JOVEM ATIVISTA DESABAFA: "O BRASIL AINDA NÃO TEM UMA EDUCAÇÃO CLIMÁTICA.

Ana Carolina Amaral
“Para que estudar se não há futuro?” A questão que levou a estudante sueca Greta Thunberg, 16, a faltar às aulas em protesto contra a crise climática, há menos de um ano, ganha proporções globais nesta sexta (15), com uma greve puxada por estudantes em centenas de cidades de todos os continentes.
No Brasil, as ameaças ao futuro dos estudantes se mostram de curtíssimo prazo. A violência cotidiana, para além de episódios chocantes como o massacre de Suzano, figura entre os desafios mais urgentes. No entanto, isso também não tem gerado manifestações estudantis por aqui.
O pano de fundo da inação pode ser comum às diversas crises e um velho conhecido: a falta de investimento em educação.
“O nosso país não tem nenhuma política educacional sobre clima aplicada nas nossas escolas, os nossos jovens não são formados sobre a importância de falar sobre o tema, e acima de tudo, são minados todos os momentos dos seus direitos de manifestação e pensamento crítico”, afirma o cientista social Iago Hairon, de 25 anos. Ele também é um dos coordenadores da ONG Engajamundo, que tem mobilizado jovens brasileiros para participar das conferências climáticas da ONU.
A falta de educação climática no Brasil pode ajudar a explicar como o papel do aquecimento global passa despercebido pelo debate público sobre a intensificação de eventos extremos como as tempestades, enxurradas e enchentes – que provocaram 13 mortes em apenas um dia em São Paulo, na noite do último domingo (10).
Enquanto o engajamento brasileiro com a greve do clima só começou a aparecer na última semana e, ainda assim, conseguiu marcar 24 protestos na agenda do movimento Fridays for Future (Sextas pelo Futuro, em tradução livre), a greve pelo clima já tem protestos mensais ou até semanais nos países europeus e deve continuar sendo convocada após esta sexta.
“Se jovens e crianças hoje tomam as ruas na Europa é porque há alguns anos governos como o da Suécia, Dinamarca, Alemanha e França começaram a fazer alguns poucos esforços em educação climática, resultando em um maior entendimento sobre o tema”, afirma Hairon.
Segundo ele, a Política Nacional de Educação Ambiental, aprovada em 1999, “foi deixada de lado e não representou uma área estratégica para nenhum governo, travando a educação ambiental e climática nas escolas”.

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