CONSEQUÊNCIAS DA FLORESTA AMAZÔNICA ENFUMAÇADA E DESBOTADA.

 O desmatamento rouba as cores da Amazônia. Cientistas brasileiros e britânicos descobriram que, nas áreas devastadas da floresta, borboletas e mariposas estão menos coloridas.

Espécies de asas iridescentes, vermelhas, alaranjadas e turquezas desaparecem e, na terra arrasada por queimadas, correntões e motoserras, predominam as borboletas pardas que se assemelham ao tom das matas derrubadas.

                                            

As mudanças nas cores dos lepidópteros _ classificação que abrange as borboletas e mariposasentre os insetos _ é um dos indicadores da mudança ambiental mais icônicos do século XXI, símbolo da poluição levada ao extremo desde a Revolução Industrial. Desde as primeiras fábricas com suas chaminés, de outrora, vimos que os insetos de asas claras que ficaram escuras por causa da fuligem das fumaças, levavam vantagem ao se camuflarem para escapar de seus predadores ( em geral, aves insetívoras). E este foi o exemplo clássico da teoria da Evolução de Darwin para explicar a tal adaptabilidade das espécies.

Dois séculos após, em um momento que presenciamos no mundo o sofrimento humano com as mudanças climáticas ( desastres de eventos climáticos) causadas pelas queimadas e pelo uso indiscriminado de combustíveis fósseis, as borboletas voltam a alertar para um grande desequilíbrio ambiental com repercussões global: a destruição da maior floresta tropical da Terra.

Demonstramos pela primeira vez que a Amazônia está ficando cada vez menos colorida e perdendo os mais vistosos de seus habitantes devido ao desmatamento. Segundo o Biólogo Spaniol, o principal autor do estudo "Discolouring the Amazon Rainforest" sobre como o desmatamento afeta a coloração das borboletas amazônicas.

O desmatamento apaga a história evolutiva das espécies, no caso específico das borboletas, as áreas desmatadas abertas limitam a presença das borboletas coloridas que ali não querem mais ficar porque não existem milhares de variedades de plantas das quais esses insetos precisam para viver ou se proteger de predadores, haja visto que, as lagartas são predadas enquanto se alimentam de folhas, antes de ficarem imóveis em casulos presos ao tronco de árvores para completarem sua metamorfose e originar novas borboletas adultas. Morrem lagartas e borboletas, pois a copa das árvores estão arruinadas.

Somem as espécies do gênero Morpho, de gigantes asas azuis que habitam a copa mais alta da floresta ( dossel ), também já não há mais chance para as borboletas asas-de-vidro, que passam a vida em meio as folhas secas da serrapilheira. Outras vítimas são as amazônicas do gênero Prepona, avistá-las é quase um milagre, são belas vermelhas , negras e azuis sobre um corpo laranja.

Nas áreas desmatadas predominam as marrons ou pardas, as espécies desses tons são como as guerreiras sobreviventes que conseguem disfarçar o meio desolador que toma conta da mata toda no chão da floresta.

Para os Biólogos, existe chance de trazer de volta não somente as borboletas, aves e toda biodiversidade da maior floresta tropical do mundo, e resgatar um patrimônio praticamente destruído. 

Para que isso seja possível é preciso investir em restauração e regeneração da Amazônia.