COMO AS CIDADES SÃO AFETADAS PELOS INCÊNDIOS PROMOVIDOS NA AMAZÔNIA.

Em Porto Velho, a fumaça se tornou um elemento do cotidiano. Graças a diversos focos de incêndio florestal, cidades do estado de Rondônia convivem com dias opacos e um ar de má qualidade. “Oh, fumaça, cadê meu céu azul?”, escreveu uma habitante da capital no Instagram. Em 16 de agosto, alunos e professores de uma escola pública da cidade protestaram usando máscaras contra a fumaça. 

Durante 20 dias, a reserva ambiental Margarida Alves, em Porto União, a 370 quilômetros de Porto Velho, sofreu com incêndios. No dia 18 de agosto, o fogo foi finalmente controlado. Mil hectares foram destruídos, segundo o Corpo de Bombeiros local. Ao mesmo tempo, em Guajará-Mirim, em outra parte do estado, queimadas iniciadas em fazendas atingiram o Parque Serra dos Parecis. 

No vizinho Acre, o governo estadual decretou em 19 de agosto o estado de alerta ambiental devido aos efeitos provocados por incêndios na mata. Segundo o Corpo de Bombeiros, o número de ocorrências na capital Rio Branco aumentou mais de 137% em um ano. Nos primeiros 12 dias de agosto, 468 focos de incêndio foram registrados no município.

porto velho


Em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, próximo à fronteira do Brasil com o Paraguai, o céu se apresenta encoberto por fumaça desde o dia 17 de agosto. De acordo com informações do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o município apresenta um dos maiores índices de incêndio florestal do país. No fim de semana dos dias 17 e 18 de agosto, foram registrados 180 focos.

O que áreas nesses estados vivenciam há semanas pareceu se replicar na cidade de São Paulo em 19 de agosto. O céu da capital paulista escureceu no meio de uma tarde de frio e garoa. O efeito foi, principalmente, meteorológico, mas diversas fontes apontaram também que a fumaça vinda de queimadas de outras partes do país e até do exterior pode ter auxiliado na formação de nuvens densas e negras. 

No total, o país contabilizou 66,9 mil pontos de queimada. O bioma da Amazônia é o que tem o maior número de casos, 51,9%. A unidade biológica corresponde a cerca de 40% do território nacional. Ficam nela os estados do Pará, Amazonas, Amapá, Acre, Rondônia e Roraima e áreas do Maranhão, Tocantins e Mato Grosso. O cerrado fica em segundo, com 30,7% dos incêndios. Entre os estados, o Mato Grosso lidera com 13.109 focos de queimada neste ano até agora. Depois vem o Pará, com 7.975. 

As queimadas têm como origem, principalmente, ações humanas que visam a abrir espaço na floresta. Os objetivos mais comuns são o desmatamento e a limpeza de área para pasto, a fim de criar rebanhos bovinos. 

Em épocas de pouca ou nenhuma incidência de chuva, o fogo se alastra com facilidade e, muitas vezes, foge do controle e se dissemina para além da área que se planejava queimar. Há regiões na Amazônia em que não chove há mais de três meses.

No sul Pará, no dia 10 de agosto, fazendeiros promoveram o “Dia do Fogo”, realizando queimadas em diversos pontos ao longo da estrada BR-163. Com isso, os municípios de Novo Progresso e Altamira registraram, respectivamente, 203 e 237 focos de incêndio no dia 11, segundo levantamento do Inpe. 

Em condição de anonimato, um dos líderes da iniciativa disse ao jornal local Folha de Progresso que o objetivo das queimadas era mostrar ao presidente Jair Bolsonaro que estavam trabalhando.

As condições climáticas favorecem o envio da fumaça amazônica para o Sul e Sudeste do Brasil. De acordo com Carlos Nobre, pesquisador aposentado do Inpe, em entrevista à revista piauí, a fumaça é conduzida por ventos mais fortes e de baixa altitude. 

“Quando chega nas regiões subtropicais, essa fumaça se espalha. Esse escurecimento depende da densidade das partículas de carbono, da fuligem”, afirmou Nobre. “Sábado [dia 17], um colega pesquisador me mostrou imagens de satélite que já mostravam o deslocamento de fumaça em direção ao Sul.” 

Além de São Paulo, outras cidades importantes do estado tiveram seu céu encoberto por fumaça, incluindo Campinas, Sorocaba e Presidente Prudente. A região norte do estado do Paraná, onde fica Londrina, também foi afetada. 

Comentários

  1. A poluição está contida na fumaça desses imensos incêndios provocados por pessoas
    que desejam expandir de forma criminosa suas atividades agropastoris rompendo novas
    terras com o desmatamento.

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