POR QUE O COVID-19 SE PROPAGA COM FACILIDADE EM FRIGORÍFICOS.

1- SÃO AMBIENTES FRIOS E APERTADOS:

Enquadrados na categoria de serviços essenciais, empresas que processam carne de bovinos, aves e suínos no geral mantêm o funcionamento durante a quarentena. Segundo o Ministério Público do Trabalho, seus ambientes são “propícios” à disseminação do novo coronavírus por serem “ambientes fechados, com baixa taxa de renovação de ar, baixas temperaturas, umidade e com diversos postos de trabalho sem o distanciamento mínimo de segurança, além da presença de diversos pontos de aglomeração de trabalhadores”.

Há também um constante ruído do maquinário de refrigeração, o que faz com que as pessoas tenham de gritar para serem ouvidas, favorecendo o espalhamento de saliva no ar, uma das formas de disseminação do vírus.

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2- EM RELAÇÃO A MOBILIDADE DOS TRABALHADORES:

No Rio Grande do Sul, uma característica encontrada em diversas empresas do setor, boa parte situada em municípios pequenos e médios, é empregar pessoas de toda a região ao redor. Segundo o presidente da Federação dos Trabalhadores na Alimentação do RS, Paulo Madeira, em declaração à BBC Brasil, cerca de metade da força de trabalho dos frigoríficos no estado se desloca de uma cidade para outra. “Muitos estão levando a doença para suas pequenas cidades”, afirmou Priscila Schvarcz, do Ministério Público do Trabalho, também à BBC Brasil.

A procuradora deu o exemplo de Ibirapuitã, onde moram pessoas que são empregadas pela unidade da JBS de Passo Fundo. Com aproximadamente 5 mil habitantes e 15 casos confirmados de covid-19, Ibirapuitã tem uma das maiores taxas de infecção do estado.

3- RESPOSTA DEMORADA DAS EMPRESAS PARA AGIR:

No fim de março, o Ministério Público do Trabalho gaúcho divulgou recomendações às empresas que incluíam distância mínima de 1,8 metro entre empregados, reorganização dos transportes fretados dos funcionários a fim de evitar aglomerações e monitoramento da gerência para detectar casos e isolar pessoas com suspeita de infecção. Diversas empresas teriam resistido a se enquadrar nas diretrizes. A prefeitura de Passo Fundo afirmou que a JBS desrespeitou “regras sanitárias e epidemiológicas, o que pode colocar em risco a saúde de toda a população”. Entre os problemas, estava a falta de monitoramento de casos e suspeitas por parte da empresa.

A JBS teria optado por esconder informações sobre os primeiros casos, de acordo com Paulo Madeira, da Federação dos Trabalhadores na Alimentação do Estado, à BBC. Em notas enviadas à imprensa, as empresas BRF e JBS afirmaram terem tomado medidas que estavam em acordo com especialistas e órgãos de saúde. A JBS negou que houvesse 62 casos em suas instalações e disse que havia 47 infecções confirmadas.

Um setor sob investigação

De acordo com a Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul, em boletim epidemiológico divulgado em 5 de maio, foram detectados surtos de covid-19 em pelo menos 12 frigoríficos do estado. No total, são 250 casos confirmados em funcionários do setor e aproximadamente 20 mil trabalhadores expostos.

As ocorrências nos frigoríficos levaram ao aumento da contaminação pelo vírus nas cidades onde eles se localizam. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, das cinco cidades com mais casos do novo coronavírus no estado, três têm frigoríficos


Comentários

  1. O constante ruído do maquinário de refrigeração, faz com que as pessoas tenham de gritar para serem ouvidas, favorecendo o espalhamento de saliva no ar, uma das formas de disseminação do vírus.

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