AMAZÔNIA-TERRA DESOLADA SEM O MONITORAMENTO DO INPE.

O Inpe é um centro nacional de pesquisas. Mas, ao contrário do que pode parecer, não são realizados apenas estudos sobre o espaço. Também são conduzidas pesquisas sobre meteorologia, mudanças climáticas, além de monitoramentos constantes do desmatamento amazônico.

O instituto existe desde 1961, quando o presidente Jânio Quadros criou o Grupo de Organização da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (GOCNAE). A ideia era investir em pesquisas e tecnologia para que o Brasil participasse da corrida espacial — assim como já faziam, na época, Estados Unidos e União Soviética.

O GOCNAE foi o embrião do Inpe, que só ganhou a nomenclatura atual dez anos depois, em 1971. E muita coisa mudou de lá para cá: as atividades do instituto se ampliaram para além das questões relacionadas ao espaço. Atualmente, o instituto tem instalações em 12 cidades de todas as regiões do país, mas sua sede é a mesma desde o começo, em São José dos Campos, no interior de São Paulo.

Esse Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) foi destaque no noticiário dos últimos dias— e não para trazer novos dados sobre o desmatamento, o clima ou inovações para a pesquisa aeroespacial. Em declarações, o presidente Jair Bolsonaro questiona o valor dos estudos divulgados pelo Inpe que analisam o aumento do desmatamento na Amazônia.

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Na última sexta-feira (19), o presidente disse que suspeitava que o diretor do instituto, Ricardo Galvão, estaria “a serviço de alguma ONG”. Galvão rebateu as declarações, fazendo crescer a tensão entre o governo federal e a instituição. 

O Inpe utiliza três sistemas para mapear e acompanhar o desmatamento: o Programa de Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (PRODES), o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER) e o sistema de mapeamento do uso e ocupação da terra após o desmatamento, o TerraClass.

Desde 1988, o PRODES realiza o inventário de perda de floresta a partir de imagens geradas por um satélite de observação da Terra. Com informações desse inventário, são calculadas as taxas de desmatamento entre agosto e julho de cada ano. Todo mês de dezembro, o Inpe publica uma estimativa da taxa de desmatamento dos últimos doze meses. 

O DETER, por sua vez, é um sistema de apoio à fiscalização e ao controle do desmatamento na Amazônia. O software produz diariamente alertas de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares. O Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) recebe esses alertas na mesma hora em que são emitidos.

á o TerraClass é feito a cada dois anos e é uma parceria entre o Inpe e a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). O objetivo é mapear como as áreas desmatadas apontadas pelo PRODES estão sendo usadas: se para agricultura ou pastagem, por exemplo. Segundo a assessoria de imprensa do instituto, a qualidade dos dados sobre desmatamento é monitorada com frequência. “Atualmente, os dados apresentam índice superior a 95% de precisão”.

Sobre transparência, o Inpe assegura que todos os dados aferidos pelos sistemas de monitoramento podem ser acessados na íntegra (visite o site do instituto). “Este acesso possibilita avaliações independentes pela comunidade usuária, incluindo o governo em suas várias instâncias”, declara o instituto. 

Ricardo Galvão, atual diretor, é engenheiro de telecomunicações e foi nomeado para o cargo em 2016, pelo então ministro Gilberto Kassab, da pasta de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). 

Galvão tem mestrado em engenharia elétrica pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutorado pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), nos Estados Unidos. Ele é membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e do Conselho da Sociedade Europeia de Física. Também é livre-docente em Física Experimental pela Universidade de São Paulo (USP).




Comentários

  1. As leis ambientais no Brasil são uma das mais exemplares do mundo, mas não basta
    ter legislação atualizada se na parte operacional para fazer cumprir as leis e punir os
    crimes ambientais, o processo é totalmente falho. Há quase 10 anos, o IBAMA não
    abre concurso para sequer repôr seus quadros de fiscalizadores do desmatamentos e
    as madeireiras fazem a festa na região.

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