ÍNDIOS GUARDIÕES DA FLORESTA SE SURPREENDEM COM O FLUXO DE MADEIRA ILEGAL.

A Terra Indígena Arariboia fica no sudoeste do Maranhão, em uma área de transição do Cerrado para a Floresta Amazônica. A área totaliza 413 mil hectares. 

Há vários anos, diante da inação do estado perante invasões e ataques de madeireiros, os guajajara assumiram o papel de “guardiões” da região. Realizam missões de patrulhamento e expulsão de invasores. Também levam denúncias sobre a atuação de criminosos a autoridades. Entendem como sua missão não só proteger os guajajara, mas também os vulneráveis awá-guajá.

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A ideia começou a tomar forma em 2007, quando o cacique Tomé Guajajara foi assassinado dentro de sua casa. Sua esposa e filho também foram baleados, mas sobreviveram. O crime aconteceu cerca de um mês depois que Tomé tinha expulsado homens que retiravam madeira ilegalmente da reserva. As informações são da ONG Survival, que atua junto a povos indígenas.

Em 2011, o grupo foi oficialmente constituído. Para situações formais, usam o nome Agentes Ambientais Indígenas de Arariboia. No dia a dia, são os guardiões. Atualmente, totalizam 120 homens e cerca de dez mulheres, de acordo com Olímpio.

“A omissão do estado brasileiro é muito grande com relação à terra indígena”, afirmou o líder guajajara. “Com o governo atual, a situação piorou. O fluxo de madeira ilegal aumentou muito”.

Muitas de suas ações são planejadas a partir dos boletins mensais de monitoramento por satélites fornecidos por entidades como o ISA (Instituto Socioambiental). Por meio deles, os guardiões conseguem visualizar elementos como a abertura de estradas usadas para roubo de madeira. No fim de 2018, havia 1.150 quilômetros de ramais abertos por madeireiros, afetando cerca de 20% desse território indígena. 

Às vezes, a dissuasão dos cortadores de madeira ocorre na base do diálogo. “Explicamos que a área é proibida, que, assim como eles, temos famílias que temos que cuidar”, afirmou Olympio. Em outras, invasores são colocados em um carro e transportados para fora da Terra Indígena.

"Depois nós queimamos a madeira, para eles aprenderem a não ir mais na área da gente", relatou Valim Guajajara em entrevista ao site do ISA, em setembro de 2018. Em algumas raras ocasiões, destroem caminhões e tratores dos invasores, a exemplo do que faz o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais), respaldado pelo decreto 6.514, de 2008. Segundo o texto, “equipamentos, veículos e embarcações” utilizados em práticas ilícitas podem ser vendidos, doados ou destruídos. O presidente Bolsonaro já declarou que pretende dificultar esse tipo de ação.

Em muitas ocasiões, os guardiões trabalham ao lado das autoridades. Em episódios de incêndios, integrantes dos guardiões auxiliaram os bombeiros em seu trabalho de conter as chamas. Entre 2015 e 2017, foram registrados diversos incêndios na área. 

Do governo federal eles esperam o pior. Junto com a administração estadual, liderada pelo governador Flavio Dino (PCdoB), são realizadas às vezes ações com a Polícia Ambiental do estado. Em fevereiro de 2019, Dino determinou o reforço da proteção da terra indígena pelo batalhão. 

“Os índios estão fazendo o que está ao alcance deles para proteger suas terras. Mas seria necessária uma ação policial robusta do governo, incluindo inteligência, investigação, repressão e prevenção, para desbaratar as organizações que estão por trás dos crimes cometidos na Arariboia”, declarou Márcio Santilli, sócio fundador do ISA, em 2018. 

A vigília precisa ser constante. Como fica a cabeça de quem vive assim? “É uma preocupação muito grande. A ameaça de morte é constante, principalmente à minha pessoa. Estamos impedindo gente de ganhar dinheiro, mas nós precisamos desse território”, declarou Olympio. “Estamos defendendo parte do pulmão da Terra. O mundo precisa se sensibilizar”. 

Comentários

  1. Os Índios do Maranhão, na Amazônia legal, estão fazendo o que podem para não deixar os
    madeireiros invadirem suas terras. Os índios pedem ajuda para uma operação policial e apontam que no governo atual, o fluxo de madeira ilegal aumentou muito.

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