COMPLEXIDADE DE ILHAS ARTIFICIAIS DESCOBERTAS NA AMAZÔNIA É COMPARADA À DAS PIRÂMIDES.

Já foram descobertas 22 ilhas artificiais na região no Alto e Médio Solimões. Número que pode ser ainda muito maior, diante do tamanho da Amazônia. 

Uma descoberta arqueológica revela o quanto a Amazônia ainda é desconhecida e pouco pesquisada. E o quanto precisa ser preservada para que se conheça todo o seu potencial. Que vai muito além de abrigar a mais rica biodiversidade do planeta, .pesquisadores estão desvendando construções comparáveis às pirâmides no Egito, quando citamos as ilhas artificiais da Amazônia.

                                         


As ilhas artificiais são parte de um total de 250 sítios arqueológicos registrados em um quadrilátero de 180 mil quilômetros. Desses, 65 mil quilômetros estão associados à distribuição das ilhas. Elas são morros construídos por indígenas em várzeas para servirem como aldeias. Foram erguidas para que as populações pudessem ficar abrigadas na época das cheias. Um período que, segundo a dinâmica de área de várzea, costuma ficar inundado ao menos seis meses durante o ano.

Cada uma tem entre seis e sete metros de altura acima do nível da várzea. A extensão varia de um a três hectares. As ilhas artificiais são conhecidas pelos ribeirinhos como “aterrados”, que também as identificam como “construção de índio”.

Uma das maiores ilhas artificiais tem largura de cerca de 220 metros na base e no topo mede 45 metros.” Isso foi calculado para uma melhor distribuição do peso da terra, afirma Amaral, a fim de que as ilhas se sustentassem. O próprio volume de terra movimentado já mostra a necessidade de muitas pessoas atuando. E que era preciso muita organização para que fossem erguidas. “Construir estruturas com essas dimensões, com milhares de toneladas de terra, e sem maquinário, é realmente surpreendente.”Próximo a um aterrado sempre existe uma depressão, com dimensões em torno de 25 por 50 metros. 

São conhecidas pelos ribeirinhos como “cavados”. Era desses locais que os indígenas extraíam terra para a construção. “Ainda hoje tem muita gente que mora nos aterrados”, diz Amaral. “Foi uma resposta complexa das antigas civilizações para sobreviver na época das cheias. E que não envolve apenas o método construtivo.” A construção, por si só, já indica a necessidade de cálculos avançados de engenharia, assegura.

Além disso, as ilhas artificiais foram posicionadas em locais estratégicos. Geralmente, próximos a muitos recursos necessários à sobrevivência, como a oferta de proteína animal. “Elas foram construídas ao lado de bocas de paranás e lagos. Locais com fauna rica e diversificada, com muitos peixes, quelônios e jacarés.” O conhecimento dos ribeirinhos também indica, segundo Amaral, a existência de currais de quelônios nessas áreas. O arqueólogo ressalta ainda que a vegetação típica das ilhas artificiais é bem diferente da encontrada nas várzeas.

A cultura de plantação era diversificada, mostrando conhecimento botânico e um tratamento de engenharia genética na escolha dos alimentos  cultivados. As mulheres, responsáveis pelas plantações, sabiam escolher quais alimentos cultivar, do açaí ao abacaxi, mais doce, a mandioca, com maior valor energético, até as ervas e plantas medicinais. Elas conseguiram transformar e multiplicar a variedade genética. Esses povos modificaram a paisagem, manejaram os recursos e desenvolveram estratégias de sobrevivência de acordo com o ambiente em que viviam. Esse foi um legado que deixaram para toda a Amazônia, que precisa ser resgatado.”

Entre os milhares de insumos e vestígios desse conhecimento, está ainda o denominado “pão de índio”. É um material orgânico, que indica técnica tradicional de armazenamento de alimentos de origem vegetal. Existem ainda muitos ossos de peixes e mamíferos, que comprovam a diversificação da alimentação à base de proteína animal nas ilhas artificiais. E dezenas de fragmentos de cerâmicas, além de sementes carbonizadas, entre outros vestígios. Das cerâmicas, foram encontrados fragmentos da Hachurada Zonada. Estilo que, acredita-se, tenha surgido por volta do ano mil antes de Cristo.

Há registros dos omáguas morando em ilhas que datam do século 16, no mínimo. Por isso, essas ilhas podem ser historicamente associadas a eles. Mas, com base nessa data relativa, acreditamos que essas construções possam ser ainda mais antigas. Que essa data possa recuar bastante.” Esses estudos, diz Amaral, foram iniciados em 2015. “Antes, algumas ilhas artificiais já tinham sido registradas na região, mas as investigações começaram nessa data, em abril.

A ideia ainda é investir para resgatar as informações passadas oralmente de geração para geração, típica das civilizações antigas. Foi dessa forma que os pesquisadores chegaram às ilhas artificiais. “A arqueologia precisa se voltar para quem mora nessas áreas porque essas pessoas são as conhecedoras. E têm uma tradição oral que a gente consegue rastrear até há quatro, cinco gerações.

Comentários

  1. As ilhas artificiais são parte de um total de 250 sítios arqueológicos registrados em um quadrilátero de 180 mil quilômetros. Desses, 65 mil quilômetros estão associados à distribuição das ilhas. Elas são morros construídos por indígenas em várzeas para servirem como aldeias.

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  2. O povo indígena é por natureza, o proprietário da Amazonia .
    Ninguém conhece tanto desse Estado quanto os índios, a sabedoria e a cultura é a prova de que a tecnologia nem sempre é tão eficaz quanto ao manuseio com as terras da floresta da Amazônia, que os indígenas com as mãos habilidosas, transformam grandes espaços em núcleos de civilizações, com uma engenharia e metragens tão precisas, que no mundo moderno, só com ferramentas é logística muito sofisticada, para realizar tais trabalhos.

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