OS RIOS POLUÍDOS DERRAMAM MERCÚRIO NAS ZONAS COSTEIRAS CONTAMINANDO OS CONSUMIDORES DE PEIXES.

A exposição humana ao mercúrio está amplamente ligada à pesca costeira, onde o metal pesado se acumula na vida marinha que comemos. Mas relativamente pouca dessa poluição origina-se ao longo da costa; muito vem de fontes interiores, como incêndios florestais, minas e usinas de energia a carvão. 

Os rios podem transportar até 1.000 toneladas de mercúrio para as costas do mundo todos os anos, relatam pesquisadores na Nature Geoscience . Isso faria dos rios o principal meio pelo qual essa potente neurotoxina chega aos oceanos costeiros, onde mais ameaça a saúde pública.

                                                  

Os cientistas há muito pensam que esse mercúrio viajou principalmente pela atmosfera como vapor ou se ligou a pequenas partículas. Mas as novas descobertas sugerem que os rios são o maior caminho para o mercúrio costeiro.

Biogeoquímicos da Universidade de Yale,  fizeram medições de mercúrio de rios ao redor do mundo com dados e simulações que descrevem como sedimentos e formas biológicas de carbono se movem através dos cursos d'água. “Esses dois elementos [mercúrio e carbono] estão ligados porque o mercúrio costuma estar ligado ao carbono orgânico nos solos e rios”, diz Raymond. O novo modelo dos pesquisadores indica que os rios podem transportar aproximadamente três vezes mais mercúrio para as costas do que a atmosfera - e que metade desse total pode ser rastreada até os 10 maiores rios do planeta.

Susan Egan Keane, especialista em Defesa de Recursos Naturais, estuda os modelos do ciclo do mercúrio - como a substância entra, sai e se move pelo meio ambiente - são “o pão com manteiga” das avaliações de risco de mercúrio. “É assim que se prevê como as mudanças nas emissões ... se traduzem em mudanças previstas na concentração de peixes, que se traduzem em mudanças na exposição aos seres humanos”. Os pesquisadores observam que muitos rios grandes devem liberar mais água e sedimentos para as costas à medida que o clima esquenta, e esse processo pode aumentar o transporte de mercúrio. O degelo do permafrost e a mudança na temperatura do oceano também podem afetar o ciclo do mercúrio , diz Keane.

Entender o papel dos rios é um passo na direção de responder aos perigos do mercúrio em um futuro incerto e prever melhor como nosso planeta reagirá aos esforços globais para reduzir as emissões de mercúrio, livrando os seres humanos de doenças neurológicas graves que lhes possa ocasionar demência permanente.