DEPORTADO DOS EUA DESABAFA: LÁ, UM FAXINEIRO TEM TUDO O QUE DESEJAR.

"Antes de eu ir, o meu irmão me falou o seguinte: Edilson, aqui só depende de você, de mais ninguém. Porque se você quer trabalhar, aqui você consegue tudo o que você quer. O que um rico pode ter no Brasil, você pode ter nos Estados Unidos."

Em 1988, Edilson tinha 19 anos e havia estudado só até a oitava série do ensino fundamental. Trabalhava lavando carros e morava de favor na casa de um tio com a mãe, que sustentava os filhos trabalhando como lavadeira.

O governo dos EUA endureceu as regras para quem tenta cruzar a fronteira e anunciou um novo processo de deportação rápida

"Sabe como é tio; como você depende dele, ele quer bater em você, te chamar disso ou daquilo. Mas aí, parece que é Deus: levou meus irmãos para os Estados Unidos e levou um atrás do outro; deu oportunidade para todo mundo."

Depois de viver por 20 anos em Boston e ser deportado de volta ao Brasil em 2008, quando recebeu uma carta do serviço de imigração americana dando 90 dias para que ele deixasse o país, Edilson diz que só tem coisas boas a dizer sobre os Estados Unidos, que lhe deram, principalmente, oportunidades. Começou trabalhando como servente de pedreiro, sem falar ou compreender nada de inglês; depois de sete anos, abriu sua própria empresa de faxina e realizou sonhos que pareciam impossíveis no Brasil.

"Eu tinha uma companhia que valia US$ 180 mil [R$ 776 mil] e, quando eu vim embora, eu vendi por US$ 75 mil [R$ 323 mil]. Tive que vender a preço de banana", diz. Ele investiu na construção de dois prédios residenciais e alguns terrenos na região de Valadares, e vive até hoje da renda desses investimentos. Conversou com a BBC News Brasil no prédio de dois andares em que mora atualmente com a namorada.

Na realidade americana, quando coordenava sua própria equipe de limpeza, Edilson diz que ganhava dinheiro no ritmo de sua disposição e capacidade para trabalhar, que eram grandes.

"Eu estava ganhando tanto dinheiro que eu peguei US$ 45 mil [R$ 194 mil] e comprei um carro para sair sábado e domingo, sendo que eu já tinha outro para trabalhar. Olha que cabeça. O vendedor falou: você vai financiar em quantos meses? Eu disse 'Não, vou pagar à vista'. Tirei um pacote de notas de US$ 100 e joguei em cima da mesa. Quando no Brasil você faz isso?"

Desde o ano passado, o governo dos EUA endureceu as regras para quem tenta cruzar a fronteira e anunciou um novo processo de deportação rápida, que dispensa a necessidade de os casos passarem pelos tribunais de imigração.

Sob as novas regras, os relatos de quem fica detido por meses na imigração são de fome, frio e maus-tratos.


Comentários

  1. No Brasil, o salário -mínimo de quem ainda consegue ter emprego de carteira assinada, é uma miséria. Sem contar que quase a metade do dinheiro será usado para pagar impostos embutidos nas mercadorias. Uma assalto do governo que não deixa o brasileiro progredir.

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