Pesquisa da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária em 1.868 municípios aponta que quanto maior o acesso da cidade ao saneamento, menor a incidência de internações por diarreia, infecções intestinais e outras doenças. Onde há bons indicadores de saneamento, há menos doenças.
A situação afeta a rotina de postos de saúde, boa parte da população ainda retira água de poços precários. Os agentes de saúde orientam sobre o consumo de água segura e o uso de hipoclorito de sódio para a desinfecção da água.
Ainda aparecem muitos casos de diarreia e verminoses. Entre elas, uma das mais frequentes é a giardíase, infecção no intestino delgado que ocorre quando a pessoa ingere cistos de um protozoário em alimentos contaminados por fezes e água sem tratamento.
“Minha filha começou a passar mal e a ter dor de barriga. Também emagreceu muito. Foi aí que no exame deu que era princípio de ‘barriga d’água’”, relata a dona de casa Samara Santos, 29, que vive com a filha de 13 anos no bairro Terra Firme, em Belém.
A “barriga d’água” é a esquistossomose, doença transmitida por caramujos que liberam larvas na água, comum em áreas com baixo saneamento e incidência de enchentes.
Para Monteiro, da Fiocruz, é preciso fazer um alerta: se hoje doenças relacionadas ao saneamento inadequado já geram impacto, há risco da situação se agravar.
“Não vemos nada sendo feito que transforme as condições ambientais e urbanas no saneamento e, com isso, faça ter redução de agravos e internações”, afirma.
“Vemos o oposto: a vulnerabilidade social está maior, com aumento do desemprego. É um quadro preocupante que pode se agravar com a introdução de novas doenças transmitidas por insetos.”
Ele cita como exemplo a febre do oropouche, que já circula no Brasil, mas ainda está restrita a algumas regiões.
Foi o mesmo que ocorreu nos últimos anos com chikungunya e zika, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti.
A ausência de saneamento gera ainda impactos indiretos à saúde. Entre eles, Giatti, da USP, cita a desnutrição e a maior suscetibilidade a outras doenças.
Outro exemplo é a chamada enteropatia ambiental, que surge quando pessoas que vivem em ambientes causadores de sucessivas infecções do trato digestivo têm mudanças fisiológicas que afetam a absorção de nutrientes.
Muitos desconhecem a enteropatia ambiental, uma anomalia que surge quando pessoas que vivem em ambientes causadores de sucessivas infecções do trato digestivo têm mudanças fisiológicas que afetam a absorção de nutrientes.
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