O Brasil iniciou 2020 com mais de 400 plantas de biogás em operação, um crescimento de 40% em relação ao ano passado. Para a Associação Brasileira de Biogás (ABiogás), o ano foi de conquistas para o setor, que, além da expansão no número de usinas – com empreendimentos de grande porte em andamento que somam investimentos da ordem de R$ 700 milhões – registrou avanços nas políticas que favorecem o biogás.

Para o presidente da ABiogás, Alessandro Gardemann, o RenovaBio (Política Nacional de Biocombustíveis), que prevê a comercialização de Certificados de Descarbonização (CBIOs) a partir de janeiro, vai impulsionar a indústria do biogás. “O biometano (biogás para uso combustível) tem a melhor nota por apresentar pegada negativa de carbono, e pode ser creditado como combustível ou no processamento do etanol”, explicou.
“O biogás é a única fonte de energia primária com pegada de carbono negativa, ou seja, quanto mais for usado, mais limparemos a atmosfera dos gases de efeito estufa”, complementou.
Hoje, o biogás corresponde a menos de 1% da matriz energética brasileira, o que, para a associação, demonstra que existe uma margem gigantesca para o crescimento. Toda a matéria que precisamos para a produção de biogás já está pronta, resíduos orgânicos da agroindústria e do saneamento, que são descartados no meio ambiente muitas vezes sem tratamento. Hoje, dispomos de tecnologia para empreendimentos economicamente viáveis, que podem transformar todo este material em fonte de energia.
O biogás pode ser produzido próximo ao local de consumo, sem grandes investimentos como na construção de gasodutos. O biogás é uma fonte firme de energia, despachável, e limpa, que reduz as emissões de CO2 e ainda traz uma solução a passivos ambientais, que se tornam ativos energéticos.
Segundo os cálculos da ABiogás, atualizados em dezembro, o potencial de produção do biogás, intercambiável com o gás natural, chega a 50,4 bilhões de m³/ano, contabilizando todo o resíduo produzido pela agroindústria e saneamento. Este volume seria suficiente para suprir 70% da demanda de diesel no País.
Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), divulgados no último Fórum do Biogás, mostram, ainda, que o setor sucroenergético apresenta o maior potencial para a expansão do biogás, três vezes maior que o da agricultura e oito vezes maior que do saneamento, embora, hoje, 70% da produção nacional tenha origem neste último.
“Estamos otimistas para 2020. Com o início da comercialização dos CBIOs, e toda a movimentação que temos mapeado no cenário do biogás, nossa expectativa é de que teremos o dobro da expansão registrada em 2019. A projeção é de investimentos de cerca de R$ 50 bilhões até 2030”, concluiu Gardemann.
O Brasil pode dobrar a capacidade instalada das usinas de Biogás em 2020. O setor aproveita
ResponderExcluirbagaço de cana, restos de palhas e plantas pós cultivo e alimentos descartados como sobras
ou não comercializados e cascas de frutos e legumes.