COM A MORTE DA VEGETAÇÃO PELOS INCÊNDIOS NO PANTANAL, NINHOS DE ARARAS-AZUIS FILHOTES SÃO QUEIMADOS.

Na região, 94% dos ninhos naturais desta ave são instalados em cavidades existentes do tronco do manduvi (Sterculia apetala), árvore que pode alcançar 35 metros de altura. As araras azuis não conseguem abrir sozinhas as cavidades, então elas dependem de árvores de grande porte e velhas para se reproduzirem — por isso o projeto trabalha com ninhos artificiais.

Quando consome o manduvi, o fogo restringe os locais onde as araras podem colocar seus ovos. Elas passam ainda a disputar o espaço remanescente com outras espécies - as abelhas também buscam as cavidades para construírem suas colmeias.

A morte vegetação do entorno reduz ainda a oferta de alimentos para as aves, que costumam comer as castanhas de acuri e bocaiúva, duas espécies típicas do Cerrado.



Os incêndios florestais no Pantanal consumiram parte de outro local importante para as araras — a fazenda Caiman, em Miranda, no Mato Grosso do Sul.

As chamas queimam, inclusive alguns ninhos com filhotes, os pesquisadores chegaram a ver as araras comendo frutos queimados.

Diante da restrição alimentar, outras espécies passaram a caçar as aves, como jaguatiricas, iraras, cachorros do mato e algumas corujas. O mais comum é que os ovos, e não os animais adultos, sejam atacados — por tucanos, gralhas, gambás, gaviões.

"A gente nunca viu tanta arara adulta ser predada", diz ela.

Passado um certo período, algumas aves começaram a apresentar uma lesão na cloaca, uma ferida — o que a bióloga acredita ter sido resultado do estresse pelo qual os animais haviam passado.

De Campo Grande, onde vive, Guedes está em contato direto com as equipes locais que atuam nas fazendas do Pantanal e, agora, com as brigadas que tentam controlar o fogo na fazenda.

E acompanha apreensiva os mapas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que monitoram com imagens de satélite a evolução das queimadas.

Desde que começou a monitorar a região da fazenda, 15 anos atrás, ela viu o número de indivíduos da espécie no local saltar de 234 a 708, tendo chegado a mais de mil no período entre 2013 e 2015. Desde 2010, foram observados nascimentos de 60 filhotes na propriedade.

Apesar de ter saído da lista de animais em extinção, a arara azul continua sendo considerada uma espécie vulnerável pela União Internacional para Conservação da Natureza.

A degradação do habitat e o comércio ilegal das araras estão hoje entre os principais risco para as populações.

Cursos Online.

A espécie — a maior arara do mundo — é um dos símbolos do Pantanal, e não por acaso. A região concentra a maior população remanescente, cerca de 5 mil das 6,5 mil que ainda existem livres na natureza em território brasileiro.


Comentários

  1. As chamas, queimam, inclusive alguns ninhos com filhotes, os pesquisadores chegaram a ver as araras comendo frutos queimados.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Nossa intenção é proporcionar aos leitores, uma experiência atualizada sobre os fatos globais que possam ser discutidos
e possam provocar reflexões sobre o modelo de sustentabilidade
que desejamos adotar para garantir agora e no futuro a qualidade
de vida para todas as espécies da Terra.