NOS AFLUENTES DO RIO AMAZONAS FORAM DESCOBERTAS ESPÉCIES DE PEIXES DESCONHECIDAS DA ICTIOLOGIA.

 A mais recente espécie de peixe foi identificada em 2019, em Calha Norte-região paraense: é o Curimatopsis melanura, que mede cerca de 38 mm e tem uma cauda escura, que o diferencia das outras espécies do gênero. Os curimatídeos se alimentam de algas que vivem no lodo, promovendo um serviço ecossistêmico formidável de limpeza da água.

No maior esforço já feito para conhecer os peixes da Calha Norte, foram analisadas 13.853 amostras de animais, coletadas em afluentes do Rio Amazonas de cinco unidades de conservação (UCs): as florestas estaduais de Faro, Trombetas e Paru, a Estação Ecológica do Grão-Pará e a Reserva Biológica de Maicuru.

A partir das análises, foi possível identificar 286 espécies de peixe, conforme artigo publicado na Revista Acta Amazônica. Um trabalho que exigiu tempo – e segue inconcluso. Segundo Montag, cerca de 20% do material permanece sem identificação: “É uma região sobre a qual não se tem trabalhos, então tínhamos muitas dúvidas taxonômicas. Ainda temos.”

A maior diversidade de peixes, 124 espécies, foi encontrada na Floresta Nacional de Faro, a mais próxima do Rio Amazonas. O turismo de base comunitária atrai turistas do Brasil e do mundo – principalmente pela pesca esportiva do tucunaré – e ajuda no sustento das cerca de 30 famílias locais, que têm no peixe a base da alimentação. “Viver ali é sinônimo de fartura. Mas se a UC não tivesse sido criada e a pesca predatória não fosse freada, talvez a gente estivesse passando fome”, diz Joerison Fulter Nunes, representante da Associação de Moradores da Flona de Faro.

A descoberta dos pesquisadores é mais um passo na tentativa de desvendar a biodiversidade da Calha Norte, uma área maior que o Reino Unido que tem 80% do território formado por UCs, terras indígenas e territórios quilombolas – o que faz dela o maior bloco de florestas protegidas do mundo.

A região faz parte do Escudo das Guianas, um importante centro de endemismo: 40% das espécies que vivem ali não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo. “Na Calha Norte existem serras, platôs, áreas de florestas mais altas ou mais baixas, além de savanas naturais, a região é grande e remota; o custo das expedições é muito alto. Cada um desses ambientes apresenta espécies diferentes”, afirma Jakeline Pereira, pesquisadora do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).

Em Calha Norte foi encontrado um novo tipo de poraquê, pondo fim à convicção de que existia apenas uma espécie deste peixe elétrico. Outra expedição, em agosto do ano passado,  descobriu a árvore mais alta da Amazônia dentro da Floresta Estadual do Paru: 88,5 metros de altura.



A dificuldade de acesso à região, por outro lado, também favorece a entrada de criminosos: em 2018, fiscais ambientais identificaram uma grande fazenda no Paru, com mil cabeças de gado. 

As atividades predatórias estão em todos os lugares. Na Calha Norte, há registros atividades ilegais como caça, garimpo e desmatamento”, diz Socorro Almeida, diretora de gestão e monitoramento do Ideflor-bio, órgão do Pará responsável pelas UCs.

Outra preocupação é que a Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), que engloba parte da Calha Norte, seja aberta para mineração. Rica em cobre, ouro, titânio, tântalo e tungstênio, a Renca já é alvo dos garimpeiros, como denunciou o Greenpeace.

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  1. A mais recente espécie de peixe foi identificada em 2019, em Calha Norte-região paraense: é o Curimatopsis melanura, que mede cerca de 38 mm e tem uma cauda escura, os curimatídeos se alimentam de algas que vivem no lodo, promovendo um serviço ecossistêmico formidável de limpeza da água.

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