ALTA TECNOLOGIA NA FORMULAÇÂO E PRODUÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS ALCANÇA ESCALA COMERCIAL.

Depois do etanol e do biodiesel, considerados biocombustíveis da primeira geração, a onda global de redução de emissões de gases e poluentes está alavancando novos tipos de produtos no setor. É o caso deinovações como etanol celulósico e biodiesel verde. São fontes energéticas ambientalmente mais corretas que, dia a dia, ganham mais espaço e escala comercial.

Esses novos tipos de biocombustível, os chamados de segunda geração, estão inseridos no moderno conceito de economia circular, que prevê reutilização, recuperação e reciclagem de materiais gerados pela indústria de transformação. No caso do etanol, por exemplo, as sobras da produção são o bagaço, que hoje já é usado também para gerar energia elétrica e biogás, e a palha, outrora totalmente abandonada no campo.

                                          


Foi de pesquisas com essa biomassa descartada que surgiu o etanol de segunda geração (E2G). As usinas produzem o novo combustível por meio de um processo chamado hidrólise, que liquefaz as fibras do vegetal usando ácidos ou enzimas. Com isso, é possível obter até 50% mais etanol com a mesma quantidade de cana processada.

Resultados que ratificam a tradição brasileira de pesquisa e inovação no setor. Por causa de todo o avanço de estudos com o etanol há décadas, o Brasil tem hoje 71,4% da frota de carros flex. Sendo que a mistura de biodiesel puro ao óleo diesel (atualmente em 13%) é obrigatória no País desde 2008.

Gradin, presidente da empresa de biotecnologia GranBio, destaca o tremendo potencial produtivo do setor. “Dos 650 milhões de toneladas de cana colhidas todos os anos, entre 10% e 15% são palha. Se usarmos só metade dessa palha que apodrece no campo (e solta gás metano), podemos transformar em 20 milhões de toneladas de E2G, o que dá 25 bilhões de litros”, calcula. A capacidade atual da unidade da GranBio em São Miguel dos Campos (AL) é de 30 milhões de litros por ano e a empresa atingiu no ano passado 8 milhões de litros produzidos.

Desde 2019, O Boticário fechou contrato com a Raízen, que produz o E2G em Piracicaba, para utilizar o produto em substituição ao álcool anidro na fabricação de uma linha de cosméticos, que possui até um selo especial. “Além do uso para aplicações industriais e como carburante para transporte, o etanol celulósico pode ser utilizado para a produção de bioquímicos, bioplásticos e hidrogênio verde”, elenca Raphaella Gomes, diretora de Transição Energética da Raízen.

O setor do biodiesel também vive o início de sua segunda geração. Começa a ganhar escala a produção tanto do Diesel Verde (HVO) como do querosene de aviação renovável (SPK), feita a partir de resíduos de gordura animal e óleos de cozinha usados, além dos óleos vegetais. “Agora é a hora do HVO. Ele já é o terceiro biocombustível produzido no Brasil, atrás apenas do etanol e do biodiesel de primeira geração. Estamos preparados para o aumento da demanda”, afirma Erasmo Carlos Battistella, presidente e CEO da empresa de biotecnologia BSBios.

Apesar de utilizar a mesma matéria-prima que o biodiesel, que são os óleos vegetais, o HVO é produzido após passar por um processo químico de hidrotratamento (hidrogênio de alta pressão). Após a reação, é obtido um líquido bastante similar ao diesel fóssil, porém bem menos poluente.

Os biocombustíveis não devem ser considerados como substitutos dos combustíveis fósseis, mas como complementares na matriz energética. “Não há concorrência. Todas as grandes companhias petrolíferas consideram o biodiesel um amigo. Afinal, ele dá sobrevida ao combustível fóssil.

No caso do querosene parafínico sintetizado (SPK), também obtido por meio de hidrotratamento de óleos vegetais, a expectativa é de uma demanda crescente a partir de 2027. Nesse ano começará a fase obrigatória do regime de compensação e redução das emissões de carbono no setor de aviação, acelerando a mistura de SPK ao tradicional querosene de aviação (QAV). “Será a virada de chave”, aposta Battistella.

Para atender a essas futuras demandas e outras envolvendo os mercados de nafta verde (para a indústria petroquímica) e de GLP verde, o ECB Group está liderando o Omega Green, um projeto de US$ 800 milhões para uma biorrefinaria no Paraguai, que entrará em operação em 2024.

Comentários

  1. É o caso de inovações como etanol celulósico e biodiesel verde. São fontes energéticas ambientalmente mais corretas que, dia a dia, ganham mais espaço e escala comercial.

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