FALTA ESPAÇO PARA RECUPERAR ANIMAIS VÍTIMAS DO FOGO E DOS ATROPELAMENTOS EM JUNDIAÍ (SP.).

 Duas jaguatiricas são vítimas das agressões humanas ( direta ou indiretamente), vivida por muitos animais silvestres nas cercanias de estradas e condomínios paulistas. 

Vítimas de atropelamento,  perderam para sempre o direito à liberdade. Resta-lhes o confinamento, restrito a uma área de 7,25 m por 3,10 m.

A dez passos dali, cerca de 20 animais silvestres se dividem entre gaiolas e caixas de transporte: maritacas com asas cortadas por linha de pipa; saguis queimados por contato com fiação elétrica; um carcará com patas quebradas e uma coruja com asas fraturadas em choques com veículos; filhotes de gambá órfãos da mãe morta a marretadas.



Menos fortuitos do que poderiam parecer à primeira vista, os acidentes e os atos de crueldade que condenam esses animais à morte ou à dependência de abrigo são o reflexo do descaso com a preservação da fauna brasileira.

Estamos a 50 km de São Paulo, em Jundiaí, na sede da Associação Mata Ciliar, instituição que, nascida para salvar o verde, se viu às voltas com o destino dos moradores nativos das matas, que vêm sendo expulsos de seu habitat. Aqui funciona um centro de acolhimento, tratamento e reabilitação de animais silvestres.

Devido à alta demanda, a tratadora Alexia Motos, 20, corre para dar um reforço na clínica. Carrega um ouriço que sofreu graves queimaduras nas patas dianteiras, na pata esquerda traseira e na cauda.

Em 34 anos de existência, a entidade nunca recebeu tantas vítimas como agora. Em média, 25 animais de todo o país vão parar ali diariamente —número recorde—, o dobro do que a entidade recebia no mesmo período de 2019.

De cada 10 que chegam, morrem 3 durante os primeiros atendimentos e sobrevivem 7, dos quais 4 ficarão em cativeiro pelo resto da vida. Apenas 3 voltarão à natureza.

Aqueles animais que, no passado, eram resgatados em áreas rurais com ferimentos, agora se encontram encurralados por condomínios, parques industriais e rodovias. Os que ainda sobrevivem são engolidos pelo fogo das queimadas, alvejados por tiros de caçadores e capturados para serem comercializados como animais de estimação. 

Hoje, 1.100 animais de 200 espécies vivem em suas três unidades. Para alimentá-los, são necessárias mensalmente três toneladas de carne e duas de frutas e verduras, além de cinco quilos de leite em pó.

A reabilitação estimula o animal a ter o comportamento natural da espécie. Depois de recuperados, o pássaro reaprende a voar, o felino volta a caçar”, explica o biólogo Rodrigo Falcão Ventura, 25.

Os que tiverem condições de retornar à vida livre precisarão aprender ainda a evitar áreas urbanas. Neste momento em que o país pega fogo, muitos daqueles que fogem dos incêndios morrem ou sofrem lesões em colisões com os automóveis.

A Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente informa que o governo paulista exige das operadoras das rodovias a implantação de medidas de mitigação do atropelamento, como passagens de fauna associadas a cercas direcionadoras, que ocupam 200 km.

Atropelado, por pouco o lobo-guará Tambaú não teve a pata traseira amputada na segunda das quatro cirurgias a que se submeteu para a implantação de pinos. Agora, ele já está pronto para correr entre a mata, mas ainda lhe falta ambiente de soltura.

 Ipês-verdes, lobeiras e paus-viola, entre outras, que poderão, amanhã, enriquecer as florestas e devolver a Tambaú e a outros animais nativos o seu lugar.



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  1. Dezenas de animais silvestres se dividem entre gaiolas e caixas de transporte: maritacas com asas cortadas por linha de pipa; saguis queimados por contato com fiação elétrica; um carcará com patas quebradas e uma coruja com asas fraturadas em choques com veículos; filhotes de gambá órfãos da mãe morta a marretadas.

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