HÁ FOME NÃO POR ESCASSEZ DE ALIMENTOS MAS PORQUE MUITOS CARECEM DO PODER (EM GERAL AQUISITIVO) PARA ACESSÁ-LOS.

Na última década, a produção de alimentos geralmente superou a demanda - há mais alimentos por pessoa do que nunca. Mas, devido às desigualdades globais e regionais, exacerbadas pela recente pandemia, os níveis de fome estão mais altos agora do que em 2010. Em outras palavras, mais alimentos acompanham mais fome. As pessoas são privadas de alimentos não porque são escassos, mas porque não têm o poder de acessá-los.

A agroecologia liberta os agricultores mais pobres do mundo de tais estruturas de controle e muda o equilíbrio de poder no sistema alimentar global para pessoas simples vivendo apenas para sua subsistência , melhorando a vida de bilhões que residem na base da pirâmide socioeconômica.

                                              

Em 1992, uma pesquisa nacional revelou que 55 por cento das crianças do Malawi   ( África) não conseguiram atingir a altura adequada para a sua idade - uma medida chave da desnutrição. O governo tentou desafiar a austeridade imposta por bancos internacionais e doadores subsidiando fertilizantes para os agricultores, mas acabou cedendo às suas exigências para priorizar o pagamento dos empréstimos. 

Foi a iniciativa local- Solos, Alimentos e Comunidades Saudáveis ​​(SFHC) em Ekwendi em 2000. Começando com 30 agricultores, o SFHC agora trabalha com mais de 6.000 pessoas em 200 aldeias para promover agroecologia.

As mulheres de Malawi começaram com uma rodada de experimentos, consorciando amendoins locais e outras leguminosas. Este sistema de dupla leguminosa permitiu aos agricultores colher nozes e feijão para seus filhos e depois cavar o resíduo rico em nitrogênio de volta no solo para aumentar a produção de milho - sem comprar fertilizante. 

As participantes se reuniam regularmente para discutir medidas para melhorar a fertilidade do solo. As agricultoras há muito trocavam sementes e conhecimento para cultivar painço, uma planta tolerante à seca que produz grãos altamente nutritivos que dão um mingau farto e, se você tiver estômago, cerveja azeda. O SFHC formalizou essa tradição de avaliação e compartilhamento de informações.

Os testes iniciais com cultivo de leguminosas (plantas com valor proteico) cresceram de algumas dezenas de famílias para atingir milhares de agricultores, com uma combinação de feijão bóer e amendoim provando ser a mais bem-sucedida na fixação de nitrogênio. À medida que o solo melhorou, alguns agricultores, muitos deles mulheres, se deram bem o suficiente não apenas para alimentar suas famílias, mas também para vender um excedente respeitável no mercado local.

As policulturas são comprovadamente mais abundantes do que as monoculturas. Após a colheita, o resíduo da cultura é reincorporado ao solo para construir fertilidade e estrutura para o bioma do solo.

O que acontece no Malawi e entre as centenas de milhões de agricultores que experimentam novos tipos de agroecologia é importante para o planeta. A agroecologia oferece a capacidade de fazer o que governos, empresas e agências de ajuda não conseguiram fazer: acabar com a fome. 

A agroecologia é mais do que adequada - não apenas porque as safras cultivadas são mais diversificadas, mas porque os arranjos sociais que as cercam são mais conscientes oferecendo subsistência aos pobres que acabam protegendo a biodiversidade do planeta. Seus pesquisadores e profissionais já estão trabalhando arduamente, ensinando e aprendendo uns com os outros.

Sendo assim, os negros podem ensinar aos brancos, os pobres podem ensinar aos ricos”. Os poderosos parecem estar se dobrando em relação à agricultura industrial. “Tanta coisa foi perdida. Mas nunca é tarde para mudar e adotar a nova revolução na produção de alimentos para todos com base na Agroecologia ( alimentos livres de insumos químicos como fertilizantes e pesticidas-com adubos verdes ou orgânicos e manejo adequado do solo e rotação de culturas).

   Recomendo: Fundamentos Y práticas de la AGROECOLOGIA (do autor: Cyro A.Zucarino.