O BRASIL LANÇA PROJETO PARA TRANSFORMAR MACROALGAS EM BIOCOMBUSTÍVEIS.

A CTG Brasil, segunda maior geradora privada de energia do País, investirá R$ 4,6 milhões em um projeto de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) que tem por objetivo reduzir o impacto das macrófitas na operação de suas hidrelétricas. Realizado em parceria com o Instituto Senai de Inovação Biomassa, a iniciativa avaliará a conversão da biomassa das macrófitas para a produção de biocombustíveis.

Com duração de três anos, o projeto irá estudar uma nova alternativa de destinação dos resíduos das macrófitas, planta aquática presente nos reservatórios das hidrelétricas. Quando há excesso das plantas, o que pode comprometer a operação das usinas, as macrófitas são retiradas e submetidas a um processo de compostagem, sendo, posteriormente, doadas para prefeituras para o uso em viveiros e hortas.



O que o estudo propõe é dar uma destinação mais adequada aos resíduos das macrófitas por meio da pirólise rápida, um processo de decomposição de materiais aplicando altas temperaturas. O principal produto desse processo termoquímico é o bio-óleo, que pode ser usado diretamente como combustível em motores a diesel ou ser processado e dar origem a produtos de maior valor agregado.

Além de viabilizar o aproveitamento energético de um resíduo que pode se tornar um problema com sua propagação excessiva, o projeto realizará o mapeamento, monitoramento e a identificação das macrófitas – 86 espécies de plantas aquáticas já foram identificadas em outros estudos nos reservatórios das hidrelétricas Ilha Solteira e Jupiá, localizadas na fronteira de Mato Grosso do Sul e São Paulo.

“Vamos usar ciência e tecnologia para propor uma solução inteligente e ecológica a um problema que afeta o uso da água e a operação das usinas hidrelétricas, exercendo o controle de macrófitas ao mesmo tempo em que transformamos os resíduos dessas plantas em energia”, diz Aljan Machado, diretor de Saúde, Segurança, Qualidade, Meio Ambiente e Patrimônio da CTG Brasil.

Para Carolina Maria Machado de Carvalho Andrade, diretora do ISI Biomassa, incorporar inovações tecnológicas ao controle das macrófitas traz grande ganho para comunidade, especialmente em balneários e áreas de navegação. “O Instituto Senai de Inovação Biomassa atua com projetos de pesquisa aplicada para transformação de biomassa por rotas termoquímicas e biotecnológicas. O projeto em parceria com a CTG Brasil tem por objetivo a geração de um biocombustível a partir de macrófitas aquáticas, visando uma integração de processos com aplicação do conceito de bioeconomia”, completou ela. 

O projeto não abrange, a curto prazo, a comercialização direta do bio-óleo, visto que o foco é desenvolver uma metodologia de produção de biocombustível líquido para geração de energia.

Já Rodolpho Mangialardo, diretor-regional do Senai de Mato Grosso do Sul, reforça a importância de a instituição estar, cada vez mais, envolvida em parcerias desse tipo. “Entendemos que o início dessa parceria com a CTG Brasil indica que estamos alçando grandes voos em desafios, pesquisas e inovações, demonstrando o potencial do Senai com relação ao desenvolvimento de pesquisa e inovação e nossa capacidade para atendimento de empresas não só do Mato Grosso do Sul, como do Brasil e, também, do mundo.”

O lançamento do projeto, batizado “Macrofuel: Aproveitamento Energético de Bio-Óleo Pirolítico de Macrófitas Aquáticas para Produção de Biocombustível”, foi realizado em 11 de julho, em Três Lagoas (MS).

As macrófitas são importantes para o ecossistema hídrico, pois fornecem alimento e abrigo a organismos aquáticos, além de auxiliarem na proteção às margens dos rios. Sua reprodução rápida e excessiva, no entanto, afeta a navegação, a pesca e, no caso dos reservatórios, também a geração de energia hidrelétrica.

Desde 2016, só na Usina Jupiá, a CTG Brasil já retirou mais de 2.315 m³ de macrófitas das grades da usina, equivalente a mais de 2 mil toneladas de plantas aquáticas.

Em 2017, o desprendimento de macrófitas no reservatório da Usina Jupiá afetou a operação de 10 unidades geradoras, causando, no total, indisponibilidade de cerca de cinco meses para o sistema e um custo de manutenção de R$ 3,8 milhões para a empresa.

Além de reverter em ganho de eficiência para suas operações, o investimento da CTG Brasil em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) tem por objetivo gerar conhecimentos técnicos e científicos que contribuam para o crescimento do setor elétrico brasileiro e, consequentemente, do País. Em 2018, a empresa destinou R$ 8 milhões a atividades de P&D.

Atualmente, somam-se ao estudo para identificação, controle e reaproveitamento energético das macrófitas outros projetos importantes – como a esterilização de mexilhões-dourados para o controle populacional desta espécie invasora nos rios brasileiros. Sem predadores naturais, o mexilhão, presente em 40% das usinas do País, prolifera-se e compromete a geração de energia hidrelétrica.


Comentários

  1. O Brasil corre para transformar a biomassa de algas aquáticas que crescem rapidamente e
    atrapalham à navegação e a pesca, em biocombustíveis.

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