AS PERSPECTIVAS PARA A ADOÇÃO DOS VEÍCULOS ELÉTRICOS NAS GRANDES CIDADES.

Veja a opinião de cinco especialistas a respeito da eletrificação dos meios de transporte urbano. São eles:

JÉSSICA HELENA DE LIMA Carros elétricos ou à combustão não são solução para a mobilidade e a sustentabilidade nas cidades. A solução é um planejamento urbano integrado ao planejamento de transportes que aumente a acessibilidade das pessoas aos serviços e atividades que elas precisam atender no dia a dia de forma que grande parte destes deslocamentos possa ser feita a pé ou de bicicleta, modos de transporte que verdadeiramente não geram emissões.

Para os deslocamentos mais longos que necessitem motor, podemos optar pelo ônibus elétricos ou metrô. Uma cidade que almeja ter uma mobilidade verdadeiramente sustentável deve almejar a diminuição da frota veicular nas suas vias, e não apenas a sua substituição por uma nova tecnologia.

Um pequeno carro elétrico verde, branco e preto anda em uma rua

JOÃO PAULO LUSTOSA Não há dúvidas que, no futuro, os veículos elétricos substituirão os veículos a combustão, não apenas pelo custo que será reduzido, mas pela possibilidade da recarga se tornar acessível para o usuário. A tendência é que os veículos elétricos possam ser recarregados durante os deslocamentos nas vias com contatos elétricos nas pistas como acontece na Suécia ou até mesmo por transmissão sem fio de energia eletromagnética.

RUDI HENRI VAN ELS A discussão sobre a necessidade de eletrificar o transporte se inicia muito tarde no Brasil, e ainda é permeada com muitos mitos e desconfiança. A substituição de veículos com motor de combustão interno por veículos elétricos pode acarretar mudanças no modelo de negócio e produção dos veículos elétricos.

Podemos imaginar uma nova indústria automotiva, com produção flexível de carros elétricos onde o cliente especifica a autonomia e custo por quilômetro desejados, em contraposição às montadoras convencionais que impõem um padrão de carrões potentes e velozes aos consumidores. Neste novo mercado, o reaproveitamento de carros convencionais para conversão em elétrico também tende a ser significativo. É papel do estado dirigir este processo de mudança neste setor industrial tão importante para o Brasil e definir o ritmo da eletrificação do transporte.

WILLY GONZALES Ao se pensar em energia limpa e eletricidade [dos veículos], deveríamos levar esse incentivo para os transportes coletivos, para que não emitam gases poluentes. A parcela da população que possui automóveis tem condições financeiras para arcar com os custos decorrentes, já quem depende do transporte público gasta em média 30% da renda para se deslocar; então, devemos investir no transporte coletivo sustentável para diminuir o custo do cidadão que utiliza esse sistema.

 Veículos elétricos são automóveis, e ocupam espaço. Apesar da ideia que não são poluentes, ao produzir sua bateria geram-se impactos ambientais. Esse modelo de veículo não responde a uma expectativa de sustentabilidade do ponto de vista social de inclusão; porque a questão da sustentabilidade transcende a questão da poluição. Cria-se uma expectativa em torno da energia limpa, mas não resolve o problema de transporte urbano nas regiões periféricas.

RAFAEL PEREIRA Em larga medida, o futuro caminha na direção dos veículos elétricos, mas o Brasil anda a passos lentos. O programa Rota 2030 perde a oportunidade de eletrificar a frota de transporte público, assim como não desenvolve amplamente o sistema de recarga de veículos elétricos. Não é possível gerar um ambiente de negócios favorável à eletrificação de automóveis, tanto privado como público, se não há rede de infraestrutura capaz de fornecer abastecimento. Há anos, o poder público estabelece novas medidas de incentivo fiscal para a indústria automobilística, mas sempre focado no mercado de transporte privado em detrimento do transporte público.


Comentários

  1. Do ponto de vista das energias limpas, os transportes coletivos deveriam ser movidos à eletricidade, já os veículos de passeio, talvez a poluição causada pela produção da bateria
    de lítio não compense tanto pelo contexto ambiental. Outros aspectos são analisados por especialistas em mobilidade urbana no Brasil.

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