Anualmente, em todo o mundo, existem 100 milhões de casos de infecções por dengue graves o suficiente para causar sintomas, que podem incluir febre, dor articular debilitante e hemorragia interna.
A mudança climática avança no sentido de aumentar a disseminação da dengue, que é comum em partes do mundo com climas mais quentes, como o Brasil e a Índia, alerta um novo estudo.
Há uma estimativa de 10.000 mortes por dengue - também apelidadas de febre breakbone - que é transmitida por mosquitos Aedes que também disseminam Zika e chikungunya.
O estudo, publicado segunda-feira na revista Nature Microbiology, descobriu uma probabilidade significativa de expansão da dengue no sudeste dos Estados Unidos, nas áreas costeiras da China e do Japão, bem como nas regiões do interior da Austrália.
Oliver Brady, professor assistente da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres e co-autor do artigo, disse que a pesquisa prevê que mais pessoas nos Estados Unidos estarão em risco nos próximos anos.
Globalmente, o estudo estimou que mais de dois bilhões de pessoas poderiam correr o risco de ter dengue em 2080, em comparação com 2015, sob um cenário de aquecimento que seja aproximadamente representativo da atual trajetória de emissões do mundo. Esse aumento vem em grande parte do crescimento populacional em áreas já de alto risco para a doença, assim como a expansão do alcance da dengue.
Para estimar a futura disseminação da doença, Dr. Brady e seus colegas coletaram dados sobre o comportamento dos mosquitos e projeções sobre urbanização (um tipo de mosquito Aedes que difunde a doença é especialmente prevalente nas cidades) e os combinaram com três diferentes cenários climáticos para modelar o que pode acontecer em 2020, 2050 e 2080. Nos três cenários, a disseminação da dengue aumentou.
Mas o quanto o mundo aquece tem um impacto significativo na disseminação da doença.
A pesquisa, disse Brady, "sugere a ideia de que, se controlarmos melhor as emissões, poderemos parar ou pelo menos limitar esse tipo de disseminação".
O aquecimento das temperaturas ajuda a expandir o alcance da dengue, porque, em parte, à medida que os mosquitos mais quentes podem prosperar em mais lugares onde eles não podiam anteriormente.
O aquecimento das temperaturas também encurta o tempo que leva um mosquito para se tornar um adulto mordedor e acelera o tempo entre o momento em que um mosquito pega uma doença e é capaz de transmiti-la. As previsões do estudo foram mais baixas em algumas áreas, particularmente na Europa, do que em estudos anteriores.
Esses estudos estimaram a transmissão generalizada da doença no continente, enquanto o Dr. Brady e seus colegas estimaram que sua disseminação na região seria limitada a partes da Península Ibérica e partes do Meditteranean.
O Aedes aegypti é particularmente preocupante, porque, enquanto outras espécies de mosquitos picarão o que for conveniente, o Aedes aegypti prefere morder seres humanos.
Grande parte do sudeste dos Estados Unidos costumava ser o lar de doenças transmitidas por mosquitos. A malária era uma ameaça até meados do século 20, quando uma campanha de erradicação do mosquito eliminou a doença. Mas essa campanha dependia fortemente da aplicação liberal do inseticida DDT , que tinha uma série de efeitos ambientais nocivos.
Em 2018, o Departamento de Saúde da Flórida, no Condado de Miami-Dade, anunciou pelo menos uma ocorrência de dengue adquirida localmente.
Há limites para o estudo, alertou Andrew Comrie, professor do departamento de Geografia e Desenvolvimento da Universidade do Arizona. O artigo é um uso sofisticado da modelagem de nicho ecológico, disse o Dr. Comrie por e-mail, mas “não lida com a concorrência de espécies, a predação ou a possível adaptação evolucionária”.
Embora exista uma vacina contra a dengue, ela é ineficaz para a maioria das pessoas. O tratamento para a doença se concentra em garantir que o paciente receba líquidos suficientes, o que pode ser difícil devido a náuseas e vômitos intensos.
"Para uma dengue individual saudável é uma experiência terrível que você nunca esquecerá", disse Josh Idjadi, professor associado da Eastern Connecticut University, que contraiu dengue na Polinésia Francesa. “Para bebês, idosos e enfermos, eles são os que estão em risco.”
Os mosquitos se reproduzem e o estágio larval é mais rápido em condições de temperaturas
ResponderExcluirmais amenas, eles não param de se reproduzir no calor e o seu ciclo biológico é curto com o
aquecimento das regiões afetadas pelo aquecimento global.