CIENTISTAS JÁ CONHECEM AS ÁRVORES RESISTENTES AO INCÊNDIOS FLORESTAIS.

Os cientistas espanhóis Bernabé e José Moya não podiam acreditar no que estavam vendo quando se depararam com ciprestes de pé e intactos após um incêndio que devastou 20 mil hectares de floresta.
Quando o fogo destruiu uma plantação experimental em Andilla, na província de Valência, em 2012, os pesquisadores se propuseram a desvendar o "mistério" dos ciprestes.
"Quando nós vimos aquela cena dantesca do verão trágico de 2012, uma grande tristeza tomou conta de nós. 
Assim que chegamos, percebemos que toda a vegetação ao redor, formada por carvalhos e vários tipos de pinheiros, estava completamente queimada. Mas apenas 1,27% dos ciprestes mediterrâneos havia queimado", disse.
E agora, após três anos de pesquisa na Espanha e na Itália, Bernabé e José Moya estão entre os autores de um novo estudo que finalmente desvenda o mistério dos ciprestes que sobrevivem aos incêndios.


O novo estudo demonstra a resistência do cipreste-mediterrânico (Cupressus sempervirens) ao fogo e sugere o uso potencial dele como barreira para os incêndios devastadores que afetam a região mediterrânea.
Mais de 269 mil incêndios, a maioria causados por ação humana, foram reportados entre 2006 e 2010 na região, resultando em mais de dois milhões de hectares de florestas destruídas.
A pesquisa internacional é a primeira a utilizar testes de laboratório e uma variedade de técnicas não só com a vegetação morta ou seca, mas também com folhas verdes e galhos finos.
Os testes em folhas e ramos de ciprestes vivos revelaram um elemento-chave: seu alto teor de umidade (que variou de 84% a 96%) durante o período de verão, o que faz com que eles resistam mais a uma queimada.
"O fato de essas plantas terem mais água faz com que elas apresentem uma resistência maior às chamas", explicou Bernabé Moya.
O cientista constatou também que o "tempo de queimada das partes vivas do cipreste mediterrâneo foi entre 1,5 e 7 vezes superior nos testes de laboratório em comparação com outras espécies de florestas mediterrâneas, como carvalho, zimbro e pinheiro".
Além disso, por causa das dimensões reduzidas, as folhas de cipreste caídas no chão são muito compactas. A circulação de ar em seu interior é menor que em outras espécies.
E essa camada densa e compacta de folhas caídas também atua como "uma esponja que retém a umidade", segundo Della Rocca.
O cipreste-mediterrânico poderia ajudar a combater incêndios em outras partes do mundo, como na Patagônia, no Chile e na Argentina, ou na Califórnia?

De acordo com Bernabé Moya, a espécie "tem uma grande plasticidade".
"O cipreste pode viver em todo tipo de solo, exceto os mais encharcados, ou solos pobres e degradados. Ele cresce desde o nível do mar até mais de 2 mil metros de altura."
Moya lembra que a espécie foi introduzida há séculos na América Latina, onde conseguiu se adaptar em muitas regiões.
"É uma espécie que não tem dificuldades para crescer em zonas de clima mediterrâneo ou temperado, como na Califórnia, no Chile ou na Argentina."
O estudo europeu conclui que plantações com tipos selecionados de ciprestes poderiam ser uma ferramenta nova e uma alternativa para combater o risco de incêndios florestais em locais de maior risco, como as áreas de contato entre florestas e zonas agrícolas ou zonas habitadas, onde acontecem incêndios com uma frequência maior.
Para o botânico espanhol, "a vulnerabilidade da vegetação diante dos incêndios está relacionada com a falta de informação da população, da falta de apoio e do abandono do mundo rural, uma situação que tende a se agravar com as mudanças climáticas".
Segundo Moya, a desertificação, os incêndios florestais, a perda da biodiversidade e o abandono do meio rural são questões que podem ser abordadas com o plantio e o cuidado das florestas. "É urgente que a humanidade comece a levar a sério esses problemas."
"A luta contra os incêndios é um esforço de todos. Devemos isso às florestas e às gerações futuras."

Comentários

  1. Os testes em folhas e ramos de ciprestes vivos revelaram um elemento-chave: seu alto teor de umidade (que variou de 84% a 96%) durante o período de verão, o que faz com que eles resistam mais a uma queimada.
    "O fato de essas plantas terem mais água faz com que elas apresentem uma resistência maior às chamas",

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