TRUMP DETERMINA REGRAS MAIS BRANDAS PARA EMISSÕES DE GÁS METANO.

O governo federal argumenta que as regras de 2012 já são o suficiente para combater vazamentos. E que, como o metano é um gás que pode ser usado para gerar energia, a indústria já teria motivos o suficiente para evitar vazamentos, mesmo sem regulação. 

Em uma nota reproduzida pelo jornal americano Washington Post, o administrador da Agência de Proteção Ambiental, Andrew Wheeler, afirmou que o plano “remove medidas regulatórias desnecessárias e duplicadas sobre a indústria de óleo e gás”. 

“A administração Trump reconhece que o metano é valioso, e que a indústria tem um incentivo para minimizar vazamentos e maximizar o uso da medida”, escreveu Wheeler. No documento em que apresenta a proposta, entidade reconhece que a qualidade do ar pode ser afetada.

 Ela admitiu que a liberação de compostos orgânicos junto ao metano “degradará a qualidade do ar e deve afetar adversamente a saúde e o bem estar”. A entidade afirmou, porém, que é incapaz, atualmente, de quantificar esse impacto. 

Maquinário para extração de petróleo em Midland, no estado do Texas, nos Estados Unidos, em fevereiro de 2019

Em entrevista ao Washington Post, David McCabe, cientista da organização sem fins lucrativos Clean Air Task Force, que combate o aquecimento global, contrariou a alegação de que as restrições seriam supérfluas. “As melhores informações que temos são de que as emissões caíram por causa de regulações”, disse. 

Algumas das maiores companhias do setor de combustíveis fósseis, como Exxon, Shell e BP, opuseram-se à proposta de Trump.

O gás metano não tem cor ou cheiro, e é altamente inflamável. Durante a combustão, interage com o gás oxigênio, formando dióxido de carbono e vapor de água. O metano está presente no gás natural, e pode ser usado para produzir calor e energia em usinas termelétricas. Também pode ser usado para aquecer diretamente a água do fogão, por exemplo.

 Trata-se de um poderoso gás estufa. Em termos de retenção de calor na atmosfera, a liberação de 1 kg de gás metano equivale à liberação de 25 kg de gás carbônico. Após cerca de uma década na atmosfera, moléculas de metano começam a reagir com moléculas de radicais livres. Essa interação pode resultar em dióxido de carbono, que continua na atmosfera por séculos. 

O metano pode ser encontrado em depósitos de combustíveis fósseis submetidos por milhões de anos a temperatura e pressão altas. O gás natural se tornou um produto abundante nos Estados Unidos, principalmente devido ao desenvolvimento da técnica do fraturamento hidráulico (“fracking”). Ela consiste em usar água em alta pressão para quebrar rochas subterrâneas, em especial o xisto, o que leva à liberação do gás. 

O fraturamento hidráulico pode ser também utilizado para explorar o petróleo retido nessas pedras, e foi um das grandes responsáveis pela queda dos preços do combustível a partir de 2008. As restrições estabelecidas pela gestão Obama em 2016 foram uma reação ao diagnóstico feito então pela própria Agência de Proteção Ambiental de que as emissões estavam aumentando fortemente no país, em decorrência das novas técnicas de extração. 

O metano também pode ser produzido em reações químicas a partir da decomposição de matéria orgânica, em pântanos ou matas alagadas, por exemplo. Reservatórios de usinas hidrelétricas, em que amplas extensões de florestas são submersas em água, são grandes produtores de metano. 

O gás é também um subproduto da digestão de ruminantes, como as vacas. Estima-se que uma vaca produza entre 70 kg e 120 kg desse gás anualmente. Por isso, rebanhos são grandes produtores de gases estufa. 

Comentários

  1. As regras mais frouxas para a regulação do gás metano quando da extração do
    petróleo poderá degradar ainda mais o ar que respiramos, com consequências
    diretas sobre à saúde e ao bem-estar da população.

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