OS COALAS QUE RESISTIRAM AOS INCÊNDIOS FLORESTAIS GANHARAM UM HOSPITAL E UM CATIVEIRO PARA REPRODUZIREM E REPOVOAR A AUSTRÁLIA.

Enquanto os incêndios escureciam o cerrado da Austrália, o hospital coala havia feito campanha para arrecadar 25.000 dólares australianos ($ 19.250) para ajudar na reabilitação dos animais. Os doadores enviaram quase oito milhões de dólares australianos (US $ 6,1 milhões), excedendo em muito o dinheiro necessário para cuidar do punhado de coalas na clínica. Ansioso para ajudar as espécies vulneráveis ​​a se recuperar, o hospital lançou recentemente o primeiro programa mundial de reprodução e soltura de coalas selvagens, para repovoar as florestas devastadas da Austrália. 

Mesmo antes dos incêndios, os marsupiais enfrentaram uma longa lista de ameaças, incluindo doenças, consanguinidade e pressões da urbanização. Ainda assim, a reprodução selvagem apresenta sérios desafios. Nos próximos anos, a equipe do hospital precisará responder a muitas perguntas sobre as perspectivas do coala - uma das quais é onde colocá-los.

                           

Tudo teve início em novembro de 2019, Lewis , o coala, instantaneamente se tornou um símbolo da trágica situação que sua espécie enfrenta na Austrália. Os residentes locais o encontraram mancando ao longo da calçada quente perto de Port Macquarie, desesperado para escapar das chamas do incêndio florestal de Long Flat que estava alinhando a estrada e transformando sua casa na floresta em cinzas.

Durante os incêndios de 2019-2020, mais de oito milhões de acres de floresta de eucalipto foram destruídos em New South Wales - pelo menos um quarto do habitat de coala de qualidade do estado.  Os coalas provavelmente se saíram pior nos incêndios do que qualquer outra espécie icônica da Austrália. Os cangurus podem fugir; wombats podem cavar. Mas os coalas estão no dossel. “Essa é uma receita para o desastre”, diz Mark Krockenberger, patologista veterinário da Universidade de Sydney.

O repovoamento natural é lento porque uma coala fêmea terá apenas um bebê (referido, como outros marsupiais infantis, como joey) a cada ano, e se o ambiente circundante estiver muito quente ou muito seco, os animais muitas vezes não se reproduzem . Os coalas também foram atingidos de forma especialmente dura pela clamídia, uma doença sexualmente transmissível que ataca o sistema reprodutor dos animais. “Em algumas populações, a infertilidade é muito alta”, diz Krockenberger. Até 70% dos coalas podem estar infectados e 90% desses animais são inférteis.

PARÊNTESES: (Clamídia é a doença sexualmente transmissível (DST) de maior prevalência no mundo. Ela é causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, que pode infectar homens e mulheres e ser transmitida da mãe para o feto na passagem pelo canal do parto).

Cientistas como Stephen Johnston, zoólogo da Universidade de Queensland, acreditam que podem melhorar a produtividade em cativeiro. Ele descobriu que os coalas machos selvagens têm sêmen de qualidade inferior do que os indivíduos em cativeiro por causa dos estressores ambientais. Uma vez que esses estressores são removidos, "o sêmen daqueles em cativeiro é [três vezes] melhor." Os coalas se reproduzem bem em cativeiro em comparação com outras espécies ameaçadas, também, mas sem a infusão de genes selvagens, os coalas em cativeiro têm níveis mais baixos de diversidade genética. 

O Hospital Port Macquarie Koala espera manter até 60 coalas no local para eventual liberação de volta às áreas costeiras. 

Outros avanços tecnológicos também podem ajudar, como conseguimos uma nova sequência tridimensional de "comprimento cromossômico" do genoma do coala. Pode ajudar a criar um mapa da diversidade genética entre as populações e a suscetibilidade a doenças.Depois de um incêndio florestal, é fundamental ver como o fluxo gênico foi interrompido.