A ÁGUA DOS VAZAMENTOS AQUI NO BRASIL PODERIA ABASTECER 35% DA POPULAÇÃO EM TODO PAÍS.

O indicador de perdas de água potável nos sistemas de distribuição é um dos mais negligenciados no Brasil, mesmo após a crise hídrica que afetou a Região Sudeste, entre 2014 e 2016, e a que ainda afeta o Nordeste. Isso mostra o quanto é importante o cidadão poupar a água potável nas residências, mas, principalmente, o quanto o poder público e empresas operadoras de água precisam melhorar .

O sistema de abatecimento é uma das infraestruturas mais atrasadas do Brasil, o saneamento básico enfrenta dificuldades diversas e que vão além da expansão das redes de água e esgotos. Há problemas graves de eficiência no setor.

perda de água no brasil

Com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), ano base 2017, o estudo mostra que a média de perda de água potável no país foi de 38,3%, ou seja, para cada 100 litros de água captada, tratada e pronta para ser distribuída, 38 litros ficam pelo caminho devido aos vazamentos, erros de leitura dos hidrômetros, furtos (famoso “gatos”), entre outros problemas. Isso significou uma perda de 6,5 bilhões de m³ – equivalente a mais de 7 mil piscinas olímpicas por dia. 

Se considerarmos apenas as perdas físicas (estimadas em 3,5 bilhões de m3), ou seja, vazamentos: a água que realmente não chegou na casa das pessoas, o volume desperdiçado seria suficiente para abastecer 30% da população brasileira por um ano (60 milhões de pessoas). Em termos financeiros, a perda de faturamento custou para o país R$ 11,3 bilhões, valor superior ao total de recursos investidos em água e esgotos no Brasil em 2017 (R$ 11 bilhões).
É importante compreender que as perdas de água potável ocorrem de maneiras diversas, sendo as mais comuns os vazamentos, roubos/furtos de água e erros de leitura ou leituras imprecisas devido aos hidrômetros serem muito antigos.

Comparação com outros países

Comparativamente a outros países, o Brasil possui índices de perdas muito mais elevados que países menos desenvolvidos, tais como Bangladesh, Uganda e África do Sul, com perdas de 21,6%, 33,5% e 33,7%, respectivamente (Tabela 1).
Por sua vez, os indicadores brasileiros de perdas têm sofrido um aumento significativo, o indicador de perdas na distribuição apresentou aumento de 1,3 p.p nos últimos cinco anos, e o indicador de perdas de faturamento de 2017 praticamente se igualou a 2013, quando era de 36,9%.
Há tanto casos em que o volume de serviços reportado é zero, quanto casos em que o volume de serviços é um percentual representativo do total produzido de água. Por exemplo, há empresas que incluem o volume de perdas sociais (água utilizada em regiões mais carentes e não faturada) no volume de serviço reportado ao SNIS. Tal prática pode elevar desproporcionalmente o volume de serviço de alguns prestadores.

Histórico do balanço hídrico (2015 a 2017)

O estudo fez uma análise dos principais indicadores ligados às perdas de água entre 2015 e 2017. Houve um aumento na produção de água, ou seja, para atender a população as cidades brasileiras estão retirando mais água da natureza. O problema é que as perdas também aumentaram.
Édison Carlos chama a atenção para o fato. “O aumento da produção de água pode nos levar a crer que está havendo um consumo maior pela população e demais usos da água potável, mas na verdade podemos estar tirando mais água apenas para compensar o aumento das perdas. Isso seria péssimo para a sustentabilidade do próprio sistema e para os usuários. Incrível ver que, em 2017, perdemos uma quantidade de água que poderia abastecer metade da nossa população por um ano”.

Diferentes realidades por região e Unidades da Federação

O índice de perdas de água no sistema de distribuição (IPD) no Brasil é consideravelmente alto, mas as médias escondem as disparidades regionais. No Norte do país, por exemplo, região com os piores índices de abastecimento de água, coleta e tratamento dos esgotos, o IPD também alcança uma porcentagem muito alta: 55,14%. Isso significa que mais da metade da água produzida não chega à população.
Já olhando as Unidades da Federação (UF), Goiás é o único estado que está abaixo dos 30% de perdas na distribuição. Roraima é o estado que mais perde, com 75% de perdas de água potável.
 “O estudo analisou os principais indicadores de perdas no Brasil e conseguiu mostrar a relação novamente com os impactos econômicos e de eficiência. Num cenário de imprevisibilidade do clima e consumo de água, não cabe mais manter o assunto perdas de água apenas na esfera técnica. A sociedade, a imprensa, formadores de opinião e outros precisam se apropriar do assunto, pois, no fim, o que resulta é a diminuição da água para todos os usos, especialmente faltando aos cidadãos”, afirma Édison Carlos, presidente executivo do Instituto Trata Brasil.

Comentários

  1. O sistema de abastecimento de água potável é um dos sistemas mais atrasados da
    infraestrutura no país, e isso gera um prejuízo econômico enorme. Esforços estão
    sendo feitos com parcerias para equacionar o problema.

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