento e depois declinar.
                                              

Mas não são apenas eles: o krill, base da cadeia alimentar antártica, vai colapsar devido à perda progressiva do gelo marinho, que pode chegar a 43% de redução; caranguejos subpolares invadirão o Oceano Austral; e grama nascerá onde hoje só há rocha e gelo. O número de invasões biológicas será dez vezes maior do que hoje, desestabilizando um dos ecossistemas mais frágeis da Terra.

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