OS ATIVISTAS LATINOS (HERÓIS DO MEIO AMBIENTE) AMEAÇADOS DE MORTE.

Entre 2002 e 2013, um total de 908 pessoas morreram por sua luta em defesa do meio ambiente – 760 delas em países da América Latina, segundo um relatório da ONG Global Witness. As nações mais perigosas para os ativistas a favor da natureza são o Brasil, Honduras, o Peru e a Colômbia. Mora se tornou um herói popular e é um nome a mais na longa lista de ecologistas que lutam diariamente no anonimato e de cujo trabalho mal se tem notícia na imprensa, a não ser se sofrem ataques graves.

A mexicana Guadalupe del Río, de 60 anos, sabe que proteger o meio ambiente não pode ser uma luta separada do trabalho com as comunidades que habitam um determinado local. “Em um país como o México, onde quase todos os territórios têm dono, é preciso cooperar com a população porque é ela que vai cuidar dos recursos naturais”, explica essa bióloga, fundadora da organização Alternare, em 1998. 
Guadalupe del Río na Reserva da Biosfera Mariposa Monarca.

Ela conta que, junto com uma colega, trabalhava pela preservação de algumas espécies em vias de extinção, como o coelho teporingo, nativo do México. Seus olhos se concentraram no que hoje se conhece como a Reserva da Biosfera Mariposa Monarca, localizada no Estado de Michoacán, no centro do país.



Edwin Chota, o líder peruano da etnia ashaninka, assassinado em 1o de setembro por madeireiros ilegais. Chota tinha 53 anos e havia passado a última década lutando contra as máfias que derrubavam árvores. Também defendia a demarcação das terras das comunidades amazônicas. 

Miller Dussan Calderón, colombiano de 64 anos, diz dedicar 14 horas diárias ao Movimento Rios Vivos, que defende os territórios atingidos por represas – uma ocupação que ele alterna com suas aulas da Universidade Surcolombiana. O mesmo que José Yañez, zoólogo chileno de 63 anos, que depois de cumprir com suas jornadas em um museu de história natural se dedica a presidir o Comitê Pró-Defesa da Fauna e da Flora (Codeff), cujo objetivo é incentivar a preservação da natureza e o desenvolvimento sustentável.
Miller Dussan Calderón, membro do Movimento Rios Vivos, Colômbia.

Os dias desses ecologistas são longos e começam ainda de madrugada. Dussan, assim como a líder peruana Buendía, dedica sua vida para que as comunidades nativas sejam consultadas antes do início das obras de algum projeto hidrelétrico ou de mineração que possa ter impacto em suas terras. “As multinacionais exploram e terminam com a biodiversidade do país, e se aproveitam da mão-de-obra barata. 

Contaminam nossos rios, matam os peixes, deixam milhares de famílias sem trabalho e colocam em risco a saúde das pessoas. No fim, só resta a elas a emigração forçada. A verdade é que existem soluções energéticas alternativas, mas eles só buscam o benefício econômico rápido”.

A maioria dos assassinatos de ambientalistas ocorre na região amazônica, principalmente no Brasil, afirma Chris Moye, representante da Global Witness. “Nessa região, a impunidade prevalece e a lei das armas é mais forte do que o Estado de direito”, explica ele, falando desde a sede da ONG, em Londres. “Queremos ser a voz daqueles que não têm voz”, responde o chileno Yañez, citando o lema da organização que preside, a Codeff, e na qual entrou como voluntário há 29 anos.

José Yáñez próximo à Caleta Tortel na região de Aysén, Chile.

Guadalupe del Río concorda: “Se a espécie humana quer se manter no planeta, todos nós – do campo e das cidades – temos que aprender a aproveitar os recursos naturais de maneira inteligente”. Ela dedica sua vida à Reserva da Mariposa Monarca; Ruth Buendía defende seu povo; José Yañez dirige uma organização para garantir a sobrevivência de certas espécies, e Miller Dussan incentiva os colombianos a salvar seus rios. A luta diária dessas pessoas ocupa um vazio que os Governos deixaram para segundo plano. Uma batalha pouco reconhecida, sem uma remuneração atraente e, muitas vezes, carregada de ameaças.




Comentários

  1. Os Ecologistas lutam para a preservação do patrimônio natural, com as comunidades locais, no anonimato, com baixa remuneração, mas com um coração enorme sabendo que somente
    serão notícia quando sofrerem ataques graves.

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