BIÓLOGA TRANSFORMA RECURSOS DA FLORESTA EM RIQUEZA, NA FORMA DE MEDICAMENTOS.

Nenhum país sobre a Terra é tão rico quanto o Brasil em biodiversidade, que é a variedade de seres diferentes vivendo nos nossos ecossistemas.

Com uma formação múltipla, Daniela aprendeu a ver o mundo em várias escalas: das minúsculas células da biologia às ainda menores moléculas da química, às ainda muito menores partículas da física. Ela seria uma biofísicoquímica, se essa palavra existisse (como não existe, prefere a qualificação de “cientista”). Daniela está à frente do projeto Molecular Powerhouse (Usina Molecular), que vai usar altíssima tecnologia para encontrar na natureza brasileira moléculas que curem doenças – e gerem riquezas.



Ela é pesquisadora do LNBio (Laboratório Nacional de Biociências), uma instituição federal de excelência, que divide o mesmo campus em Campinas com outro centro de primeira linha, o LNLS (Laboratório Nacional de Luz Síncrotron), sobre o qual dá para saber mais nesta entrevista. Significa que ela tem acesso ao ótimo acelerador de partículas UVX – e que, a partir de 2020, poderá usar o espetacular Sirius, o substituto do UVX, que será o melhor do mundo na sua classe. O Sirius, que mais parece um estádio de futebol, é um laboratório de luz síncrotron, um acelerador de elétrons que bombardeia coisas com fótons ultra-velozes, para desvendar seus segredos. É para dentro dele que Daniela vai levar plantas de todo o Brasil.

Quem: Daniela Trivella, 39 anos O quê: cientista (ou biofísicoquímica) especializada em transformar moléculas da natureza em insumos valiosos para a indústria Onde: no LNBio (Laboratório Nacional de Biociências) , em Campinas. E, a partir de 2020, no acelerador de partículas Sirius Como: plantando espécies brasileiras, procurando moléculas nelas e usando muito poder de processamento para descobrir quais dessas moléculas são úteis

"Eu quero descobrir novos medicamentos para o tratamento de doenças que ainda não têm cura, usando a maior riqueza do Brasil, que é a biodiversidade".

Trabalhamos com um modelo bem legal chamado “organ on a chip”. São modelos de organoides humanos conectados entre si. Por exemplo, conseguimos simular o intestino, o fígado e o rim juntos. Assim, dá para saber como a molécula é absorvida e excretada. Você faz isso num chipzinho, com miniórgãos criados com culturas de células. Só depois, se der certo e for segura, vai para testes com humanos.

O braço de inovação deve-se a empresa, chamada Centroflora, que é a maior produtora de insumos naturais do Brasil. E eles têm um programa de impacto socioambiental com 2.000 famílias de produtores orgânicos que plantam jaborandi, maracujá e outras plantas de forma sustentável, em diferentes regiões. É gente que vivia ou de monocultura ou de agricultura de subsistência de baixo valor agregado: a vida deles melhorou muito agora. Sou fã do programa, porque ele mostra que, se você tem ciência de qualidade, que encontra moléculas de alto valor agregado, você acaba puxando uma cadeia no Piauí, na Amazônia, em toda a parte, que leva qualidade de vida para as pessoas, de forma sustentável, dando valor para a floresta em pé.

Aconselho a todos que desejam seguir no caminho da pesquisa: Seja curioso. E seja flexível, porque a vida é dinâmica, a ciência é dinâmica. E, nesta área em que eu estou, tudo é multidisciplinar. Independentemente de qual é a sua formação, você tem que ter a cabeça aberta para outros conhecimentos, para outros pontos de vista.

Comentários

  1. Daniella é uma cientista brasileira com doutorado que pesquisa as plantas da floresta e
    desenvolve moléculas que podem ser usadas em medicamentos. Ela quer ver a floresta
    em pé e transformar os recursos naturais em riqueza econômica.

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